A vida de Júlio César pode ser comparada às curvas de uma montanha-russa. Momentos no alto, momentos embaixo. Períodos de glória, e outros para esquecer. O goleiro viveu, em três anos, praticamente todas as emoções que um jogador profissional pode sentir. Da trágica falha e eliminação na Copa do Mundo de 2010 à redenção na Copa das Confederações em 2013. Júlio cresceu, sofreu, chorou e vibrou. Um aprendizado a ser carregado pela vida inteira.
- Muitas pessoas falaram: "você se cobra muito, você acha que foi o culpado". Não tem isso, eu não acho que eu fui o culpado, eu não acho que eu fui o responsável direto da eliminação do Brasil, mas eu tomei um gol que eu acho que eu não deveria ter tomado. É uma coisa minha, que é difícil conviver - afirmou o goleiro.
As imagens do fatídico dia 2 de julho de 2010 ainda estão frescas na memória de Júlio César. A dividida com Felipe Melo, a rápida virada dos holandeses, e o choro para o Brasil na frente das câmeras. Sem dúvidas, o momento mais difícil da carreira do goleiro.
- Toda vez que eu vejo o lance, bate aquela tristeza. Aquela entrevista que eu dou logo depois para o Tino é, até hoje, um baque para mim - relembrou.
Redenção do goleiro veio na Copa da Confederações (Foto: Agência EFE)
Carioca da gema, Júlio deu os primeiros passos no futebol no bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro. Desde pequeno, se destacava pelas defesas e pelo jeito franco e sensível de ver a vida. Os problemas sempre foram encarados de forma direta, dando a cara a tapa. Segundo o ex-jogador e comentarista Roger Flores, esta nem sempre é uma característica favorável ao goleiro.
- Um dos pontos fracos do Júlio é a sensibilidade, e o quanto ele sofre com esses momentos adversos que o esporte proporciona - disse Roger.
Sensibilidade que anda lado a lado com a autocrítica. Desde os tempos de Flamengo, sempre teve o gênio forte e determinação para superar adversidades e saber seus erros e acertos. É apaixonado pelo Rubro-Negro, mas saiu da Gávea pela porta dos fundos. Havia brigado com a torcida e se desentendido com a diretoria, apesar de ter escrito belas histórias com a camisa do Fla.
Júlio quer a Copa do Mundo para coroar careira (Foto: Getty Images)
Do Rio, foi para a Itália. Esteve um período no Chievo Verona, onde sequer entrou em campo. Após período de adaptação no pequeno clube italiano, voltou ao time que havia adquirido seus direitos direto do Flamengo, o Inter de Milão. E foi lá, dentro dos muros do Giuseppe Meazza, que se consagrou como um dos melhores goleiros do mundo e ganhou quase tudo que disputou.
Júlio ganhou tudo, menos a Copa do Mundo. Após a queda em 2010, perdeu o foco. Perdeu "completamente o foco", segundo ele. Pôs um ponto final em sua história no Inter de Milão e foi defender o modesto Queens Park Ranger, da Inglaterra. Buscou, na família, força para reagir e tentar atingir seu maior objetivo da carreira: ser campeão mundial.
- Falta aquele pontinho, que é a Copa do Mundo. Eu não quero ganhar a Copa para apagar aquilo que eu fiz em 2010. Não, eu quero ganhar a Copa do Mundo, porque eu quero ganhar a Copa do Mundo. Porque eu vou ter uma carreira brilhante, mas vai faltar aquela coisinha, o ponto final do livro, sabe, o The End - finalizou.
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