14 de jun. de 2012

Técnico da Inglaterra é mais famoso na Suécia do que dentro de casa


Ser vitorioso, respeitado pelos jogadores, querido pelos torcedores e elogiado pelos comentaristas são as maiores façanhas que um treinador pode alcançar. O técnico da seleção inglesa Roy Hodgson tez tudo isso, mas na terra de onde vem o seu adversário desta sexta-feira em Kiev. Na Suécia, Hodgson é mais conhecido do que dentro de seu próprio país.
- Nós seremos para sempre gratos pelo que Roy fez pelo futebol sueco. Ele chegou como um total desconhecido, trouxe novas ideias e tornou-se um vencedor. Ele é uma pessoa muito querida - afirmou o treinador da seleção sueca, Erik Hamrén.
Roy Hodgson, técnico da Inglaterra, como Cristo Redentor (Foto: Reprodução/Daily Mail)Roy Hodgson, técnico da Inglaterra, como Cristo Redentor (Foto: Reprodução/Daily Mail)
Roy Hodgson iniciou sua carreira de treinador na Suécia, em 1976, no Halmstad, indicado pelo compatriota Bob Houghton, que havia sido seu companheiro de equipe e técnico. Logo na primeira temporada, Hodgson levou o clube sueco - cotado entre os possíveis rebaixados - ao seu primeiro título nacional. Ele repetiu a dose em 1979 e, nos anos 80, pelo Malmö, venceu inéditos cinco títulos nacionais seguidos.
A partir de Hodgson e Houghton, as equipes suecas passaram a atuar "à moda inglesa", como foi chamado na época o estilo de jogo marcado por uma linha de quatro defensores, diminuição dos espaços, jogadas aéreas e transição rápida da defesa para o ataque - muitas vezes, à base do chutão. A tática já foi abandonada pelo próprio Hodgson e nem é mais utlizada pelos principais clubes ingleses, comandados por estrangeiros, mas ainda é a mais comum na liga sueca.
- Eu já tive a oportunidade de enfrentar a Suécia antes como técnico de outras seleções, mas essa será a mais importante delas. Será um momento realmente especial - disse o técnico da seleção inglesa sobre a partida desta sexta.
Roy Hodgson, que fala sueco fluentemente, esteve entre os cotados para assumir o posto ocupado por Erik Hamrén. Mas o bom trabalho que realizava à frente do Fulham em 2010, levando o pequeno clube de Londres à final da Liga Europa, obrigou a Federação Sueca a buscar outro nome. Hodgson nunca mais voltou a trabalhar na Suécia desde que deixou o Malmö em 1989.
hodgson inglaterra x frança (Foto: Reuters)Hodgson em ação na partida entre Inglaterra x França nesta Eurocopa (Foto: Reuters)
Na Escandinávia, o inglês também foi campeão dinamarquês pelo FC Copenhague. Além disso, já comandou as seleções da Suíça, a quem classificou para a Copa do Mundo pela primeira vez em 28 anos, em 1994; Emirados Árabes Unidos e Finlândia. Há quatro anos, Roy Hodgson ficou a um ponto de qualificar os finlandeses para sua primeira Eurocopa e não podia sequer imaginar que chegaria à Euro 2012 como treinador da seleção inglesa.
- Naquele momento, na Finlândia, eu não estava pensando muito nos passos seguintes da minha carreira. Mas o que posso dizer é que estou muito honrado por ter a chance de comandar a seleção de meu próprio país, a que está mais próxima do meu coração - disse Hodgson.
Ele foi escolhido o sucessor do italiano Fabio Capello graças à experiência em torneios de seleções e ao trabalho no modesto West Bromwich, que terminou em décimo lugar na temporada, melhor colocação da história do clube na Premier League. Na milionária liga inglesa, de jogadores e treinadores superprotegidos e cada vez mais distantes do contato com o público, Hodgson chega a espantar por ser tão acessível. Mas ainda convive com a imagem de técnico que tem problemas para comandar grandes equipes, reforçada pelos fracassos na Inter de Milão nos anos 1990 e no Liverpool em 2010.
Na Suécia, porém, isso não faz a menor diferença. Lá, Roy Hodgson continuará popular mesmo que vença o jogo em Kiev. Mas, se perder, pode incluir mais um item entre os seus feitos no futebol escandinavo.

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