22 de set. de 2013

Campeões do mundo apoiam permanência de Jayme como técnico do Flamengo

Jayme volta a comandar o Flamengo hoje: ele tem o apoio dos campeões mundias pelo clube
Jayme volta a comandar o Flamengo hoje: ele tem o apoio dos campeões mundias pelo clube Foto: Guito Moreto / O Globo
Leonardo André
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Nos últimos dez anos, foram mais de 30 trocas de técnicos, entre efetivos e interinos. Nessa ciranda, Jayme de Almeida entra no olho do furacão neste domingo, às 16h, contra o Náutico, na Arena Pernambuco, na desesperada luta do Flamengo contra a crise e a proximidade da zona de rebaixamento.
Ao contrário da maioria dos dirigentes atuais — inexperientes —, Jayme conhece como poucos o que é o Flamengo. Ainda criança, era levado pelo pai para os treinos na Gávea. Formado nas divisões de base, conviveu com os principais expoentes de um geração que ganhou todos os títulos possíveis. Dos campeões mundiais, tem o respeito e o aval para salvar o Flamengo de uma temporada desastrosa.
— Ele conhece tudo do Flamengo. Além de ter sido um zagueiro excepcional, trabalhou na base, colocou o departamento nos trilhos, foi meu auxiliar no profissional e conhece o Flamengo como poucos atualmente. O Jayme sabe exatamente como o clube funciona e isso conta muito em um momento ruim — elogia Júnior, técnico rubro-negro em 1993.
Conhecer o clube no atual momento já conta muito para quem assume o comando do time pela segunda vez na temporada. Jayme é o quarto técnico rubro-negro este ano. Nos últimos dez anos, somente em 2003 e em 2005, o time teve mais treinadores (cinco no total).
— O pai dele jogou e foi treinador do Flamengo. É um excelente profissional, e o jogador respeita quem tem essa história no clube. É o que o Flamengo precisa nesse momento. Tem tudo para dar certo e estou na torcida para ele ficar — destaca Adílio.
Aos 60 anos, Jayme já viveu de tudo um pouco no Flamengo. Além de conviver com craques, nos últimos três anos vem ajudando treinadores a administrar problemas. No ano passado, depois da mal sucedida passagem de Joel Santana, comandou o time em duas partidas antes da chegada de Dorival Júnior. Foram dois empates que representaram mais do que dois pontos em um momento ruim do time.
Naquela época, Jayme devolveu ao grupo de jogadores algo que também falta atualmente: confiança. Com seu jeito sereno, convenceu a todos de algo que muitos julgam ser mais importante, às vezes, do que qualidade.
— Quem joga no Flamengo não pode ter medo. Essa camisa pesa muito, mas quem tem que sentir esse peso é o adversário — não se cansa de repetir o ex-zagueiro rubro-negro.
Dentro e fora do clube, Jayme tem admiradores. Barrado no Ninho do Urubu no começo do ano, o ex-atacante Nunes vê no treinador do time hoje a grande chance que a atual administração tem de mostrar que não virou as costas para uma geração vencedora.
— O Jayme é o caminho para a diretoria começar a mudar a mentalidade. Ele é uma pessoa criada na base, o conhecimento que tem do clube vem de família. É hora de valorizar o profissional da casa, o ídolo. O trabalho como auxiliar ajuda muito em um momento como esse.
Seriedade sem perder o humor
A viagem de alguns profissionais para o Ninho do Urubu é uma antes e outra depois que Jayme entra no ônibus rubro-negro. Irreverente, ele não escolhe com quem brincar. Seja quem for a pessoa ou qual for o assunto, sabe com precisão como “incendiar” as conversas. Geralmente, o alvo preferido é o preparador físico Marcelo Martorelli, um apaixonado pelo Salgueiro. Nessas e em outras horas conta com o apoio do treinador de goleiros Canterele, amigo de muitos anos.
— Ele sabe o momento certo de brincar, de descontrair o ambiente. Mas, quando é hora de trabalhar, é extremamente organizado, um profissional que sempre busca a perfeição. O Jayme é assim desde o tempo em que jogava — define Cantarele.
Jayme disputou 198 partidas com a camisa do Flamengo, marcou três gols e foi campeão estadual em 1974. Considerado um zagueiro extremamente técnico, tenta passar o que aprendeu aos que hoje estão longe de ter a mesma qualidade. Além de auxiliar treinador, é ele quem trabalha fundamentos específicos com os zagueiros rubro-negros após os treinos.
— O Jayme não dava carrinho, nunca deu um chutão. Sabia jogar — relembra Cantarele, que jogou com o zagueiro de 1974 a 1977, quando Jayme trocou o Flamengo pelo São Paulo.
Com Júnior, o ex-zagueiro jogou na praia e no futebol de salão quando tinha 16 anos. Os elogios ao talento são os mesmos, assim como a certeza de que é melhor ter Jayme como aliado.
— Na hora do trabalho, a impressão que dá é de um Jayme chato, de tão exigente que é. Mas quando é para brincar sai de baixo. Ele pega no pé mesmo. Azar daquele com quem ele cisma — diverte-se Júnior.
Hoje, o dia não é para brincadeira. Vencer o Náutico é fundamental para espantar a crise. À beira do campo, lá estará Jayme, com seu jeito sereno e uma virtude que tenta passar todos os dias: a vontade de ver o Flamengo sempre vencedor


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