18 de out. de 2013

Mais Amor e Menos Intimidade.

Zé Roberto Wright Expulsando, Arquétipo do Rigor.
É impressionante como são duradouros os traumas psicológicos deixados pelas inúmeras coças que o Mengão vem sapecando no pequeno atleticuzinho com notável regularidade ano após ano. Perder pro Flamengo, hábito salutar do qual o simpático alvinegro sem praia é entusiasta, realmente deixou marcas profundas na psique de seus torcedores, jogadores e dirigentes. Que têm demonstrado estar motivadíssimos para nos enfrentar no domingo. Puxa, como estão motivados.
Nas vésperas de mais um encontro com eles já é tradicional que algumas verdades sejam ditas aqui no humilde bloguinho antes do apito inicial para que não pairem quaisquer sombras de dúvida sobre a nossa inabalável confiança nos poderes do Mengão. Até porque botar a cara e segurar as consequências é uma das marcas distintivas do rubro-negrismo racional. Então vamos a isso. O episódio que se segue me foi contado por um integrante da comissão técnica mineira que prefere manter a sua identidade em sigilo. Sim, além de ser traíra e trabalhar pros alemão o cara é covarde.
Disse-me o X9 que na quarta-feira, quando ainda se preparavam para entrar em campo em Curitiba, um seiláquenzinho do elenco avícola reclamou meio putinho que no fim de semana o Flamengo ia ficar hospedado num hotel em Lourdes e que a hospitaleira mulherada local estava indócil e iria cercar a nossa formidável rapaziada com intenções bíblicas. Essa informação, desnecessária, machista e inoportuna, envenenou o ambiente no vestiário do Durival de Brito. As galinha pira mesmo com o Mengão.
Vou pular os detalhes de caráter pessoal e o name dropping que se seguiu porque pertencem à esfera da privacidade das celebridades com assessoria de imprensa e não nos dizem respeito. Mas a mera notícia de que o impiedoso desossador de frangas da Gávea estava chegando à Minas para dar prosseguimento à sua bem sucedida caravana doutrinária deixou os nervos dos jogadores do galu em pandarecos. E jogou no chão o moral da equipe.
Abalados com a conversa, os jogadores do galu mal prestaram atenção à desinspirada preleção de seu treinador e entraram em campo para enfrentar nosso genérico desorientados, com o olhar esgazeado, discutindo muito entre si e imprimindo à cada jogada um excesso de virilidade que beirou a violência. Muito esquisito mesmo.
O resultado da confusão mental e do uso desproporcional da força foram dois atleticanos expulsos, três suspensos e vários contundidos ao fim da partida em que foram derrotados. Amarelada clássica, perfeitamente compreensível e até esperada face o próximo compromisso no Brasileiro. O diagnóstico do corujão foi preciso: Flamengofobia Nível 2.
Mas, por um minuto, se coloque na posição deles. Se eu fosse jogador atleticano (lá ele) também daria um jeito de no domingo estar contundido, suspenso, faltoso ou sumido, porque pegar o Flamengo, e agora a ética me obriga a emoldurar o trecho a seguir com aspas; “…é ruim de mais da conta. Ô time enjoado! Principalmente quando não vem fazendo gracinha e chega assim como quem não quer nada, devagarim, quietim, no sapatim. Parece que tá mortim e quando a gente vai ver o que tá acontecendo… ói, já garraro e enterraro até o talo. Ô trem ruim!”
Ah, os mistérios da mente atleticana. Valia um Globo repórter com Sergio Chapellin para explicar esse encantamento masoquista pelo nosso Manto impoluto. Para o atleticano médio o Flamengo é tudo que ele quer ser quando crescer. Grande, forte, bonito, popular, multicampeão e ainda por cima mora perto da praia. E ao mesmo tempo o Flamengo é também o sete-peles, o coisa-ruim que faz maldade, estraçalha com os seus sonhos amalucados e é o maior responsável pela sua indecente permanência na fila do Brasileiro por 43 anos.
Faz parte da cultura atleticana colocar o Flamengo como o seu maior inimigo. Mesmo que seja um inimigo que volta e meia até esqueça que eles existam. Mesmo que seja um inimigo que eles nunca conseguem derrotar quando o jogo vale alguma coisa a mais que duas mariolas ou um saco de jujuba. E por mais bizarro que possa parecer, os atleticanos, quando não estão sendo campeões (mantém a impressionante média de um título importante por século), gostam de se autopromover como rivais do Flamengo.
Audácia da pilombeta. Basta conferir as estatísticas do confronto (no anos em que eles eventualmente jogam na Série A, claro) para perceber a olho nu que isso não é rivalidade. Isso é amor. Platônico, mas amor. Fogo que arde sem se ver. É um não querer mais que bem querer. E embora os mineiros digam há anos que qualquer maneira de amor vale a pena, ainda tenho algumas reservas à essa abordagem em particular.
Mas mesmo sem essa intimidade toda não dá pra desgostar dos atleticanos, mesmo eles tendo esculhambado com a Libertadores e reduzido o valor da copa continental em pelo menos 50%. Mesmo eles sendo chatos e mal vestidos pra cacete. Eles nos divertem com suas teorias da conspiração e sua pretensa independência do Eixo, até nos comovem com seus chororôs históricos e, principalmente, nos entregam a paçoca e a cocada direitinho sempre que precisamos.
E a julgar pelo comportamento de seus atletas diferenciados e muito motivados para a decisão no Marrocos e mais nada, eles estão fazendo tudo direitinho pra nos agradar novamente. Ainda que o fuderoso Flamengo tenha se autodesfalcado dando uma folga para seus jogadores mais cansados não vejo como poderemos encontrar uma maneira de não ganhar do time todo remendado e cheio de neuras deles. Até porque não dá nem pra comparar a situação dos times. Eles já estão com o ano ganho, quem tá no osso e tem que correr atrás é a gente.
Vamo lá, Mengão! Às galinhas!
Mengão Sempre
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Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo no sócio torcedor.

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