9 de jul. de 2013

Hoje sem clube, Peralta lembra seu voo mais alto pelo Fla, contra o ASA

Contratado cercado de expectativas geradas por um DVD, o uruguaio Horacio Peralta não vingou nos oito meses em que defendeu o Flamengo. Mas, mesmo apagado, foi fundamental na conquista da Copa do Brasil de 2006. Quem dá uma rápida passada pela tabela do torneio fica com a impressão de que o Rubro-Negro passeou. Venceu a final contra o arquirrival Vasco (triunfos por 2 a 0 e 1 a 0) e goleou Atlético-MG (4 a 1), Guarani (5 a 1) e ABC (4 a 0). Dificuldades mesmo só diante de ASA-AL, na primeira fase, e Ipatinga, na semifinal. E foi num duelo com os alagoanos que ele alçou seu grande voo vestindo vermelho e preto: marcou o gol da classificação, seu primeiro no Maracanã e responsável pela vitória por 2 a 1.
- Foi especial porque fiz meu primeiro gol no Maracanã, mas foi ainda mais importante porque a gente passou. Foi o meu gol mais importante pelo Flamengo, que se preparou para ganhar a Copa do Brasil. Fiquei feliz também quando fiz gols contra Corinthians e Palmeiras (no Brasileiro 2006, nas vitórias por 2 a 0 sobre o Timão, no Morumbi, e por 2 a 1 sobre o Palmeiras, no Maracanã), especialmente contra o Corinthians por temos vencido lá em São Paulo, mas o gol mais importante foi contra o ASA - disse Peralta, hoje com 31 anos, por telefone.
Sem clube depois de uma curta passagem pelo colombiano Patriotas Boyacá (entre janeiro e junho), Peralta continua torcendo pelo Flamengo de longe. E já está pronto para sofrer contra o ASA, pois, a exemplo do que enfrentou em 2006, espera dificuldades nesta quarta-feira (assista no vídeo aos gols de Flamengo 2 x 1 ASA do dia 8 de março de 2006).
- Time pequeno sempre se dedica mais quando joga contra grandes, são jogos sempre difíceis. Não vai ser fácil, a Copa do Brasil é muito difícil, e os times da Primeira têm que mostrar em campo sua superioridade. Foi muito difícil ganhar do ASA. Desejo que aconteça o mesmo que em 2006: que o Flamengo possa passar e tomara que termine campeão de novo. Em 2006, o ASA foi muito bem, tanto em casa quanto no Maracanã. A Copa do Brasil inteira foi muito difícil. Os dois jogos contra o Ipatinga também foram muito complicados. O Flamengo depois de muito tempo conseguiu ser campeão e num clássico contra o rival. Isso foi muito bom.
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MOSAICO: Horácio Peralta Patriotas FC (Foto: Editoria de arte)Segundo o site patriotasfc.com, Peralta foi titular em apenas três jogos e atuou poucos minutos de outras duas partidas (Crédito: Montagem Editoria de Arte sobre fotos do Diario El Tiempo e do PatriotasFc.com)
Peralta diz ter deixado o Patriotas por falta de pagamento e está treinando no Uruguai, onde aguarda contato para acertar com um novo clube.
Embora não tenha conseguido destaque internacional em nenhum dos dez clubes que defendeu após deixar o Flamengo, em setembro de 2006, o uruguaio vislumbrava uma temporada maior na Gávea. Segundo ele, só não fincou raízes devido às convicções do técnico Ney Franco, responsável por sua dispensa. O uruguaio indica que o treinador preferiu escalar jogadores com quem trabalhou no Ipatinga (atual Betim). Apesar do curto, o período no Fla ainda lhe reserva ótimas lembranças. Confira bate-papo com o gringo.
Você pensava numa rápida passagem pelo Fla para voltar à Europa ou seu desejo era virar ídolo?
Quem chega ao Flamengo tem a vontade de ficar a vida inteira no clube. Meu desejo era permanecer por muitos anos, mas o Ney não estava muito a fim disso. Pôs seus jogadores do Ipatinga, jogadores importantes.
Mas esses jogadores do Ipatinga decepcionaram no Flamengo. Incomodou ser preterido por jogadores que considerava inferiores a você tecnicamente?
São companheiros. Minha relação com eles era muito boa, mas existem técnicos que gostam de uns e não gostam de outros jogadores. Tem muita injustiça no futebol, mas o jogador deve estar preparado para isso. Eles tinham feito uma boa Copa do Brasil pelo Ipatinga, e o Ney os conhecia e acreditava neles.
Há alguma outra coisa que te atrapalhou no Flamengo?
Quando cheguei ao Flamengo, logo tive uma lesão e demorei a voltar a jogar. Mas voltei e, quando o Ney chegou, respondi bem, fiz gols. Uma pena que eu não tenha conseguido a continuidade que queria para mostrar o que sabia no Flamengo. Depois da Copa do Brasil, ele falou que não me queria.
Peralta Flamengo (Foto: Agência O Globo)Peralta ficou amigo de Léo Moura e Renato Abreu, ambos ainda no Flamengo (Foto: Agência O Globo)
Você diz ter virado um torcedor rubro-negro. O que guarda com tanto carinho do Flamengo?
Sempre segui o Flamengo desde que saí. Além de ter companheiros que estão jogando ainda lá, virei torcedor mesmo do time e da torcida. Vou torcer sempre pelo Flamengo. O clube e a torcida sempre me trataram muito bem. Independentemente de sair bem ou mal, a gente tem de guardar as coisas boas. São poucos uruguaios que conseguem ser campeões no Brasil, e eu consegui. Foi um momento muito lindo, um dos mais inesquecíveis da minha carreira.
O Flamengo é o maior dos 15 clubes que defendeu?
Dos clubes que joguei na minha carreira, acho que o maior foi o Nacional, porque é uruguaio, porque é o time para o qual sempre torci e que me possibilitou sair do Uruguai. Mas o segundo maior com certeza foi o Flamengo.
Quem são os remanescentes da sua época de Flamengo? Fez amizade em especial com alguém?
Dos amigos que jogaram comigo, ainda tem Léo Moura e Renato Abreu. Com o Renato, o 11, o capitão, fiz uma amizade muito grande. No princípio não começou muito bem, brigamos na primeira semana. Depois conversamos e numa partida em que tivemos problema com a polícia, contra o Vasco, um ajudou o outro - numa derrota por 2 a 1, pelo Carioca de 2006. Todos estavam no vestiário, aí um policial foi pegar o Renato, e eu o tirei. Um companheiro defendeu o outro, apesar das brigas, e isso foi muito legal. A gente ficou muito amigo. Na hora do problema, os jogadores devem se ajudar, e isso nos aproximou muito. A gente se resolveu, ele me ajudou muito a ficar no Rio, e tenho lindas lembranças dessa amizade.
(Renato Abreu não treina mais com o elenco do Flamengo; sua rescisão esbarra em uma dívida de R$ 1,5 milhão do clube com ele)

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