16 de jun. de 2012

Personalidade, torcedor número um da Fúria promete ir ao Brasil em 2014


Todo time tem aquele torcedor fanático, que já é figurinha carimbada nos estádios, seja pelas fantasias ou por suas manias inusitadas. Mas é preciso potencializar a condição de um fã para tentar entender como é a vida de Manuel Cáceres Artesero, ou simplesmente o “Manolo do bumbo”. Aos 63 anos, o seguidor número um da Espanha soma oito Copas do Mundo e sete Eurocopas no currículo, quase todas bancadas pela Federação Espanhola – passagem e hospedagem. Após a Euro 2012, na Polônia e Ucrânia, a meta passará a ser o Brasil, um dos poucos cartões postais que não visitou mundo afora.
Torcedor símbolo da Espanha com polonesas na Euro (Foto: Victor Canedo / Globoesporte.com)Torcedor símbolo da Espanha, Manolo posa com poloneses e espanhóis (Victor Canedo / Globoesporte.com)
– Espero que minha nona Copa seja no Brasil, sempre tive vontade de ir e nunca pude. Quero chegar a 12 (em 2026) e aí sim pensar em me aposentar – disse.
Família e negócios para trás
Manolo do bumbo, copa do mundo (Foto: Divulgação)Manolo com a taça da Copa do Mundo (Divulgação)
Manolo é uma personalidade em seu país. Quando chegou à Gdansk, pouco depois da seleção espanhola, ele foi o alvo de dezenas de torcedores que buscavam uma foto. Está presente em todos os treinos abertos da Fúria em Gniewino e, claro, é um dos líderes nas arquibancadas do estádio com o seu instrumento. Para resumir: uma personalidade acessível e para lá de simpática, embora tenha pagado um preço caro.
– Diziam que eu estava louco de sair por aí, deixar tudo pra trás. Tinha uma loja na Espanha e, por viajar sempre com o futebol, a perdi. Fui à Áustria e quando voltei para casa minha família havia se mudado e me deixado sozinho. Perdi negócios, perdi família, perdi tudo, mas em troca recebi o carinho de todo mundo que é muito importante. Estou triste por ter perdido minha família, mas feliz de fazer uma coisa que ninguém no mundo fez – afirmou um feliz Manolo.
– Representar um país como a Espanha por todo o mundo, ter todos gostando de você, é mais importante do que o dinheiro. O dinheiro não vale nada.
Manolo do bumbo e Sara Carbonero (Foto: Divulgação)Ao lado de Sara Carbonero, repórter e namorada de Casillas: personalidade na Espanha (Foto: Divulgação)
Passado recheado
A ideia de ser um “torcedor profissional” surgiu há 45 anos. Manolo começou a animar equipes da Terceira, da Segunda Divisão e de sua cidade (Ciudad Real) até chegar ao topo, digamos. As histórias são muitas.
Manolo do bumbo torcedor Espanha (Foto: Guilherme Oliveira / GLOBOESPORTE.COM)Manolo posa com o seu 'material de trabalho'
(Foto: Guilherme Oliveira / GLOBOESPORTE.COM)
– Passei por situações difíceis. Em 1978, por exemplo, pegava carona para ir aos jogos. Numa das vezes em que pedi carona, um grupo de alemães quis abusar de mim. Abri a porta para me jogar, eles pararam o carro e consegui fugir.
Na África do Sul em 2010, porém, o próprio Manolo optou por retornar à Espanha. Uma forte gripe o deixou sem forças para fazer o que mais gostava. Mas ele não resistiu à distância e tornou-se uma espécie de amuleto na conquista do título inédito.
– Vi o primeiro, segundo e terceiro jogo. No quarto (oitavas de final) fiquei doente e tive que voltar. Não agüentei: peguei um avião no jogo seguinte e estava lá eu de novo na África do Sul. Achava que morreria e não seríamos campeões. Agora posso morrer, finalmente temos a taça.

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