1 de jul. de 2014

Jornalistas exaltam técnica e estilo peladeiro de Canteros, reforço do Fla

Ronaldinho e Hector Canteros no jogo do Brasil contra a Argentina (Foto: Reuters)Ronaldinho e Hector Canteros disputam o Superclássico em 2011. R10 elogiou o argentino, que agora defenderá seu ex-clube (Foto: Reuters)
Hector Canteros, novo reforço do Flamengo, foi forjado da mesma forma que muitos talentos brasileiros: na rua. Segundo o jornalista Joán Vázquez, do diário "Olé", a característica mais encantadora de Canteros é o fato de ser um "potrero", termo argentino similar ao que chamamos de peladeiro no Brasil (tenha uma explicação mais precisa nesta postagem do blog "Futebol Argentino", do GloboEsporte.com).
- A principal qualidade dele é sua enorme técnica. Tem uma grande capacidade com a bola no pé, dá passes certeiros e faz toda a equipe jogar. Nele se aparecia o que nós argentinos chamamos de "el potrero". Tem um estilo irreverente, destemido e bonito de jogar, com muita picardia (galhardia, pirraça). "Potrero" na Argentina é o futebol que se joga nas ruas, nos bairros. Quando um jogador transfere tudo isso que aprendeu nas ruas para si, essas intensas experiências, essa inteligência adquirida, diz-se que se trata de um "potrero". É habilidoso, tem um futebol moleque. Joga bonito e toma decisões rapidamente - definiu Vázquez, que acompanha o Vélez Sársfield, ex-clube de Canteros, diariamente.
Vázquez aponta 2011 como o melhor ano da carreira de Tito Canteros. Na temporada em questão, tornou-se uma das principais joias do Vélez e defendeu a seleção argentina no Superclássico das Américas, contra o Brasil. No primeiro duelo, realizado em Córdoba, Ronaldinho Gaúcho, à época flamenguista e um dos convocados por Mano Menezes, o elegeu como o melhor dos argentinos em campo. "O 10 (Canteros) organiza muito bem o jogo", disse R10 ao "Olé".
Para o jornalista, Canteros é muito mais camisa 10 do que volante. Lembra que começou atuando mais defensivamente, porém trata o talento do atleta como o principal agente de seu adiantamento em campo. Também fez elogios à conduta profissional do argentino. Vázquez ainda vê semelhanças com o estilo de Riquelme, guardadas as devidas proporções.
Canteros Vélez Sarsfield (Foto: Getty Images )Canteros festeja belo gol feito de fora da área contra o Atlético-PR, pela Libertadores 2014 (Foto: Getty Images )

Seu maior defeito é que tende a desaparecer em determinados momentos do jogo. Necessita muito que os jogadores que o rodeiam estejam à altura dele 
Joan Vázquez, do diário "Olé"
- Começou como meio-campista defensivo (volante), mas sua grande técnica geralmente faz com que os técnicos o adiantem em campo. Está mais perto de ser um "enganche" (termo que designa meia na Argentina, o camisa 10) do que um volante. Seu ponto forte não é a velocidade, mas sim a forma como controla a bola. É pensativo e cadenciado. Salvo as diferenças, somente para que se tenha um exemplo, se parece com Riquelme. É muito profissional. Quando mais jovem, havia um temor de que pudesse não ser tão profissional por ter nascido num bairro muito carente em Buenos Aires. Mas no Vélez o formaram de boa maneira para que fosse responsável em seu trabalho - explicou.
Vázquez só faz uma ponderação em relação ao poder de concentração de Canteros. De acordo com ele, ele se desliga em alguns momentos.
- Talvez seu maior defeito é que necessita muito que os outros jogadores que o rodeiam também sejam precisos, que estejam à altura dele. Além disso, tende a desaparecer em alguns momentos do jogo - encerrou.
Pouca combatividade é criticada 
Germán Testa Calafat, jornalista que trabalha na "Rádio Provinicia" e é um dos responsáveis pelo programa "Somos Deporte", do canal "Cablevisión", é outro a classificar Canteros como um camisa 10 clássico. 
- Hector Canteros tem muitas qualidades: grande visão de jogo, com muito boa técnica para controlar a bola, finaliza muito bem. Como tem um pé muito calibrado, costuma arriscar chutes mais colocados. Porém já fez muitos gols em arremates de longa distância e com muita potência. Se adaptaria ao futebol do Brasil como um "velho 10" ou um "enganche". Estreou pelo Vélez em 2009, depois de passar por todas as divisões de base do clube. Foi emprestado ao Villarreal, da Espanha, mas demorou a se adaptar e não teve os minutos em campo que esperava - contou o jornalista.
Finaliza muito bem. Como tem um pé muito calibrado, às vezes arrisca chutes mais colocados, mas também é capaz de bater com muita potência. Já fez gols assim 
Germán Testa Calafat
Calafat, todavia, crê que o estilo pouco combativo em campo é seu grande defeito. Segundo ele, a característica citada é comum ao volante Gago, do Boca Juniors e atualmente disputando a Copa pela Argentina.
- Tem um estilo parecido com o de Fernando Gago, tanto em relação ao jogo quanto ao panorama. Apesar de não jogarem na mesma posição, não são muito aguerridos. Seus defeitos (de Canteros) são poucos, ainda que deveria, talvez, sacrificar-se na hora de tentar a retomada da bola. Por ter um grande domínio da bola, muitas vezes os rivais ganham suas costas por sua ambição de querer armar o jogo o tempo inteiro. Este talvez seja seu maior defeito.

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