9 de jun. de 2012

Reserva mais caro do mundo, Torres busca recuperar a confiança perdida


Dia 29 de junho de 2008. Fernando Torres é lançado por Xavi, ganha de Philipp Lahm na corrida e toca por cima de Lehmann. Até então, era o gol mais importante da história da Espanha, que quebrava um jejum de 44 anos para voltar a conquistar um torneio importante, então a Eurocopa. De volta à competição, o atacante do Chelsea deverá ter novamente a missão de substituir David Villa, lesionado, mas sabe bem que os tempos são outros antes da estreia contra a Itália, neste domingo, às 13h (de Brasília), em Gdansk, pelo Grupo C da Euro 2012.
fernando torres espanha final eurocopa 2008 (Foto: Getty Images)Fernando Torres comemora o gol do título da Espanha na Euro 2008: passado já distante (Getty Images)
Lutando contra a desconfiança de grande parte da torcida e imprensa, El Niño busca recuperar o bom futebol dos tempos de Atlético de Madri e Liverpool. Enquanto não transforma o desejo em realidade, a sexta maior contratação da história (£ 50 milhões) amarga o banco de reservas nos Blues, ainda que tenha participado dos títulos da Copa da Inglaterra e Liga dos Campeões. Mas o que não sai mesmo de sua memória é aquele lance diante da Alemanha.
– É inevitável, pois não param de colocar o lance na televisão e recordam a cada dia nos jornais. Foi um início muito bonito de algo que logo se superou com o gol de Iniesta (que deu à Espanha o título da Copa do Mundo de 2010) e acabou com um ciclo de decepções para a seleção espanhola. Estou seguro que os gols de Villa serão repartidos entre muitos jogadores. Aquele dia em Viena já passou, quando tive que assumir a responsabilidade pela lesão de David. Fui bem e agora temos a responsabilidade de fazer o mesmo durante todo o torneio. Ele vai fazer falta, mas espero que seja o mínimo possível – disse Torres, em entrevista ao jornal “ABC”.
Números também jogam contra
Fernando Torres Chelsea (Foto: Reuters)Título da Liga dos Campeões com Chelsea salvou
temporada pífia individualmente (Foto: Reuters)
Com apenas 11 gols em 49 partidas pelo Chelsea na atual temporada (0,22 gol/jogo), Fernando tem concorrentes não tão midiáticos, mas de média superior. Álvaro Negredo marcou 14 vezes em 36 jogos pelo Sevilla (0,38), enquanto o xará Fernando Llorente anotou 28 gols em 53 compromissos com o Athletic Bilbao (0,44), finalista da Liga Europa e Copa do Rei. Ao menos coletivamente conseguiu experimentar do sucesso.
– Chego bem, com menos minutos que o habitual, mas fisicamente me encontro como há muito tempo não se via e, sobretudo, recuperei o sonho que me faltou durante muita parte da temporada. Talvez tenha sido por levantar o troféu da Champions, por viver aquela noite e a ligação do treinador. Foi um ano duro e cheio de problemas, mas se pode dizer que no final foi a parte mais bonita – afirmou o camisa 9.
A situação se repete quando o assunto é a Fúria. Apesar de estar a um gol do zagueiro Fernando Hierro (89 jogos, 29 gols), terceiro maior artilheiro da história da seleção, Torres (93 jogos, 28 gols) custa a corresponder. Quem vive melhor momento e desfruta de excelente retrospecto é Negredo, com seis gols e 10 vitórias em 10 partidas. Llorente (20 jogos, sete gols), quase não utilizado por vir de um ano desgastante, é a terceira opção. Há ainda a possibilidade de Vicente del Bosque optar por um falso centroavante, com Fàbregas ou Mata.
– Não é algo que dou importância, o que de verdade vale é que o time ganhe jogando comigo ou com outro. Isso é o essencial – contou Negredo.
Fernando Torres no treino da seleção da Espanha (Foto: Getty Images)Atacante se diverte em treino da Fúria: ele deverá ser titular contra a Itália (Foto: Getty Images)
Torres: assunto geral
A situação até certo ponto delicada de Torres também repercute no grupo. Em cada entrevista coletiva o nome do centroavante é citado – e o tema é sempre o seu desencontro com os gols. Companheiro de Chelsea, o meia Juan Mata revelou apoio constante nos maus dias vividos em Londres.
– Fernando teve uma temporada difícil, mas, como time, encerrou de forma fenomenal e merece estar aqui. É um dos melhores atacantes desse país e demonstrou sua qualidade. Se ele voltou ao seu nível e recuperou a confiança foi graças a ele. Eu estava lá às vezes em algum momento em que as coisas não davam certo, quando ele não jogava, depois de algum treino e sempre tratava de dizer o mesmo, que ele é um grande jogador e seria muito importante no Chelsea e na seleção. E assim está sendo, posso dizer que aprendi muito com ele – concluiu Mata.
Além de Espanha e Itália, Irlanda e Croácia completam o Grupo C e se enfrentam também neste domingo, em Poznan, na Polônia. O GLOBOESPORTE.COM e o SporTV transmitem todos os jogos ao vivo.

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