Teliana Pereira atingiu marcas expressivas e históricas neste ano. Disputou as semifinais do WTA de Bogotá, em fevereiro, e entrou pela primeira vez no Top 100 do ranking mundial. Apesar do saldo positivo de resultados na temporada, a número 1 do Brasil e 87 do mundo sentiu raiva de uma das maiores tenistas do circuito em um episódio que lhe daria muita alegria. Bem próxima de disputar pela primeira vez a chave principal de um Grand Slam, no Aberto da Austrália de 2014, Teliana poderia ter conquistado o feito inédito no US Open, em agosto. Porém, a desistência da russa Maria Sharapova já com o qualifying do torneio americano em andamento atrapalhou os planos da pernambucana.
Teliana chegou ao US Open na condição de número 105 do mundo. Ela precisava da desistência de duas tenistas antes de o Grand Slam começar para entrar direto na chave principal. A campeã de Wimbledon, Marion Bartoli, ajudou quando anunciou a aposentadoria. Faltava mais uma. Porém, passaram-se os dias e ninguém abandonou. A brasileira então teve que tentar a vaga no qualifying, mas caiu logo na primeira rodada do classificatório. Um dia depois da partida, Sharapova revelou a lesão no ombro direito da qual ainda está se recuperando e anunciou que não jogaria em Nova York.
- Se a Sharapova tivesse se retirado um dia antes, eu teria entrado. Que raiva! Falei com o meu irmão (e técnico, Renato): se eu a vejo, acho que daria uma rasteira nela! Eu fiquei muito brava e até decepcionada. Fiquei tanto naquela esperança que no final das contas não consegui nada. Foi tudo horrível - lembrou Teliana, chegando a rir da própria falta de sorte.
| Aberto da Austrália | caiu na primeira rodada do quali |
|---|---|
| Roland Garros | caiu na terceira rodada do quali |
| Wimbledon | caiu na segunda rodada do quali |
| US Open | caiu na primeira rodada do quali |
Em Roland Garros, o cenário foi praticamente o mesmo. Ela perdeu na última rodada do qualifying e foi sorteada como a primeira "lucky-loser" (reserva). Se alguém abandonasse na primeira rodada da chave principal, seria substituída pela brasileira, o que não aconteceu.
- Foram três dias de horror - brincou.
Atualmente, Teliana está em uma situação bem mais confortável para o próximo Grand Slam do calendário. A pernambucana tem maiores chances de garantir vaga direta no Aberto da Austrália de 2014, que começa em janeiro, por estar presente entre as 100 melhores do ranking da WTA. Mas, por enquanto, ela prefere manter os pés no chão.
- Agora não quero saber mais. Quando eu estiver lá dentro (da chave principal), eu comemoro. A gente cria expectativa e às vezes acaba se decepcionando um pouco. Vamos deixar rolar e ver o que vai acontecer.
Se conseguir entrar na elite de um Grand Slam, Teliana vai quebrar um longo jejum para o tênis feminino brasileiro. A última vez que uma tenista do país disputou a chave principal de um dos quatro maiores torneios do circuito profissional foi em 1993, com a paulista Andrea Vieira no US Open.
Temporada de sucesso
Teliana teve o melhor ano da carreira em 2013. Com a campanha até as semifinais do WTA de Bogotá, ela repetiu o que Luciana Corsato fez há 23 anos em torneios de nível WTA. Em 1990, a paulista ficara entre as quatro melhores de um torneio realizado em São Paulo. No fim de julho, a pernambucana entrou pela primeira vez no Top 100. Passou apenas uma semana no escalão até retornar de vez desde 30 de setembro. No dia 7 de outubro, furou o Top 90, onde permanece até o momento. O ranking ilustra a fase da brasileira, que chegou a ter 18 vitórias consecutivas nos últimos meses e que conquistou cinco títulos neste ano, todos de nível ITF: os Challengers de Perigueux, Denain, Mont-de-Marsan, Saint Malo - todos na França - e Sevilha, na Espanha.
- Eu fiquei muito feliz quando consegui meu melhor resultado em torneios WTA. (Em Bogotá), joguei qualifying. O primeiro jogo do quali foi superduro, peguei uma menina mais fraca, mas estava jogando mal e me complicando. Eu senti meu ombro nesse jogo, olhava para meu irmão e eu não sabia se continuava ou se desistia. Eu estava vindo de Cali já. Praticamente joguei no mesmo dia em Bogotá e lá é muito alto e muito difícil de jogar. Tive que me adaptar muito rápido. Ali eu passei o quali e todo jogo acreditando. Foi um baque. Na semifinal não consegui jogar meu melhor, fiquei travada, era na quadra principal e sabia que a partida ia passar na TV. Foi o momento mais especial. O top 100 com certeza era um objetivo colocado desde o começo do ano. Mas depois de Bogotá, eu sabia que ia acontecer. Bogotá me deu aquele clima de que eu ia conseguir - contou a tenista, que, pelo cansaço, caiu na estreia no WTA Brasil, em Florianópolis, uma semana após o torneio colombiano.
Teliana agora descansa para a próxima temporada. A brasileira retorna aos treinamentos já em novembro, de olho nos torneios que disputará na Austrália em dezembro e em janeiro, antes do primeiro Grand Slam de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário