10 de set. de 2013

Caso Nunes: dirigente não segue rigidez em regra de acesso a CT

Um caso que parecia solucionado e caminhava para se tornar parte do passado voltou à tona no Flamengo por conta de uma nota oficial divulgada pelo próprio clube: a proibição da entrada do ex-atacante Nunes no Ninho do Urubu. Em texto publicado no site oficial, o Rubro-Negro revela que o episódio aconteceu em janeiro em cumprimento a regras “para manter a ordem e preceitos estabelecidos quando a nova gestão assumiu”. Há menos de um mês, porém, o próprio vice de futebol, Wallim Vasconcellos, encontrou brechas na cartilha que rege o centro de treinamento.
De acordo com o clube, “apenas pessoas ligadas ao Departamento de Futebol podem entrar nas dependências”. Visitantes precisarão passar pelo crivo da diretoria diante da importância de “conceder privacidade aos atletas, a fim de que possam se concentrar apenas em treinar e se preparar para as partidas”. Em 17 de agosto, um dia antes do confronto com o São Paulo, em Brasília, porém, Wallim esteve no CT e levou dois de seus filhos para acompanhar o treinamento. Na tarde seguinte, o Rubro-Negro empatou por 0 a 0 no Mané Garrincha.
ninho do urubu flamengo  (Foto: Janir Junior)Acesso é restrito no Ninho do Urubu em dias e horários de treino (Foto: Janir Junior)
Em contato com o GLOBOESPORTE.COM, o clube contemporizou dizendo que tratavam-se de crianças e de uma atividade no sábado. Entretanto, é exatamente nas vésperas de jogos que Mano Menezes fecha as atividades por um período mais longo, sob a justificativa da necessidade de privacidade. A medida, por sinal, não é novidade. Em 2012, o volante Ibson levou sua esposa e filhos para acompanhar um treinamento, justamente em um sábado, e teve a entrada dos familiares vetada.
Foi o próprio Wallim, em entrevista à Rádio Globo na última quinta-feira, quem deu sua justificativa para o veto a Nunes:
- Todo mundo (pode ser barrado). O Bebeto apareceu para ver o Mattheus e eu disse que não podia. É uma determinação geral. Não é o Zico ou o Nunes, é qualquer pessoa. Os vice-presidentes, se quiserem ir lá, me ligam. Eu digo que, de preferência, na hora do treino não dá porque perturba o trabalho da comissão e dos jogadores. Pessoas que não trabalham lá não são permitidas porque é um lugar de trabalho e não de lazer, como é a Gávea. O Nunes não foi barrado. Qualquer pessoa que queira entrar e não tenha atividade para fazer ou trabalho não será permitido. Essa determinação partiu da diretoria.
Entrada começou a ser restrita em 2010
O texto na página rubro-negra na internet diz ainda que “antes, todos entravam no CT, empresários, vendedores, assessores, amigos e outros. Não havia controle, nem em véspera de jogos, trazendo um ambiente que atrapalhava a preparação dos jogadores num momento tão importante”. A mudança de postura, por sua vez, começou ainda em 2010, com Vanderlei Luxemburgo.
Assim que assumiu a equipe, o treinador proibiu a entrada de assessores particulares de atletas – o que era comum. Em um primeiro momento, a intenção era limitar também o acesso de amigos, mas a presença de Ronaldinho Gaúcho acabou sendo determinante para flexibilizar a medida. Em casos específicos, como semanas mais decisivas, porém, a peneira era rígida. Antes, a brecha era maior com Adriano, que chegava a ir trabalhar em dois carros repletos de amigos.
No cenário atual, ainda há quem não seja empregado do clube e tenha livre acesso ao CT. Um funcionário da Adidas, por exemplo, que cuida do patrocínio individual de jogadores, é figura com livre entrada no local, em panorama que mudou a partir do acerto com a empresa alemã com o Fla.
Pais de jovens da base ficam na portaria
Nesta terça-feira, outro episódio demonstrou menor rigor: uma família foi vista nas dependências do Ninho logo após a entrada da imprensa para acompanhar o treinamento, circulando próximo aos ônibus do clube e tirando fotos - bem distante da portaria. Ao ser questionada sobre o fato, a assessoria de imprensa buscou informação com o diretor executivo, Paulo Pelaipe, que pediu a um segurança para solicitar a saída deles do local.
De acordo com o Flamengo, tratava-se de familiares de um jogador aprovado para a base, que foram levar documentos. Normalmente, porém, mesmo para pais de jovens promessas o acesso é proibido, e é comum que os mesmos aguardem na entrada do CT as atividades envolvendo seus filhos na parte de dentro.
Como funciona
A avaliação de quem pode ou não entrar no Ninho do Urubu acontece pouco após a entrada no centro de treinamento. Como a portaria ainda está em obras, seguranças ficam localizados em tendas e checam os carros. Não há qualquer tipo de cancela. A medida inclui familiares de jovens da base, que, normalmente, se aglomeram no local à espera do fim das atividades, e a imprensa. O acesso para os jornalistas acontece 30 minutos após o horário marcado para o treinamento. Assim que chegam ao CT, os profissionais informam para qual empresa trabalham e aguardam a liberação, que chega através da assessoria de imprensa por telefone.
Os jogadores, que têm seus carros já conhecidos pelos seguranças em sua maioria, passam direto pelo local. Com o conhecimento do veto a familiares e amigos, os atletas costumam ir sozinhos ao CT. Apenas em dias de treinos seguidos de viagens alguns comparecem acompanhados, para que fiquem no local e o companheiro leve o carro de volta para cas

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