31 de out. de 2013

Dentro do campo: seguro, Paulo Victor até fala sozinho contra o Goiás

Para seu jogo mais importante com a camisa do Flamengo, Paulo Victor não criou um ritual especial. Da entrada até a saída do gramado do Serra Dourada, tudo foi como sempre. Mãos erguidas para o alto pedindo proteção divina, pulos sobre a linha do gol e tapas com as mãos no travessão antes de a partida começar e muita concentração. A lesão de Felipe, que teve o joelho esquerdo operado nesta quarta-feira e não joga mais na Copa do Brasil, dá a Paulo Victor a chance de viver seu principal momento no clube. E o camisa 48 correspondeu. Na vitória por 2 a 1 sobre o Goiás, em Goiânia (assista aos melhores momentos no vídeo), ajudou o Rubro-Negro a se aproximar da final. Seguro, não teve culpa no gol de Vitor, foi bem nas saídas de gol e chutes de longa distância e deixou o campo satisfeito.

A reportagem do GLOBOESPORTE.COM acompanhou o desempenho de PV bem de perto. Atrás dos gols, foi possível notar a confiança dos companheiros no substituto do titular. Paulo não faz o estilo espalhafatoso. Na cobrança ou no incentivo, é discreto. A solidão, característica marcante dos goleiros, foi amenizada com o apoio de quase seis mil torcedores que foram ao Serra Dourada para incentivar a equipe carioca. Foi com eles que Paulo Victor comemorou os gols marcados por Paulinho e Chicão. Gols que deixaram o time de Jayme de Almeida mais perto da decisão - na quarta que vem, os times jogam novamente, agora no Maracanã.
MOSAICO Paulo Victor flamengo (Foto: Richard Souza)
PV é pouco exigido, sofre gol e fala sozinho
Uma, duas, três... várias vezes. Paulo Victor mostrou durante o jogo contra o Goiás que tem o hábito de falar sozinho. Durante todo o tempo em que esteve em campo, o goleiro balbuciava. Ora com expressão fechada, ora mais tranquilo. Segundo ele, na maior parte do tempo faz uma oração qualquer.
- Às vezes eu converso coisas mesmo de agradecimento, pedindo força a Deus a todo momento. Mas isso eu carrego em todos os jogos, carrego desde a minha estreia no profissional (em 2007) – explicou.
Se consigo mesmo falou baixinho, PV orientou muito os companheiros em voz alta. Só assim para tentar se fazer ouvir com o barulho de quase 38 mil pessoas no estádio. Apesar de não ter sido muito exigido pelo adversário na primeira etapa, teve trabalho e por diversas vezes foi acionado pelos defensores nos recuos de bola. Não comprometeu. Aos 38 minutos, porém, teve de buscar a bola no fundo do gol. Elias saiu jogando errado e a perdeu para Júnior Viçosa. O atacante achou Vitor livre na área, e o lateral dominou e bateu no cantinho de Paulo Victor para empatar o jogo. O chute rasteiro ganhou velocidade por causa do campo molhado, mas não houve falha. Enquanto os companheiros reiniciavam a partida, PV balançava a cabeça de um lado para o outro como se buscasse uma explicação para o gol sofrido.
A preocupação deu lugar ao alívio dois minutos depois, quando Chicão pôs o time em vantagem, de falta. Na comemoração, Paulo Victor festejou com os torcedores que estavam no setor atrás do gol dele. Punhos cerrados e muita vibração do camisa 48.   
Perigo pelo alto e preocupação com o relógio
Paulo teve um segundo tempo de muito mais trabalho. O Goiás voltou disposto a buscar o empate a todo o custo e pressionou muito. O time esmeraldino abusou dos cruzamentos para a área e obrigou PV a sair para fazer alguns cortes. O goleiro continuava atento e ágil nas saídas de gol. A pressão dos donos da casa nem deu tempo a Paulo Victor de falar sozinho. Na segunda etapa, foi preciso ficar ainda mais alerta e deixar o time todo assim. Deu certo. Zagueiros, laterais e volantes se entregaram e suportaram a pressão.
Entre um ataque e outro, Paulo ficou de olho no relógio. Depois dos 30 minutos do segundo tempo, perguntou aos repórteres quanto faltava para o fim da partida. Com o apito do juiz e a vitória assegurada, comemorou muito e gostou do que fez em campo.
- Minha atuação eu deixo para vocês da imprensa analisarem. É difícli ficar se julgando, procurei ser o mais tranquilo, mas simples como sempre. Saio satisfeito com certeza. É o mesmo jogo, para mim a hora que entra em campo ou vale três pontos, ou o tíulo, ou chegar numa final. Para mim é a mesma coisa – resumiu.
PV disputou o décimo jogo dele na temporada. Com ele no gol, o Flamengo conquistou cinco vitórias, empatou três vezes e perdeu duas em 2013. Desde que virou profissional do clube, há seis anos, foram 48 partidas e 45 gols sofridos.

Operado, Felipe dá início ao processo de recuperação da artroscopia, o que deve durar quatro semanas. Caso encurte o prazo, o camisa 1, que terá alta nesta quinta-feira, poderia jogar as rodadas finais do Brasileirão. A participação em uma possível final da Copa do Brasil, por sua vez, é quase impossível, já que as partidas da decisão serão nos dias 20 e 27 de novembro. Paulo Victor pode ter a chance de ganhar seu primeiro título pelo clube em campo, longe do banco de reservas

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