1 de dez. de 2013

Rebeca Gusmão volta ao Rio, após quatro anos sem visitar a cidade onde ocorreu seu processo de banimento do esporte

Rebeca Gusmão lamentou a chuva no Rio, mas conseguiu se divertir na cidade Foto: Luiz Ackermann / Luiz Ackermann
Carla Felicia
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O tempo não ajudou e tratou de minar os planos de curtir a Praia de Ipanema, onde se hospedou. Mesmo assim, Rebeca Gusmão se divertiu na viagem que fez ao Rio, com amigos, no último fim de semana. A ex-nadadora, de 28 anos, dançou funk no Baile da Favorita, na Rocinha; conheceu a Cidade das Artes, na Barra; e visitou parentes que não via havia muito tempo.
— Precisava descansar a cabeça, sair de Brasília, de tudo que aconteceu — contou ela.
Rebeca se referia à internação de três dias num CTI, há três meses, provocada por intoxicação com remédios que ela toma para depressão. A doença, desencadeada por seu banimento da natação por doping, em 2009, agravou-se este ano, fazendo-a perder 22 quilos em três meses.
Foi a primeira viagem da ex-nadadora após a alta hospitalar. Escolheu justamente a cidade onde disputou a competição que lhe rendeu a acusação de doping: o Pan de 2007. E onde ocorreu o processo que acabou banindo-a do esporte. Um lugar que ela não visitava havia quatro anos:
— Cada lugar por que passei me lembrou de uma história. Veio muita coisa boa, mas também muita dor. O Rio é uma cidade muito marcante para mim. Tudo de bom e de ruim na minha vida aconteceu aqui. Talvez a demora em voltar tenha sido por isso.
As lembranças boas vieram, por exemplo, quando Rebeca — que foi atleta do Vasco por muito anos — passou pelo hotel em que ficava hospedada pelo clube. Já rever o Parque Aquático Maria Lenk, sede da natação no Pan, e a sede do Comitê Olímpico Brasileiro...
— Os momentos negativos foram de muita dor. Tive que ir a delegacia, enfrentar um tribunal criminal, é muita história — diz ela, que ainda sonha voltar a competir nas piscinas: — Minha história com a natação é um namoro muito antigo. Terminar desse jeito não é legal. Não é o fim. É uma crise, só. Tenho certeza.
Embora ainda esteja levantando dinheiro para pagar o advogado que a representa na Suíça, Rebeca confia que pode reverter a decisão do Tribunal Arbitral do Esporte:
— Há a possibilidade. Não conheço nenhuma história, mas também não conheço ninguém que tenha recorrido como estou fazendo. No Brasil fui absolvida, mas na Suíça não aceitaram a decisão. Vamos conseguir, não tenho dúvida.
Rebeca Gusmão mostra suas tatuagens
Rebeca Gusmão mostra suas tatuagens Foto: Luiz Ackermann / Agência O Globo
Oito quilos e quatro tatuagens a mais
Rebeca foi reavaliada pelos médicos no último dia 20 de novembro. E não recebeu alta do tratamento contra a depressão.
— Claro que melhorei muito, já começamos a diminuir a medicação tarja preta. Mas ainda tenho picos de euforia e melancolia. Essas oscilações preocupam — conta ela, que segue morando com os pais, para ter vigilância constante.
A ex-nadadora já recuperou oito dos 22kg perdidos. Com 1,78m, está pesando 74kg. Mas os médicos querem que ela chegue ao menos aos 76kg.
— É pela parte hormonal. Meu endocrinologista, Dr. Rodrigo, da Clínica Brasília Corpo Perfeito, detectou que eu estava entrando em menopausa precoce. Meus hormônios estavam totalmente desregulados, por conta da perda de peso muito rápida — diz Rebeca, que conta com a ajuda de uma verdadeira equipe: — Além do Dr. Rodrigo, tem a farmácia de manipulação Vitalle, que me fornece os remédios para a depressão. Eles são muito caros. Tem a GSM, que me dá toda a suplementação alimentar de que preciso. E tem a Companhia Atlética, onde eu malho, e o Estúdio Personal, onde cuido da parte mental e espiritual. São todos anjos, na verdade. São os meus arcanjos, que cuidam de mim.
Há ainda outra diferença no visual da ex-nadadora. As palavras que a ajudaram a atravessar os momentos difíceis deste ano, ela gravou na pele. Foram quatro tatuagens nos últimos meses, que se somam às sete que Rebeca já tinha. No braço direito, o mantra budista da compaixão; a expressão “Jesus Cristo, o Senhor, o Rei dos Reis, o Mestre Santo”, em hebraico; e Lakiss, sobrenome da família, em árabe, desenho que as duas irmãs também fizeram. Já no braço esquerdo, em francês: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, do livro “O pequeno príncipe”. E a próxima já está programada.
— Espero que seja o nome do meu filho — conta ela, casada com o cantor lírico Gutemberg Amaral, homenageado com seu apelido, Guto, tatuado no quadril: — Ter filhos é o sonho de toda mulher. Tenho planos para o ano que vem, se Deus quiser.
Agradecimento: Restaurante Opium e Hotel Ipanema Plaza


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