1 de jul. de 2014

Ramires não vê crise emocional: "Já vi jogadores mais experientes chorando"

A condição emocional dos jogadores da seleção brasileira virou o tema central entre os jornalistas que acompanham a equipe do Brasil na Granja Comary. Desde a vitória dramática sobre o Chile, nas oitavas de final da Copa do Mundo, o estado psicológico do grupo tem sido abordado. A comissão técnica está preocupada. Tanto que a psicóloga Regina Brandão foi chamada para uma conversa com os jogadores e chegou à concentração no início da tarde desta terça-feira
O volante Ramires, que está em seu segundo Mundial, minimiza o episódio. Para ele, a cena de alguns jogadores aos prantos antes e durante as cobranças de pênaltis contra os chilenos é recorrente no futebol em todo o mundo. 
- Isso tem sido muito comentado. Foi uma emoção diferente contra o Chile, já passei por isso numa final de Liga dos Campeões, já vi jogadores muito mais experientes chorando. É a emoção normal de um jogo que vai para os pênaltis. Tivemos uma conversa antes de a Copa começar com a Regina. O que a gente passou contra o Chile vai servir de motivação – disse Ramires em entrevista coletiva na Granja.
Na próxima sexta-feira, o Brasil enfrenta a Colômbia, em Fortaleza, às 17h (de Brasília), em novo jogo eliminatório. Diante da possibilidade de nova decisão por pênaltis, o volante vê o grupo mais forte para a disputa.  
- Se vier outra decisão assim, estaremos muito mais preparados. Se passamos pelo Chile, é porque estávamos preparados. Foi a emoção pela partida. Jogar 90 minutos, prorrogação, pênaltis, muito calor, mais de 200 milhões de torcedores na torcida. O time está preparado para lidar com essa questão emocional dentro e fora do campo. 
Com a ausência de Luiz Gustavo, suspenso por dois cartões amarelos, Ramires é um dos cotados para entrar no time titular. Ele pode ser uma opção no meio-campo caso Fernandinho seja recuado para a função de primeiro volante. 
- Não sei o que o professor vai fazer, Luiz dá segurança aos zagueiros. Ele faz muito bem, marca bem, dá estabilidade ao time. Temos outros jogadores que podem fazer. Estamos esperando o que o professor fará. Estamos nos preparando para entrar e fazer o que ele espera.
Ramires brasil coletiva (Foto: Gaspar Nobrega / Vipcomm)Ramires sorri durante a entrevista coletiva na Granja Comary (Foto: Gaspar Nobrega / Vipcomm)

Brasil e Colômbia vão jogar no Castelão, na capital cearense. A TV Globo, o SporTV e o GloboEsporte.com transmitem a partida ao vivo. O site também acompanha a partida em Tempo Real. O classificado vai enfrentar Alemanha ou França na semifinal. 
OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA DE RAMIRES
TITULARIDADE
- Claro que todo jogador espera uma oportunidade de iniciar. Não sei o que o Felipão vai fazer. O que tenho que fazer é me preparar nos treinamentos e fazer o melhor caso o Felipão opte por mim.
DIFICULDADES
- O nível dos adversários está muito elevado. Não é pelo fato de sermos a seleção brasileira que vamos ganhar o jogo. Ganhar uma Copa no Brasil é tudo o que os adversários querem.
 Não é pelo fato de sermos a seleção brasileira que vamos ganhar o jogo"
Ramires, sobre as dificuldades
da Copa do Mundo
DISPUTA POR VAGA
- Não sei o que o Felipão vai fazer. O Luiz Gustavo é um volante que dá muita segurança aos zagueiros. Ele joga há muito tempo com o David Luiz e com o Thiago Silva e dá uma estabilidade muito grande ao time. Mas temos outros jogadores que podem exercer essa função. Todos estão se preparando.
EMOÇÃO DE ENTRAR NO JOGO
- Saímos todos do banco para aquecer, mas depois a Fifa mandou alguns voltarem. Mas na hora que o Deno (massagista) sai do banco, ele vem apontando para um, mas é difícil saber direito para quem. Todos se animam (risos). O coração já dispara. 
NEYMAR
- Temos grandes batedores de pênaltis. O Neymar é o nosso craque. Quando precisamos, ele chama a responsabilidade. Chamou naquele momento, teve tranquilidade e cobrou com muita personalidade. Depois ainda abraçou o Julio e passou confiança. Ele também é importante por isso. Na hora que precisamos, ele sempre está lá para ajudar a Seleção.
PROTEÇÃO A NEYMAR
- Não temos muito como protegê-lo. Só ele ou o árbitro pode protegê-lo. Não podemos fazer nada. Ele sofre muitas faltas. Ficamos sem reação. Os adversários chegam firme porque sabem que ele pode desequilibrar, e a única maneira de pará-lo é com faltas. Os árbitros precisam punir com cartões amarelos.
JAMES RODRÍGUEZ
- Já tinha visto o James jogar no início no Porto e percebido a qualidade dele. Agora, ele está fazendo uma excelente Copa. É o craque da Colômbia. Temos que ficar de olho. Se a Colômbia vai ficar atenta ao Neymar, vamos ficar de olho nele, que já tem cinco gols na Copa do Mundo.
CONFIANÇA DO FELIPÃO
- O Felipão nos motiva bastante. Ele percebe quando um jogador se abate no jogo e não rende. Depois, ele nos chama e passa confiança, colocando o jogador para cima, para que o jogador possa voltar a apresentar seu melhor futebol. Se ele convocou esses 23 jogadores, é sinal que ele confia em todos. Não é uma partida que vai fazer ele mudar o pensamento sobre um jogador. 

- Todo mundo tem fé. No futebol precisamos de sorte, mas não podemos contar só com ela. Temos que trabalhar e procurar dar seu melhor dentro de campo.
ARREPENDIMENTO DO FELIPÃO
- Não estou sabendo disso (segundo a Folha de S. Paulo, Felipão revelou ter se arrependido de convocar um jogador). Ele não comentou conosco isso. Essa é uma resposta que só ele pode dar. 
 Neymar é o nosso craque. Quando precisamos, ele chama a responsabilidade"
Ramires, sobre o camisa 10 
da seleção brasileira
PESO DAS QUESTÕES TÉCNICAS, TÁTICAS E EMOCIONAIS
- Acho que é um conjunto, a gente tem que estar bem preparado no lado técnico e psicológico. A gente está trabalhando bem o técnico, o tático. O psicológico também. Estamos preparados. Entrar numa Copa, no seu país, tem de estar preparado psicologicamente. Estamos tentando fazer o melhor para que tudo dê certo no dia do jogo. 
CAMISA AMARELA OU AZUL?
- O que conta é o escudo, é o que está na frente e estamos defendendo a seleção brasileira. A gente entra em campo para jogar com amarelo ou com azul, vamos procurar fazer o melhor. O que faz diferença é o futebol dentro de campo para que a gente possa vencer. 
COMO A PSICÓLOGA PODA AJUDAR?
- Não conversamos com ela (Regina Brandão). Isso faz parte do futebol. Ir para uma disputa de pênaltis, alguém vai ter que ganhar. Não pode criar uma coisa que não tem. A gente tem outro jogo, é um jogo diferente. Podemos ganhar em 90 minutos. Mas se precisar ir para os pênaltis, todos estão tranquilos. Todos estavam confiantes para bater e que passaríamos. Um ou outro se emociona um pouco mais pelo fato de querer passar para a próxima fase. É conversa normal de grupo para melhorar e tentar vencer nos 90 minutos. 
BRASIL JOGOU MAL?
- Brasil jogou bem, Chile jogou muito bem. O adversário vem preparado para jogar contra a gente, cresceram bastante, jogam em grandes equipes, estavam fazendo uma boa Copa do Mundo

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