2 de jul. de 2014

Copa dos copos: objetos de desejo bombam e somem até da lixeira

O que seria uma singela lembrança ou até mesmo objeto para reciclagem virou febre nos estádios da Copa do Mundo no Brasil. A cena se repete em todas as arenas: torcedores equilibrando torres de copos de refrigerante e cervejas que são patrocinadoras do Mundial. Existe até mesmo uma disputa para ver quem acumula o maior número. É preciso equilíbrio, sede e até busca no lixo. Quem vai ao estádio já chega com encomenda dos amigos. É a "Copa dos Copos", um item simples, mas que serve como recordação e encanta torcedores de oito a 80 anos.
Na primeira fase, cada confronto vinha gravado no copão de refrigerante, com adversários, dia e local da partida. A partir das oitavas de final, por conta do curto tempo para confecção de novas peças, só consta a fase e o estádio do jogo. Mas a onda só faz aumentar, a ponto de causar um esvaziamento das lixeiras.
MOSAICO - Copa do Copão (Foto: Janir Júnior)Torcedores saem com torres de copos na mão, e até lixeiras ficam vazias após o jogo (Fotos: Janir Júnior)

Foi assim na Fonte Nova, palco de Estados Unidos x Bélgica, nesta terça-feira. Antes mesmo da partida, já tem início a corrida pelos copos. Começa com um, passa para dois e logo se multiplica. 
- Quanto mais copo, maior o conceito (risos). Viemos em outros jogos e começamos a colecionar. Tem de monte lá em casa, mas também já dei muitos – afirmou Ivan Costa, que esteve na Fonte Nova nesta terça. Saldo final: 20 unidades para sua cada vez mais extensa coleção.
Ao seu lado estava o amigo Pablo Patterson, que teve que agir em duas frentes: beber por ele e pelos amigos. 
- Não só estamos guardando, como recebemos encomendas. Formamos altas torres. E os amigos que não estão nos jogos pedem também. 
Torcedores Copos (Foto: Janir Júnior)Pablo Petterson (esq) e Ivan Costa (dir) entraram no clima da Copa dos copos Foto: Janir Júnior)
A brincadeira pode sair cara, já que cada refrigerante custa R$ 8 - os de cerveja saem por R$ 13 (dourado) ou R$ 10 (vermelho). A corrida pelos copos da Copa acontece em todos os estádios dos Mundiais no Brasil. Antes de a bola rolar, dezenas e mais dezenas aparecem empilhados em bares e com vendedores ambulantes. Ao mesmo tempo em que os itens saem das prateleiras começam a se proliferar em mãos de crianças, adultos, homens, mulheres, idosos, brasileiros e gringos. É um autêntico souvenir.
Nos primeiros jogos da fase classificatória, o pessoal da limpeza nos estádios ainda conseguia recolher alguns exemplares nas lixeiras e no chão. Mas os copos viraram artigo de luxo até mesmo no lixo. 
- Já vi muito torcedor enfiando a mão na lata de lixo para pegar copos. Você é doido, homem?! Todo mundo quer um, mas está cada vez mais difícil encontrar no chão ou no lixo. Só se comprar a bebida mesmo – disse uma das catadoras de lixo da Arena Fonte Nova que, mesmo diante da “guerra”, garantiu cinco copos.
Não só estamos guardando, como recebemos encomendas. Formamos altas torres
Pablo Petterson, torcedor que esteve em Bélgica x EUA
No fim dos jogos, torcedores deixam os estádios com enormes torres formadas por copos. Quem conseguiu unidades por ter bebido várias cervejas invariavelmente está alegrinho pela nova coleção feita com suor e sede. Torcedores disputam entre si, trocam provocações sadias como numa brincadeira de criança. Alguns revelam que a maior parte está encomendada. Quase todos exibem mais de um souvenir.
Ao fim do jogo que classificou a Bélgica diante dos EUA, nesta terça, na Arena Fonte Nova, um garoto que mal conseguia segurar uma dúzia de copos com suas pequenas mãos esperneava para conseguir mais. Ao seu lado, diversas lixeiras, nenhum copão, apenas garrafas de plástico. A criança foi repreendida e ameaçada pela mãe:
- Vai levar mais copos, então vai jogar fora aqueles bonecos sem braços que você não brinca mais.
O menino matutou e se calou. Bem ao lado, torcedores não tinham dúvidas de qual brinquedinho é mais interessante: exibiam suas torres de copos como se fossem troféu. 
Enquanto a seleção brasileira luta pelo hexacampeonato, uma coisa é certa entre a torcida: se a taça ainda não é, ao menos o copo do Mundo é nosso

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