24 de fev. de 2014

Aposta da base do City e de Portugal, paraense não descarta a Seleção

Apesar de ser nascido em solo brasileiro, na cidade de Belém do Pará, o meia-atacante Marcos Paulo Mesquita Lopes, naturalizado português e atualmente no Manchester City, ainda é um desconhecido no país pentacampeão. A história do jovem de 18 anos pode ser confundida com a de outros jogadores famosos como Deco e Pepe, mas com uma diferença. Além de nunca ter atuado no Brasil, Rony – como também é conhecido – já defendeu todas as seleções de base do país europeu e segue cotado para a principal, a exemplo dos compatriotas.   
Rony Lopes em ação pelo Manchester City (Foto: Site Oficial do Citizen)Meia em ação pelo Manchester City (Foto: Site Oficial do Citizen)
Habilidoso e conhecido pela velocidade dentro de campo, o jogador chamou a atenção na última temporada. Ele ganhou a oportunidade de estrear no time principal dos Citizens depois de três anos consecutivos atuando nas divisões de base. O garoto aproveitou a chance e marcou em sua estreia, ainda na temporada passada. De lá para cá, o luso-brasileiro vem aguardando mais oportunidades de provar sua qualidade no time do chileno Manuel Pellegrini, já que é o destaque do elenco sub-21.    
– O meu sonho é vencer competições. Como qualquer jogador, a realização pessoal e profissional vai depender de conquistas de campeonatos e taças. A realização de todos esses sonhos vai depender do meu trabalho e estou pronto para dar o meu máximo – revelou Rony ao GloboEsporte.com.    
Rony já defendeu as seleções de base de Portugal (Foto: Site da Federação Portuguesa)Rony já defendeu as seleções de base de Portugal (Foto: Site da Federação Portuguesa)
O envolvimento de Marcos Paulo com o futebol começou cedo. Aos quatro anos de idade ele deixou o Pará e foi, junto com a família, tentar uma vida mais próspera em Portugal. Logo ingressou nas categorias do time de sua cidade, o Poiares, chamou a atenção de olheiros e foi levado ao sub-13 do Benfica, se mudando para Lisboa.    
– Nasci em Belém do Pará. Fui para Portugal quando tinha 4 anos, porque os meus pais, na altura, procuravam melhores condições de vida e surgiram algumas oportunidades lá. A minha família sempre foi gente de trabalho. O meu pai era motorista de caminhão e fazia transportes de longo curso. Durante muitos anos fazia semanalmente o percurso Portugal-Itália-Portugal. Comecei como a maioria de todos os meninos no clube da minha terra, o Poiares. Depois apareceu o Benfica e mudei-me para Lisboa, para jogar nos sub-13 do clube – relembra. 
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ESPAÇO NO PROFISSIONAL E INDECISÃO ENTRE BRASIL E PORTUGAL

A inserção no estrelar elenco do Manchester City tem sido gradual, até mesmo por conta da pouca idade do jogador.  A estreia pelo time principal foi apenas na temporada passada, contra o Watford, em jogo pela FA Cup. Nos acréscimos, Rony mostrou oportunismo e marcou o primeiro gol pelo clube, entrando para a história do City como o jogador mais novo a marcar com a camisa do clube.  
– Esta é a minha terceira temporada no City. Jogo regularmente pela equipe sub-21 desde o ano passado (quando tinha 16 anos) e este ano tive a felicidade de jogar quatro jogos pela equipe principal, onde estreei na temporada passada. Tenho contrato até ao final da época 2015/2016.
Rony Lopes posa com presente de Cristiano Ronaldo (Foto: Arquivo Pessoal)Rony Lopes posa com presente de Cristiano Ronaldo (Foto: Arquivo Pessoal)
Apesar de ter nascido no Brasil, Marcos tem enraizada a cultura e o futebol de Portugal em sua vida. Na base do City, usa a “camisola” número 7. O sotaque é mais luso do que brasileiro, mas o ídolo da infância é bastante tupiniquim: Ronaldo, o Fenômeno. Tanto que é daí que surgiu o apelido.    
– Quando comecei a jogar futebol no Poiares utilizava sempre uma camisola do Ronaldo, o Fenômeno, e todo o mundo começou a me chamar de Ronaldo. Mas o treinador achava que era muito comprido e começou a chamar-me de Rony, nome que pegou rapidamente e fiquei conhecido assim. Atualmente sigo com atenção os melhores do mundo, como o Cristiano Ronaldo, o Neymar e o Messi. Não os considero ídolos, acho que isso é coisa quando somos crianças, mas considero-os modelos para mim. Aprecio particularmente a capacidade de trabalho do Ronaldo, que se tornou o melhor do mundo depois de muito esforço e sacrifícios, e a felicidade que o Neymar irradia sempre que entra em campo. É fantástico.   
Por outro lado, o atleta prefere minimizar quando o assunto é escolher entre a seleção portuguesa e a brasileira – caso surja uma convocação para vestir a amarelinha no futuro. A dúvida ficou ainda maior depois que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) designou um de seus olheiros para acompanhar o jogador durante os treinos e as partidas do Manchester City na atual temporada.     
É uma pergunta muito difícil. Nunca reneguei as minhas origens, mas a verdade é que o que eu sou como futebolista devo a Portugal, porque me formei lá'
Rony, sobre a escolher entre Brasil e  Portugal
– É uma pergunta muito difícil. Nunca reneguei as minhas origens, mas a verdade é que o que eu sou como futebolista devo a Portugal, porque me formei lá. É um orgulho ouvir o meu nome associado a duas das melhores seleções do mundo, mas não me iludo: ainda não atingi nada, estou numa fase muito importante da minha formação como jogador e quero concentrar-me apenas nisso. O que vier no futuro será um prêmio pelo meu esforço, dedicação e profissionalismo. Como disse, tento não pensar nisso. Tenho vindo a representar as seleções de Portugal, sempre fui bem tratado até ao momento e vivo sempre um dia de cada vez – comenta. 
Enquanto não vive o “dilema” da decisão, Rony revela uma vida tranquila na Inglaterra, que se divide entre a academia do clube e sua casa. A relação com o elenco do Citizen também é a melhor possível, porém, ele destaca uma amizade especial com o brasileiro Fernandinho, ex-Shaktar, com o espanhol David Silva e com o argentino Sergio Aguero.   
– A vida em Manchester é tranquila, muito calma e profissional. O meu dia a dia passa muito pela academia do City e por casa, onde aproveito para descansar e estar com os meus pais e irmãos (Rony tem uma irmã mais velha, Daniela de 20 anos, e o Gabriel, de 16]. No City dou-me bem com todos, mas tenho uma relação especial com o Fernandinho, de quem sou muito amigo, e adoro estar com o Silva e o Aguero, que além de grandes jogadores são muito bem dispostos – reitera.   
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LEMBRANÇAS E FUTURO NO BRASIL   
Rony e o amigo Fernandinho, ex-Shaktar (Foto: Arquivo Pessoal)O brasileiro revela ser amigo pessoal de Fernandinho, ex-Shaktar (Foto: Arquivo Pessoal)
Nada de Remo ou Paysandu. Apesar de ter nascido no coração da Amazônia, Rony Lopes não declara sua torcida por nenhum dos dois maiores clubes da Região Norte. O jogador recorda apenas do Santos de Robinho e Diego, dupla que ele chama de “fantástica”.     
– Recordo-me em particular da equipe do Santos do Robinho e do Diego, que jogava um futebol fantástico, mas não posso dizer que tenha propriamente um time no Brasil – explica o jogador, que não descarta jogar no Brasil no futuro.    
– Por que não um dia? O Campeonato Brasileiro está a crescer de popularidade (na Europa) e mesmo em qualidade. Estou certo que tem potencial para se tornar num grande campeonato com visibilidade mundial nos próximos anos. Além disso, uma grande parte da minha família ainda está em Belém e noutros pontos do Brasil – revela.   
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INTERESSE DO LIVERPOOL   

A diretoria do Manchester não confirma, mas o jogador já foi sondado por outros clubes, segundo informações dos tabloides europeus. Um dos interessados é o Liverpool, que teria oferecido cerca de 6 milhões de euros pelo atleta. Sobre o desejo dos “reds” em contar com seu futebol, nada a declarar, afirma o assessor do atleta, Ivo Loureiro.   
– Sim, saiu essa noticia na imprensa, mas a verdade é que este é um assunto sensível, por isso prefiro não me alongar muito. O Rony é visto como uma grande esperança das camadas de base do Manchester City e o clube não tem qualquer ideia de deixá-lo sair, ainda para mais para um clube rival – opina.

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