30 de out. de 2013

Torcida do Bangu faz “tatuaço” e mostra confiança na conquista da Copa Rio

Aos 56 anos, o aposentado Roberto Santos tatua o símbolo histórico do Bangu junto da Cruz de Malta do Vasco
Aos 56 anos, o aposentado Roberto Santos tatua o símbolo histórico do Bangu junto da Cruz de Malta do Vasco Foto: Agência O Globo / Stéfano Salles
Stéfano Salles
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Às vésperas da comemoração dos 80 anos da conquista do primeiro Campeonato Estadual do Bangu, em 1933, celebrados no próximo dia 12, um grupo de cerca de 20 torcedores tatuou nesta quarta-feira um importante símbolo da história do Alvirrubro: a logomarca da extinta Companhia Progresso Industrial do Brasil, mais conhecida como Fábrica Bangu. Operários e técnicos ingleses da empresa foram os fundadores do clube, em 1904.
Torcedor mostra camisa com a antiga logomarca que inspirou as tatuagens
Torcedor mostra camisa com a antiga logomarca que inspirou as tatuagens Foto: Stéfano Salles / Extra
Em 1949, a logomarca foi estampada na camisa do clube, que se orgulha em ter sido o primeiro do Brasil a contar com um patrocínio. O estudante Alexandre Martins, de 20 anos, tatuou a logomarca no braço. Para ele, o símbolo representa a união entre duas paixões: o time para o qual torce e o bairro onde mora.
— O banguense é muito bairrista, valoriza muito as coisas daqui, e esse símbolo diz muito sobre a história e a tradição do clube — afirma.
Detalhe da tatuagem
Detalhe da tatuagem Foto: Stéfano Salles / Extra
Dono do estúdio responsável por tatuar gratuitamente todo o grupo, Alexandre Ferreira, de 26 anos, afirma se dividir entre duas paixões: Flamengo e Bangu, e mostrou-se empolgado com a ideia desde o início.
— É uma maneira de valorizar o bairro. Sempre que eu posso, vou aos jogos do Bangu e já faço parte de uma torcida do clube. Estamos muito confiantes na conquista do título da Copa Rio e na vaga para a Série D do Campeonato Brasileiro de 2014 — afirma o tatuador que, em condições normais, cobraria R$ 150 a cada tatuagem do tipo.
Um dos tatuados mais experientes do grupo, o aposentado Roberto Santos, de 56 anos, foi o primeiro a chegar ao estúdio para o “tatuaço”, meia hora antes do horário previsto para o início das atividades. Mas, aos poucos, a ansiedade foi dando lugar ao receio da dor. Tranquilizado pela equipe, tatuou o símbolo no braço direito, onde leva também uma Cruz de Malta.
— Fui vascaíno, meus filhos são vascaínos, mas minha relação de torcedor hoje é com o Bangu. Fui sócio proprietário por 30 anos e o clube sofreu muito com a perda do Brasileiro de 1985, com a derrota para o Coritiba, na decisão. Mas, aos poucos, esse amor está voltando. Hoje o Vasco está prestes a ser rebaixado do Brasileirão. O Bangu tem mais chances de me dar alegrias esse ano do que o clube de São Januário — afirma.
Torcedora participa do 'tatuaço'
Torcedora participa do 'tatuaço' Foto: Stéfano Salles / Extra
Por falta de laudos do Corpo de Bombeiros, o estádio de Moça Bonita só pode receber jogos com portões fechados. Acostumada a sentir na pele as dificuldades de torcer por um clube que está distante de seus melhores momentos, a fotógrafa Fabíola Mello, de 29 anos, se apega à fé para clamar por dias melhores. Enquanto era tatuada, não largou das mãos um terço que servia como alívio psicológico para as dores.
Fabíola Mello segura o terço para aliviar a dor
Fabíola Mello segura o terço para aliviar a dor Foto: Stéfano Salles / Extra
— Estava em dúvida se faria a tatuagem ou não, porque pretendo fazer um concurso público e alguns editais trazem proibição de tatuagens, mas fiz nas costas, em um lugar discreto e não doeu muito, como eu imaginava. Ela pode ser coberta com uma camisa e escondida pelo cabelo. Não poderia perder essa chance: tinha que tatuar na pela o que já está tatuado na alma há muito tempo — filosofa.
O Bangu disputa a segunda fase da Copa Rio. A equipe está no grupo E, ao lado de América, Olaria e Volta Redonda. As equipes se enfrentam e turno e returno e as duas primeiras colocadas avançam para as semifinais da competição. O campeão pode escolher entre uma vaga na Copa do Brasil ou na Série D de 2014. A vaga na competição preterida pelo vencedor ficará com o vice-campeão.


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