24 de fev. de 2014

Lembra dele? Creedence Clearwater quer atacar como técnico de futebol

Embora o sucesso da banda californiana de country rock tenha sido incalculavelmente maior, o ex-atacante Creedence Clearwater Couto - e não Revival -, soube pegar carona naquilo que lhe era peculiar: o nome de um dos maiores grupos musicais das décadas de 60 e 70.
A homenagem dos pais, fãs da banda liderada pelo vocalista e guitarrista John Fogerty, demorou a entrar em campo. Seu primeiro clube, o Iraty-PR, achou o nome "complicado demais", obrigando o reforço de 20 anos usar apenas "Paulista". Somente no Guarani, dois anos mais tarde, quando "Paulista" não fazia sentido, Creedence Clearwater pode estrear nos gramados.
- Na época, um dos meus assessores pediu para que me deixassem jogar como Creedence. Sempre gostei do meu nome e queria levá-lo a campo. Disseram que eu precisava marcar gols para justificar a mudança do nome. Consegui - disse.
Logo na chamada, Creedence Clearwater foi reconhecido pelos colegas de sala de aula (Foto: Cleber Akamine)Primeiro clube de Creedence Clearwater obrigou ele adotar o apelido 'Paulista' (Foto: Cleber Akamine)

Com os primeiros gols, veio a repercussão nacional. O centroavante com nome de banda entrava nas paradas de sucesso: é nome ou apelido? Por que este nome? Gosta da música? Toca algum instrumento? As perguntas rendiam reportagens, impulsionados pelo nome, registrado em seu RG.
- Ter um nome diferente me deu uma visibilidade maior. Os jornalistas sempre me procuraram para fazer matérias diferentes, interessantes. Eram possibilidades de aparecer na mídia, mas sempre acompanhadas com os meus gols. Não adianta ter um nome diferente e não fazer gols - brincou o ex-jogador, que durante os 12 anos de carreira, passou por clubes tradicionais do Brasil, como Fortaleza, Santa Cruz, Figueirense e Brasiliense, além dos europeus Lierse-BEL e o time B do Arsenal-ING.
Creedence Clearwater se aposentou aos 33 anos (Foto: Cleber Akamine)Creedence Clearwater não lembra quando começou, mas sempre ouviu o country rock com o pai (Foto: Cleber Akamine)


Insatisfeito com o mercado futebolístico, onde ainda existem os maus pagadores, Creedence entendeu que a aposentadoria não demoraria a chegar. Aos 33 anos, mesmo com propostas de clubes do interior paulista, ele resolveu parar. Não com o futebol, já que seu novo projeto de vida está diretamente ligado à bola.
- Eu sempre soube que jogador tem carreira curta. Como sempre gostei de futebol, resolvi antecipar o término da minha carreira para entrar no curso de educação física. Quero voltar ao futebol, mas com uma longevidade maior. Quero ser técnico - comentou Creedence que, neste ano, passou no vestibular para o curso de educação física em uma faculdade particular de Ribeirão Preto.
Ex-atacante Creedence Clearwater está fazendo educação física para virar treinador (Foto: Cleber Akamine)Ex-atacante Creedence Clearwater está fazendo educação física para virar treinador (Foto: Cleber Akamine)
Cursos na CBF e estágios em clubes estão nos planos do calouro 2014, que atualmente trabalha com o pai em uma distribuidora no interior de São Paulo. Ainda nos primeiros meses de graduação, Creedence pensa em buscar espaço em times da região, mas em breve.
- Vou pensar nesse estágio futuramente. Ainda é um começo. Mas, sem dúvida, vou passar por esse processo de estágio. Tive muitos contatos durante a minha carreira. Acredito que a minha prática, agregado ao meu conhecimento teórico, com cursos de treinador, torna-se um diferencial - comentou.
O DESAFINADO CREEDENCE COUTO
Apesar do nome e da adoração pela banda, Creedence nunca pegou num violão ou tocou uma bateria. Durante a sessão de fotos para o GloboEsporte.com, a reportagem pediu para que o atacante arriscasse algumas batidas na bateria. À vontade, ele pegou as baquetas e, sob orientação do produtor musical Rhenê Cavichia, tentou tirar os primeiros sons (veja vídeo ao lado). Bola fora, segundo o ex-atacante, movido  e apaixonado por músicas.
- Sinceramente, é muito mais fácil jogar futebol. Aqui exige muita prática. No futebol tem que ter muito treino, mas é uma questão de dom, de facilidade para a coisa. O futebol está muito mais no meu sangue. A música também está, mas em outra forma, na forma de motivação. Eu sempre gostei de bateria. Gostaria de aprender, mas precisaria de mais treinos. Apesar do meu nome, isso nunca me ajudou com os instrumentos. A música sempre serviu como motivação na minha vida. O Creedence me deixa muito animado - comentou.
Apesar da autocrítica, Rhenê Cavichia acredita que não se trata de um perna de pau, um caso perdido. Com esforço e alguns treinos, além de técnico de futebol, Creedence pode ser um bom baterista.
- É questão de tempo. Se ele ficar mais um tempo com a gente, ele aprende sim - brincou Cavichia.
O ENCONTRO
O último clube de Creedence foi o Santa Cruz-RS. Apesar de não ser uma passagem gloriosa, com gols e artilharia, um fato marcou sua vida: o primeiro encontro com a banda que originou o seu nome.
Mesmo sem a companhia do pai, fã do grupo e mentor do batismo Creedence Clearwater Couto, o ex-centroavante curtiu o show, ficou emocionado com o som e ainda viu o vocalista John Fogerty vestir a camisa do seu clube.
- Até eles ficaram espantados com o nome. Eles não imaginavam que existia alguém com esse nome. Fiquei muito feliz de conhecê-los pessoalmente, foram muito simpáticos, e com certeza foi uma noite que marcará a minha vida - disse Creedence, após o encontro

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