Já que o mais recente jogo do século para o Flamengo será em Pernambuco roubei o título do post do manifesto assinado pelo Borges da Fonseca, jornalista que era um dos cabeças da Revolta Praieira, furdunço socialista e antiportuguês que vandalizou a província pernambucana em 1848. Os revoltosos exigiam, além dos 0,20 centavos, garantia do direito ao trabalho, liberdade de imprensa, a extinção dos juros, eleições livres e completa reforma do Poder Judiciário. Tudo doidão.
Claro que foi só mais uma entre as muitas revoltas dos molambos contra as oligarquias no Segundo Reinado que acabou esmagada na porrada pelos batalhões de choque de D. Pedro II. Devia ser horrível viver em um país onde os pobres e injustiçados só tinham o direito de protestar até a hora que a forças da repressão começavam com a madeirada e o tiro de bacamarte.
Menciono a Revolta Praieira antes do nosso jogo de vida ou morte contra o nauticuzinho por mais dois motivos. Primeiro porque estamos revoltados de verdade, e em segundo porque a meteorologia garante que teremos um domingo de sol e praia daqueles aqui na Corte. O que significa um sacrifício a mais para a incansável torcida do Flamengo, a mais fodona do Brasil.
Nós, fechados com o certo, teremos que sair da praia justamente na hora em que o astro-rei refreia as emissões dos maléficos raios UV-B, para tomar conta do que nossos marmanjos vão aprontar diante do lanterníssima da competição. Nem precisamos de advertências, conhecemos o infindável poder do Flamengo para ressuscitar defuntos. E também sabemos que o que engorda o gado é o olho do dono e que não dá pra ficar na praia porque com esse time absolutamente tudo pode acontecer.
O torcedor do Flamengo em 2013 é um remador de Ben Hur, acorrentado às galés de uma nau errática e sofrendo com o látego da capatazia a estalar em suas costas a cada rodada do Brasileiro. Um ano sofrido e sem possibilidade de recompensas no horizonte próximo. Se torcer pro Flamengo fosse um trabalho, seria, sem a menor sombra de dúvida, um dos piores empregos do mundo.
Mas felizmente, e excluindo os marginais, torcer pro Flamengo não é trabalho, não dá dinheiro. É por isso que, entre outras boas razões, já avançamos céleres rumo ao décimo mês do ano maldito e até agora não há notícia de desistências, deserções, viradas de casaca ou pedidos para sair de nenhum torcedor. Ao contrário, a cada dia chegam mais voluntários cheios de disposição para remar junto.
Até agora os únicos que perderam a linha foram os chamados profissionais que tem outros interesses pelos quais brigar. Pra quem é Flamengo mesmo, de raiz, não existe a menor possibilidade de abandonar o barco. Simplesmente porque nós não queremos, e mesmo que quiséssemos, não temos outro lugar pra ir.
É exatamente isso que acontece com o Flamengo e a Primeira Divisão de Futebol Profissional Masculino. O Flamengo, mesmo que estivesse de saco cheio, querendo mudar de ares, a fim de desbundar, não tem outro lugar pra ir. O Flamengo está condenado, pelo seu tamanho, pela sua relevância, pela sua história e, principalmente, pelo poderio da sua torcida, sempre à principal divisão do futebol mundial. O Flamengo não cabe no rebaixamento.
E o mesmo fenômeno pode ser observado no banco do Flamengo. Quem o comanda nesse domingo é o Jayme, velho conhecido da galera. Jayme, que possui estabilidade por ser funcionário do Flamengo e não precisa fazer agrados a dirigentes ou a empresários de qualquer ramo de atividade econômica, também não tem outro lugar pra ir. E nem está querendo ter, Jayme é Flamengo nasbuenas y nas malas.
Mesmo na roubada Jayme está aí na linha de frente. Exibindo orgulhoso o seu aproveitamento bestial de 100% no campeonato e pronto pra botar a nossa mulambada rebelde pra correr e fazer o trabalho para o qual já são regiamente pagos e ainda beliscam um pixulé. Exatamente como ele fez há 102 dias contra o Criciúma. Mostrando resultados e sem nenhuma palhaçada. Não poderia haver melhor perfil pra comandar o Mengão no momento. Mais Flamengo impossível.
Mas nada disso é garantia de que o jogo de hoje ou os próximos 16 do campeonato serão agradáveis programas de lazer. Na verdade, a tendência é que não sejam. Se o time continuar de boca aberta como se apresentou na quarta-feira o risco de tomar até goleada do franco-atirador alvirrubro é enorme. O time do Flamengo, que com justiça ganhou a má fama de presepeiro e inconsequente, tem que se espelhar nas qualidades do treinador.
Na sua simplicidade, na sua paciência infinita, na sua discrição e no seu senso de colocação. O sucesso no futebol, em resumo, consiste em estar no lugar certo na hora certa. E Jayme já provou nesse mesmo campeonato que domina essa arte. Portanto, molambos superestimados que estão nos devendo um montão, não inventem, joguem como homens e não como moleques. Se de toda sorte não for possível, que ao menos sejam Flamengo como o Jayme de Almeida.
Estamos de olho.
Mengão Sempre
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Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo no sócio torcedor.
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