Peço licença a todos para interromper as loas e as congratulações pela alegre noite do futebol pátrio com uma breve nota de pesar. Se enquanto rubro-negro a boa fase do futebol nacional me faz ainda mais otimista em relação ao nosso porvir, como humorista amador estou inconsolável. Lamentando muito a morte de uma das mais longevas e bem sucedidas piadas do futebol brasileiro. Em 2011 já tínhamos perdido a piada do Vasco, em 2012 a do Corinthians e ontem, essa tragédia com o Atlético. Que fase! É assim que o futebol brasileiro vai ficando cada vez mais sem graça.
Mas hoje futebol brasileiro está em festa pela terceira Libertadores seguida conquistada pelo país. E, ainda que o Flamengo não saiba o que é jogar uma final de Libertadores há uma porrada de anos e isto provoque a justa ira da torcida rubro-negra, seria descortês e esportivamente covarde ignorar a final da copa sul-americana que se jogou ontem à noite. Por isso cumprimento sinceramente ao Atlético Mineiro, um dos nossos melhores e mais fiéis clientes e à sua torcida, grande fornecedora de recibos, pela sua vitória. Que lhes permitirá a manutenção de sua média histórica de 1 (hum) título importante por século. Parabéns.
O torcedor do Flamengo tem por característica principal a cordialidade e a paixão genuína e infinita pelo vermelho e preto da Gávea, paixão atemporal e de tamanha intensidade que não precisa ser alimentada por títulos, contratações ou outras efêmeras medidas de sucesso terrenas. É a tranquilidade cósmica de conhecer nosso lugar na cosmogonia do futebol mundial e saber que somos indiscutivelmente os maiores e os mais bem vestidos entre os grandes clubes da humanidade que nos impede de cultivar a inveja e a mesquinhez. Porque realmente não temos motivos para esses sentimentos em tom menor.
Mas admitimos que encaramos a conquista da Liberta pelo nosso eterno freguês mineiro com uma ponta de dupla tristeza; uma por estar, a despeito de nosso tamanho e relevância, há tanto tempo sem conquistar a principal competição do continente. E a outra por constatar que a Libertadores, que em passado não muito distante era tão jogo duro, tão seletiva, hoje se entrega cada vez mais facilmente a qualquer um. Até aos que portam a estigmatizante e indelével mancha do rebaixamento em suas folhas corridas. E como todo amante do esporte, e por extensão, do bom, do belo e do justo, o rubro-negro médio fica triste quando as tradições e o inestimável patrimônio imaterial do futebol vão sucumbindo ante o avanço da vulgaridade que a nada respeita.
Mas muito melhor que se perder em pensamento sombrios, que associam a de todo improvável conquista continental do Atlético ao Apocalipse, ao Calendário Maia, à Era de Kali-Yuga ou a outros mitos relacionados ao fim do mundo, é perceber que o literalmente extraordinário feito mineiro também possui um belo e admirável aspecto educativo.
Que oferece aos recalcitrantes foragidos das pestilentas divisões subalternas uma edificante e severa lição de moral. Tanto o Atlético quanto o Corinthians, campeão em 2012, sofreram as humilhações do rebaixamento no Brasileiro e do abjeto degredo em jogos às terças, sextas e sábados da Segundona. Mas mesmo humilhados perseveraram, pagaram suas séries B, saldaram seu débito com a sociedade e foram campeões da Libertadores. Fica a dica pro Florminense.
Mengão Sempre
Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo nosócio torcedor.
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