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A passeata dos russos em Varsóvia nesta terça-feira, em comemoração ao Dia da Rússia, começou com um grande aparato policial e clima de paz na maioria dos 5 mil torcedores que caminharam do Museu do Exército em direção ao estádio para o duelo entre Polônia e Rússia, pela segunda rodada do Grupo A da Eurocopa. Porém, grupos de hooligans dos dois países acabaram brigando no local que serviu de concentração depois que a marcha deixou o local e também ao redor do estádio. Cerca de 50, entre russos e poloneses, foram detidos. Três homens ficaram feridos e foram levados para um hospital próximo.
A Uefa, temendo confrontos no final da partida, vai manter todos funcionários e voluntários dentro do estádio até que a polícia local avise que não existe mais riscos. Além dos problemas registrados nesta terça-feira, outro motivo para essa atitude da Uefa é que no duelo entre Polônia e Grécia, na primeira rodada, uma voluntária teve parte do uniforme arrancado por torcedores gregos exaltados na saída do estádio.
Um pequeno grupo de cerca de 50 hooligans poloneses tentou atrapalhar o início da passeata, mas eles foram contidos pela polícia, que destinou pelo menos mil homens para garantir a paz na passeata. O temor da organização é que os "ultras" (torcedores radicais) se infiltrassem no meio do evento para criar confusão. Porém, eles esperaram a marcha sair do Museu do Exército para iniciar uma briga no local, já sem a polícia que seguiu com a marcha. O problema maior é entre torcedores de Legia Varsóvia, da Polônia, e do Spartak Moscou, da Rússia, que cultivam uma rivalidade antiga.
A passeata começou no horário marcado (17h do horário local, 12h de Brasília). Eram esperadas 10 mil pessoas, mas a marcha contou com cerca de duas mil. A maioria absoluta dos torcedores caminhava de forma pacífica e cantando músicas de futebol.
Russos e poloneses brigam ao redor do estádio de Varsóvia (Foto: EFE)
A polícia chegou a usar bombas de efeito moral para afastar os ultras poloneses na concentração da passeata e algumas garrafas foram arremessadas de um lado para o outro. Cerca de 30 minutos depois, a passeata chegou ao estádio e a polícia separou a entrada de russos e poloneses para evitar cofrontos. A marcha acabou prejudicando o acesso dos outros torcedores ao estádio, já que parte do serviço de transporte público foi interrompido.
- Agora pode não acontecer nada, mas depois do jogo vai ser difícil não acontecer algum problema... - disse um dos torcedores participantes ao GLOBOESPORTE.COM.
Antes da marcha, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, chegou a pedir que os cidadãos poloneses andassem ao lado dos russos para celebrar o dia que “finalmente a União Soviética foi enterrada”. Porém, os poloneses temiam que os fãs russos exibam símbolos da era soviética, que os recordam dos 44 anos sob o domínio da extinta URSS após a Segunda Guerra Mundial.
Polônia reforçou a polícia para tentar evitar brigas
Passaportes russos viram 'objetos de desejo'
Cerca de dez torcedores poloneses foram presos por tentar roubar passaportes russos. Com o documento em mãos, os hooligans poloneses conseguiriam se infiltrar na torcida russa para causar uma confusão ainda maior, além de retardar a interferência da polícia.
A conturbada relação entre Polônia e Rússia
Polônia e Rússia possuem uma histórica e complicada relação desde a Idade Média. No século 20, a situação se agravou no fim da Primeira Guerra Mundial. Um episódio que retrata bem esse período foi a Batalha de Varsóvia, também conhecida como o Milagre no Vistula (rio que, curiosamente, passa ao lado do estádio Nacional, palco da partida desta terça-feira).
A batalha aconteceu em agosto de 1920, quando o Exército Vermelho comandado por Mikhail Tukhachevsky tentou invadir a capital polonesa. Apesar de estarem em menor número, as forças polonesas lideradas por Jozef Piłsudski contra-atacaram e superaram as forças rivais, quando a maioria dos especialistas estrangeiros considerava que a Polônia estava à beira da derrota.
Marcha foi marcada por paz da maioria. Mas ultras brigaram (Foto: Marcos Felipe/GLOBOESPORTE.COM)
Na Segunda Guerra Mundial, a Polônia sofreu uma invasão da então URSS, no Leste do país - enquanto os nazistas dominavam o Oeste. Após a queda do III Reich, a nação foi governada pelos comunistas ligados a Moscou.
Um marco desse período, por sinal, é o Palácio da Cultura, principal ponto turístico da capital de Varsóvia. Imponente, no centro da cidade e com 230 metros de altura, o edifício foi inaugurado em 1955 e construído como um presente do líder soviético Józef Stalin. Por conta disso, muitos varsovianos não veem o local com bons olhos.
- Para alguns, é uma vergonha nacional. Para outros, um símbolo de um passado de conquistas. Muita gente acha inclusive que deveria ser colocado abaixo por ser um símbolo soviético. Eu só acho feio – disse o jornalista polonês Piotr Wierzbicki.
Queda de avião reacende rivalidade
O episódio de conflito mais recente entre os dois países aconteceu há dois anos. Em abril de 2010, o então presidente polonês Lech Kaczynskie morreu em um desastre aéreo em Smolensk, no oeste da Rússia. Um movimento liderado por Jaroslaw Kaczynski, gêmeo do ex-presidente e líder do principal partido de oposição da Polônia, questiona se a queda do avião foi um acidente e afirma que o governo russo pode ser pelo menos parcialmente culpado.
No último domingo, o técnico da seleção russa, o holandês Dick Advocaat, e outros membros da delegação visitaram um memorial a Kaczynskie como forma de aliviar as tensões entre os dois países.
93 - poloneses lembram tragédia aérea que vitimou presidente do país em 2010. Alguns culpam o governo russo pelo acidente
93 - poloneses lembram tragédia aérea que vitimou presidente do país em 2010. Alguns culpam o governo russo pelo acidente
Poloneses lembram tragédia aérea que vitimou presidente do país em 2010 (Foto: Marcos Felipe)
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