20 de fev. de 2014

One for The Money, Two for The Show.

You can do anything but lay off of my blue suede shoes.
Flamengo x Madureira, com time reserva, às 10 da noite, com transmissão direta pela TV aberta. Pra desestimular qualquer tentativa de alguém mais imprudente ir ao estádio ainda colocam a entrada a 60 royal. Mesmo assim mais de 3 mil pessoas insistiram e foram lá pro Maracanã, transformado no Maior Show Room de Assentos Retráteis da América do Sul, pra dar moral e ver o Flamengo B vencer o enjoado Madureira. Sem querer ofender a ninguém, mas nessas condições o Maracanã se transforma em um anecúmeno ao qual o Mengão não pertence. Sem ofensa mesmo, parecia até jogo do Foguinho.
Nem precisamos comentar que um jogo desses, num horário desses, por um preço desses é a fórmula perfeita do fracasso de bilheteria. Mas é importante não se deixar levar pela facilidade da analise superficial desses fatores, no caso do Campeonato Carioca eles são menos relevantes. A dramática e comovente ausência de publico em jogos do Mengão, fenômeno recorrente nessa edição do nosso rural, tem menos a ver com o preço do ingresso, violência e mobilidade urbana do que com o modelo da competição. A verdade é que até as crianças pequenas já sabem que o Carioca vale nada.
Ainda bem que nosso time reserva não pensa como eu. Pra eles o carioqueta é o que mais vale. É onde eles tem a chance de mostrar serviço e de que não estão no Mengão só pra sujar roupa de treino. Encararam o tricolor suburbano com seriedade, foram pra cima e mantiveram o aproveitamento de 100%. Boa, moleques! Graças ao empenho deles o jogo foi legalzinho de ver, divertido. Missão cumprida, podem descansar até domingo que vem.
Uma coisa que se nota na hora é como o time B é muito mais veloz que o time A pra sair da defesa pro ataque. Muralha fez muito bem essa ligação e ainda arrumou um lançamento lindão pro Negueba, que foi bem, fazer o gol. Tem que fazer igual no time de cima. Outro que jogou muito, aliás, vem jogando muito, foi o Gabriel. Rápido, participativo, aparecia em todos os cantos do campo pedindo bola. O moleque empolgou, Jayme tem que aproveitar essa boa fase dele.
Gostei também do Leo, corre muito e mostrou vários gueri-gueris, só faltou acertar os cruzamentos. A defesa, de maneira geral, foi bem. Chicão é seguro, e olha que pra um beque que usa chuteiras laranjas ele joga com muita seriedade. João Paulo ainda lembra o João Paulo de 2013, o que não é exatamente um elogio. Paulo Vítor foi bem.
Erazo ainda está em adaptação e deve estar estranhando o tempero brasileiro. Tem que estar. Se não estiver ele é muito ruim. Tem a mania feia de atrasar a bola toda hora pro goleiro e com aquele tamanho todo não sai do chão. Tá precisando urgentemente fazer uma visita guiada até o 2º andar da grande área. Os atacantes do Madureira, tudo baixinho, ganharam todas dele pelo alto. Mas olha, pra carioqueta, exclusivamente pra carioqueta, esse time B do Mengão é até ostentação. Bola pra frente, só faltam mais 5 rodadas desse fubá.
Fico revoltado com o Flamengo jogando pra públicos menores do que os de certos bailes funk. Não por orgulho ou soberba, mas por ganância mesmo. Entendo que a presença da torcida na arquibancada, além de ser uma vantagem comparativa, é também parte integrante do produto Flamengo. A visão daquelas arquibancadas vazias depõe contra uma imagem de blockbuster que estamos construindo há mais de 100 anos. É parte do nosso patrimônio, também precisa ser protegida. Pelo bem dos nossos negócios.
Lamentavelmente a Botafoguização do Campeonato Carioca é um processo irreversível, não acredito que tenha mais volta. Os públicos vão definhar cada vez mais, os grandes fãs vão ficando velhos demais pra ir ao estádio, novas gerações de aficionados serão cada vez mais raras. É uma pena, mas o tempo e as modas não esperam por nada e por ninguém. E obrigado a disputar essa droga o Flamengo pouco pode fazer. A solução? A mesma que sempre recomendo aos torcedores do Flor e do Foguinho, ameaçados de extinção em breve: FUSÃO.
É, isso mesmo, fusão. O Campeonato Carioca precisa se juntar com mais um ou dois campeonatos regionais de menor expressão, tipo o Mineiro e o Paulista, pra tentar ser uma nova competição com algum sex appeal. Que provoque algum interesse em um publico cada vez mais mimado e acostumado a ver na TV jogos muito mais interessantes do que as peladas que esse rurais oferecem ao distinto publico. Acabem logo com esse regionalismo démodé, isso não leva a lugar nenhum.
Campeonato rural é que nem bambolê, bat-bet, ioiô ou tobogã. Muito divertido, pitoresco, mas saíram de moda, virou artigo de brechó. O público, que é o mais importante, já demonstrou que encheu o saco. Se no estádio ninguém vai as audiências nas TVS também não vem aumentando. O modelo se esgotou, é óbvio. Vão esperar morrer mais quantos clubes pra tomarem uma providência?
Convido novamente a a quem estiver de bobeira hoje pra dar uma passada na tarde de autógrafos do meu livro Da Lama ao TRI na Loja Fla de Copacabana. Quem já tiver comprado o livro e estiver a fim de uma assinatura que vale ainda menos que o Campeonato Carioca é só chegar e correr pro abraço. Apareçam por lá, mesmo que só pra fazer barulho.
Mengão Sempre
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Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo nosócio torcedor.

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