2 de set. de 2013

Ídolo de Fla e Corinthians, Elias jogava na várzea por R$ 150 e pensou em parar em 2006: ‘Eu ia tentar o último ano’

Foto: Divulgação
Diogo Dantas
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Em uma padaria na comunidade Parque Novo Mundo, Zona Norte de São Paulo, Elias se concentrava a base de pão com mortadela e guaraná para jogar o campeonato de várzea que lhe rendia R$ 150 por partida pelo time do Leões da Geolândia. Naquela época, em 2006, o personagem central do duelo entre Corinthians e Flamengo hoje, às 16h, no Pacaembu, vivia o dilema entre se sustentar e manter vivo o sonho de ser profissional.
— Eu ia tentar o último ano. Se chegasse dezembro ia parar — revela Elias.
Elogiado atualmente pela versatilidade, o atleta de 28 anos começou a carreira como atacante na base do Palmeiras, mas não foi aproveitado. Então, tentou a sorte no Náutico, mas não vingou. Na volta a São Paulo, sem dinheiro, fez o que outros renegados faziam para sobreviver: contrariando o pai, se arriscou em campos de pelada.
— Fiquei um ano sem arrumar clube. Tive opção de jogar na várzea para manter a forma e ganhar um trocado. A gente ía para a concentração na padaria, esperando o combio de carro sair, às vezes pegava ônibus — lembra.
O presidente do time, que ainda disputa a Copa Kaiser na região, é Nilton Amorim, também dono da padaria que servia de local de encontro do Leões da Geolândia. Nela, Elias chegava sem jeito, com fome e pouca gasolina no carro, um Palio.
Elias é paulista e torcedor do Corinthians assumido
Elias é paulista e torcedor do Corinthians assumido Foto: Michel Filho / Agência O Globo
— Ele chegava na padaria, mas tinha vergonha. Lá era um lugar pesado, chegava gente de todo tipo. Ele comia pão com mortadela e guaraná. Tinha um Palio todo zoado, sem direção hidráulica, o amigo ia consertar para ele e ele ficava sem graça — conta Nilton, lembrando do receio de Elias.
— Se pegar o dinheiro de um time e não jogar é cobrado. Ele ficava com medo de jogar, porque queria ser profissional — conta.
Elias superou o medo e começou a ficar visado pela habilidade. Outros times da várzea o queriam e ofereciam entre R$ 300 e R$ 500. Na época, o hoje volante era atacante.
Elias atuando no Leões de Geolândia
Elias atuando no Leões de Geolândia Foto: Divulgação
— Era diferenciado. Sempre fazia gol — revela Nilton Amorim, cobrando uma visita.
No Náutico, Elias ganhou o apelido de Robinho do Nordeste. Mas as pedaladas não foram suficientes. Voltou de mãos abanando, sem receber salários e desmotivado.,
— Saí do Náutico de forma conturbada, fiquei sem arrumar clube, sem jogar, vendo meus amigos que eu joguei na base do Palmeiras no profissional. É um choque tremendo. Nas horas difíceis a família me ergueu, me tiravam de casa para manter a forma física — recorda o camisa oito do Flamengo.
No Rubro-negro, Elias vem dando sua segunda volta por cima. A primeira começou na várzea e terminou no Corinthians, onde brilhou com Mano Menezes, que o colocou na posição atual. Os gols recentes o lembraram da época de atacante, posição trocada por Rincón, que lhe deu a chance que precisava no São Bento (SP). Dali, passou por Juventus e Ponte Preta antes de estourar na Série B pelo Timão, aparecer na seleção brasileira e ter chance na Europa.
— Sempre lembro e passo esse momento que eu vivi para os jovens. A minha vontade é voltar a jogar diante dos meus familiares, do clube que eu torço — diz o jogador, sem esconder o time do coração. Hoje, Elias está em casa


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