23 de fev. de 2014

Adriano ressurge com menos de 100 quilos e psicologia sem divã faz efeito após ‘internação’ em CT do Atlético

Adriano realixando exames em dezembro
Adriano realixando exames em dezembro Foto: Foto Reprodução
Diogo Dantas
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“Voltando à VIDA”, escreveu Adriano em seu Twitter no dia 5 de dezembro de 2013. O ano que começou com o prenúncio de fim de carreira melancólico e precoce terminou com uma nova chance de redenção do Imperador. Em pouco mais de dois meses ‘preso’ no CT do Atlético-PR, o atacante atingiu sua melhor forma desde que foi artilheiro do Brasileirão pelo Flamengo, em 2009. No último dia 13 de fevereiro, voltou a atuar após quase dois anos, desta vez por outro Rubro-negro, e com menos de 100 quilos.
Com o lema um quilo e um dia de cada vez, Adriano deixou para trás o medo de que o tendão do pé esquerdo operado duas vezes o deixasse na mão e, após frustrantes passagens por Corinthians e Flamengo, já deve jogar mais tempo em sua segunda partida pelo Furacão na Libertadores. O adversário é o argentino Velez, na próxima terça-feira, em Buenos Aires. Nos treinos, o atacante já aguenta 90 minutos, mas lhe falta ritmo de jogo.
A cabeça, que deu muito mais problemas que os músculos do atacante de 32 anos, vive boa fase. No clube paranaense, Adriano contou com aparato de saúde incomparável no Brasil. Em um dos 100 quartos do CT do Caju, ficou concentrado assim que chegou, treinando em dois períodos, sob acompanhamento de nutricionistas e psicólogos. Agora, já alugou um apartamento, mas se alimenta no clube e tem cardápio personalizado.
— Tem que resgatar o homem. Se o homem não estiver bem não vai ter o atleta — resume Dionísio Banaszewski, psicólogo do Atlético-PR com 25 anos de experiênêcia em tratamento de dependência química.
Adriano, com o psicólogo e vice-presidente Dionísio Banaszewski, à esquerda do jogador na foto, e o presidente e vice-presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia e Luiz Salim Emed, à direita
Adriano, com o psicólogo e vice-presidente Dionísio Banaszewski, à esquerda do jogador na foto, e o presidente e vice-presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia e Luiz Salim Emed, à direita
Um dos responsáveis pelo resgate de Adriano foi Luiz Claudio Menezes, amigo e empresário. Luca, como é chamado, não abandonou a causa, como fez o ex-agente Gilmar Rinaldi. Após pedido especial de Dona Rosilda, mãe do jogador, o representante tentou acertos com Internacional e Botafogo no passado, mas ficou no quase. Hoje, comemora a pequena vitória.
— Tudo aconteceu porque ele quer. Ele está afim de voltar num nível legal. Ele teve psicólogo no Corinthians, no Flamengo, mas nunca dava certo. Desanimava de uma hora para outra. Ficou lá três meses depois da cirurgia, e se sentiu pressionado — justifica.
Outro que sempre apoiou o jogador foi o médico do Flamengo e da seleção brasileira, José Luiz Runco. Dele, Adriano sempre ouve palavras de incentivo e garantias de que a operação que fez no tendão do atacante o deixou apto a voltar em bom nível. A única coisa que Runco não conseguiu foi convencê-lo a ir em um psicólogo no Rio. No Atlético-PR, o ambiente favoreceu o cuidado com o lado emocional. Como a parte psicológica está presente da base ao profissional para todos, Adriano foi só mais um.
— Sob o ponto de vista emocional, ele está tranquilo, com vontade, quer vencer. O caminho ele mesmo vai ter que trilhar. Depende muito desse querer dele. Não tem divã, é o dia a dia, sem análise — explica Dionísio Banaszewski, alertando para a necessidade de manter o foco.
— Quando você trata de questões emocionais, não tem garantia. O esforço tem que ser diário. Se tem uma crise cai tudo — alerta.
No fim de janeiro, Adriano foi liberado para acompanhar o nascimento da filha no Rio, e não voltou no prazo combinado ao Atlético-PR. A escapulida foi comprovada pela presença em um show da banda Racionais Mcs, quando o jogador subiu no palco e discutiu com uma mulher em um camarote. Longe do Rio de de suas origens, Adriano não reencontra os velhos fantasmas.
Sucesso em campo pode impulsinar patrocínios
Se confirmada a volta por cima de Adriano dentro de campo, já estão engatilhados projetos de marketing para aumentar os lucros do atacante, que assinou contrato de produtividade com o Atlético-PR. Quem apresentou o projeto ao clube, na verdade, foram os sócios da empresa ROI Esportes, Thiago Rodriguez e Cleverson Passos, de Curitiba. As partes toparam e desde então a agência, inspirada na 9ine de Ronaldo, tenta trabalhar a imagem do Imperador.
- Ele é bem tímido. Vamos explorar sua proximidade com o povo. No dia a dia, quando vai a algum lugar, as pessoas humildes se identificam. Ele não tem o desdobramento que o Ronaldo tem, mas vamos buscar patrocínios - conta Cleverson.
A agência já tem encaminhado um possível acordo com a fornecedora de material esportivo do Liverpool, a marca americana Warrior, que quer entrar no mercado brasileiro de chuteiras e vê em Adriano um bom garoto-propaganda. Desde que sua carreira declinou, a Nike não explora sua imagem.
- A gente fez o acompanhamento dele nas mídias sociais quando começou a treinar. Isso chamou atenção das empresas. Quando ele assinou o contrato já começou a negociação. Estamos alinhando agora a parte financeira. Tem marca esportiva e de varejo já acertadas - garante o empresário.
Com vínculo até dezembro, Adriano pode turbinar seu faturamento. O contrato ainda prevê bônus por número de jogos, gols marcados e venda de camisas.
Cronograma da recuperação em imagens
Adriano faz fortalecimento na psicina do CT do Caju
Adriano faz fortalecimento na psicina do CT do Caju
Na musculação
Na musculação
Já um pouco mais magro, na piscina
Já um pouco mais magro, na piscina
Treino no campo do Furacão
Treino no campo do Furacão
Sessão de fisioterapia
Sessão de fisioterapia
O resultado depois de dois meses
O resultado depois de dois meses
O dia da reestreia
O dia da reestreia
Fracassos sucessivos:
Lesão no Corinthians
Em abril de 2011, Adriano rompeu o tendão de Aquíles em treino no Corinthians, e passou pela primeira cirurgia no local, voltando depois de seis meses. Entre faltas e outras indisciplinas, foi dispensado em 2012.
O ‘quase’ no Flamengo
O Imperador voltou para sua terceira passagem no Flamengo, que abriu as portas para tratá-lo. Fez nova cirurgia e quase voltou a jogar. No entanto, a indefinição entre comissão técnica e diretoria do clube, que lutava contra o rebaixamento em 2012, prejudicaram a reestreia do atacante, que estava fora de forma.
Por conta própria
Depois de ser demitido do Flamengo, Adriano disse que pensaria no futuro e decidiria apenas em 2013 se voltaria a jogar. No período, treinou em uma academia com um preparador físico, mas nunca conseguiu manter o foco. Apareceu por diversas vezes na noite carioca exagerando em festas e casas noturnas, onde inclusive foi visto em palcos aparentemente embriagado.
A volta por cima
Namoro firme
Adriano engatou romance com a dentista Renata Fontes, em maior de 2013, com quem teve uma filha, Lara. Nesse período ficou mais recatado e emagreceu, mas ainda pouco.
Inter se interessa
A pedido do técnico Dunga, Adriano virou alvo do Internacional, que o queria em um mês. Depois de realizar alguns exames, porém, o projeto foi adiado.
Botafogo procura
Através do empresário Fabiano Farah, o Botafogo montou um projeto de recuperação para Adriano, mas ele recusou, devido ao desânimo causado pelo término de seu relacionamento.
Olho do Furacão
Através de uma ideia de dois empresários de marketing, o presidente Mario Petraglia, do Atlético-PR, pediu que Adriano se apresentasse em dezembro. O jogador e seu empresário toparam e o atacante usou toda a estrutura do clube para entrar em forma em dois meses. O lado emocional também tratado


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