- Não me deixam vir muito aqui... É só uma vez ou outra. Pediram para eu ser tranquilo, ter calma. A ordem veio de cima. Depois, tem uma salinha aqui no CT onde o bicho pega. É melhor ir devagar (...) Mas não consigo, é mais forte que eu!
Dizer que a frase acima pertence a um jogador do Corinthians já é quase suficiente para adivinhar quem a disse, em entrevista coletiva nesta quarta-feira. O estilo despojado e pouco preocupado com polêmicas, sempre entre risos... O atacante Emerson não demonstrou papas na língua. Após um início de entrevista mais calmo que o normal, o jogador voltou à forma habitual, pela qual ficou conhecido, comentando os mais diversos assuntos envolvendo o Timão.
Renovação e atrasos
Após a renovação de contrato com o clube, concretizada na última semana, até julho de 2015, Sheik mais uma vez reafirmou o desejo de se aposentar vestindo a camisa do Corinthians. De olho na Copa do Brasil, um dos poucos títulos que ainda não conquistou nas passagens por clubes brasileiros, o atacante comentou a proposta do Flamengo, elogiou a postura do clube carioca, mas assegurou que, desde o início, sentia que tudo se encaminhava para um acerto com o Timão.
- Durante o período de renovação, uma coisa que ficou muito forte em mim foram as mensagens que eu recebi do torcedor corintiano. Isso foi algo determinante. Procurei focar no trabalho, independentemente do que aconteceria. Ouvi as propostas, mas procurei não me pronunciar. O Flamengo, um dos maiores interessados, cumpriu tudo o que prometeu, deu garantias. Se fosse para sair do Corinthians, queria sair como cheguei: campeão.
- Em nenhum momento eu me abalei com as notícias, sobre quando a diretoria disse que seriam 12 meses, e não 24. Fiquei muito tranquilo. Eu tinha uma energia muito boa porque o presidente, o Edu e o Duílio me davam tranquilidade e diziam: “Calma que as coisas vão se resolver”. Sobre encerrar aqui, não tenham dúvidas: eu ficaria feliz.
A passagem de Emerson pelo Corinthians ficou marcada por alguns atrasos em treinamentos. O atacante chegou a desembarcar dentro do CT Joaquim Grava em um helicóptero, certa vez, após aproveitar fim de semana no Rio de Janeiro e voltar à capital em cima da hora. No início desta temporada, por exemplo, o atacante foi multado após chegar fora do horário em dois treinos consecutivos. Bem-humorado em relação ao assunto, Sheik apostou que, vez ou outra, haverá um deslize em relação à agenda.
- Em algum momento vou chegar atrasado. Não vou mentir. Os meus atrasos sempre tiveram justificativas. Eu moro longe... Posso dar desculpas agora? (risos) Mas é sério, estou experiente e sei o transtorno que isso causa. Podemos até apostar quantas vezes vou me atrasar até o final do contrato, e vocês vão dizer: “Caraca, só uma ou duas?”.
Eliminação na Libertadores
Herói do Corinthians na conquista inédita da Taça Libertadores da América, quando foi artilheiro da equipe, com cinco gols marcados – dois deles na vitória por 2 a 0 sobre o Boca Juniors, na decisão – Emerson lamentou a campanha desastrosa da equipe na competição continental em 2013, mas lembrou: o Timão foi o menos culpado pela queda, já que o árbitro paraguaio Carlos Amarilla prejudicou a equipe no Pacaembu.
- Queremos conquistar novamente a Libertadores. Não porque um babaca veio aqui e tirou nosso sonho, mas porque existe o trabalho no dia a dia, os torcedores e a nossa família. Não é porque um “zé mané” tirou nosso sonho do segundo título. Era muito possível. O clube tinha mostrado isso. Temos muitas motivações.
Saída de Jorge Henrique
Desde que deixou o Corinthians, após confusão envolvendo mentiras para o técnico Tite e para a diretoria, o atacante Jorge Henrique não foi defendido por nenhum outro jogador do elenco. Todos admitiram que o vacilo do jogador, atualmente no Internacional, foi o suficiente para que ele fosse desligado do clube. Respeitoso ao antigo companheiro pela trajetória e pela boa relação, Sheik não foi diferente. Na opinião do camisa 11, Jorge perdeu toda a confiança dentro do Timão, e sua situação era insustentável.
- Ele era um cara legal, e eu gostava muito dele. O que aconteceu passou um pouco dos limites. Não foi só um atraso. Você defende quando realmente dá para defender. Ele pisou na bola. Aqui temos uma diretoria e um treinador que são amigos, um grupo de jogadores que preza pela amizade, mas quando perde a confiança, fica difícil. Ele continua querido, mas a confiança acabou. É um excelente profissional. Que ele se reencontre e possa fazer sucesso.
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