Ser vitorioso, respeitado pelos jogadores, querido pelos torcedores e elogiado pelos comentaristas são as maiores façanhas que um treinador pode alcançar. O técnico da seleção inglesa Roy Hodgson tez tudo isso, mas na terra de onde vem o seu adversário desta sexta-feira em Kiev. Na Suécia, Hodgson é mais conhecido do que dentro de seu próprio país.
- Nós seremos para sempre gratos pelo que Roy fez pelo futebol sueco. Ele chegou como um total desconhecido, trouxe novas ideias e tornou-se um vencedor. Ele é uma pessoa muito querida - afirmou o treinador da seleção sueca, Erik Hamrén.
Roy Hodgson iniciou sua carreira de treinador na Suécia, em 1976, no Halmstad, indicado pelo compatriota Bob Houghton, que havia sido seu companheiro de equipe e técnico. Logo na primeira temporada, Hodgson levou o clube sueco - cotado entre os possíveis rebaixados - ao seu primeiro título nacional. Ele repetiu a dose em 1979 e, nos anos 80, pelo Malmö, venceu inéditos cinco títulos nacionais seguidos.
A partir de Hodgson e Houghton, as equipes suecas passaram a atuar "à moda inglesa", como foi chamado na época o estilo de jogo marcado por uma linha de quatro defensores, diminuição dos espaços, jogadas aéreas e transição rápida da defesa para o ataque - muitas vezes, à base do chutão. A tática já foi abandonada pelo próprio Hodgson e nem é mais utlizada pelos principais clubes ingleses, comandados por estrangeiros, mas ainda é a mais comum na liga sueca.
- Eu já tive a oportunidade de enfrentar a Suécia antes como técnico de outras seleções, mas essa será a mais importante delas. Será um momento realmente especial - disse o técnico da seleção inglesa sobre a partida desta sexta.
Roy Hodgson, que fala sueco fluentemente, esteve entre os cotados para assumir o posto ocupado por Erik Hamrén. Mas o bom trabalho que realizava à frente do Fulham em 2010, levando o pequeno clube de Londres à final da Liga Europa, obrigou a Federação Sueca a buscar outro nome. Hodgson nunca mais voltou a trabalhar na Suécia desde que deixou o Malmö em 1989.
Na Escandinávia, o inglês também foi campeão dinamarquês pelo FC Copenhague. Além disso, já comandou as seleções da Suíça, a quem classificou para a Copa do Mundo pela primeira vez em 28 anos, em 1994; Emirados Árabes Unidos e Finlândia. Há quatro anos, Roy Hodgson ficou a um ponto de qualificar os finlandeses para sua primeira Eurocopa e não podia sequer imaginar que chegaria à Euro 2012 como treinador da seleção inglesa.
- Naquele momento, na Finlândia, eu não estava pensando muito nos passos seguintes da minha carreira. Mas o que posso dizer é que estou muito honrado por ter a chance de comandar a seleção de meu próprio país, a que está mais próxima do meu coração - disse Hodgson.
Ele foi escolhido o sucessor do italiano Fabio Capello graças à experiência em torneios de seleções e ao trabalho no modesto West Bromwich, que terminou em décimo lugar na temporada, melhor colocação da história do clube na Premier League. Na milionária liga inglesa, de jogadores e treinadores superprotegidos e cada vez mais distantes do contato com o público, Hodgson chega a espantar por ser tão acessível. Mas ainda convive com a imagem de técnico que tem problemas para comandar grandes equipes, reforçada pelos fracassos na Inter de Milão nos anos 1990 e no Liverpool em 2010.
Na Suécia, porém, isso não faz a menor diferença. Lá, Roy Hodgson continuará popular mesmo que vença o jogo em Kiev. Mas, se perder, pode incluir mais um item entre os seus feitos no futebol escandinavo.
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