Mattheus de Andrade Gama de Oliveira ficou famoso com apenas dois dias de vida. Filho de Bebeto, foi homenageado pelo ex-atacante com a então inédita comemoração “embala neném”, na vitória do Brasil por 3 a 2 sobre a Holanda, nas quartas de final da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Mattheus, no entanto, trilhou seu próprio caminho. Virou jogador de futebol e, aos 17 anos (está hoje com 18), estreou no Campeonato Carioca desta temporada como profissional do Flamengo.
No clube carioca, jogou pouco. Além da estreia contra o Olaria no Estadual, disputou nove jogos pelo Campeonato Brasileiro – sendo apenas dois como titular. Não fez gol, saiu de campo vitorioso apenas uma vez, mas agradou em algumas partidas - principalmente na derrota para o Santos, na Vila Belmiro. Por acaso, sua última partida pelo Flamengo. Dores na panturrilha direita o afastaram de três rodadas. Recuperado, não voltou a ser relacionado até ser convocado para um período de treinos com a seleção sub-20 na Granja Comary, em Teresópolis, visando ao Sul-Americano da categoria, em janeiro, na Argentina. Focado na preparação, o meia espera ter uma sequência no retorno ao clube carioca.
- Tenho a meta de me firmar no profissional, jogar direto. Independentemente de ser titular ou não, quero sempre estar jogando. Quero estar no grupo. O Flamengo é o clube onde eu fui criado. Nada mais justo. Quando voltar ao clube, quero ter sequência. Mas isso está a cargo do professor Dorival. Ele sabe o que faz, é o treinador. Tenho que respeitar e treinar forte para que as oportunidades voltem a aparecer. Vou buscar meu espaço.
No Flamengo, Mattheus não é o único de uma geração talentosa, que voltou a conquistar a Copa São Paulo após 21 anos. Rodeado de problemas, o clube deu chances a vários jovens nesta temporada. Alguns deles, além do filho de Bebeto, vêm sendo convocados para a sub-20 e são cotados para disputar o Sul-Americano, como Adryan e Thomás. O meia sonha com uma parceria rubro-negra na Seleção, mas cobra mais chance aos jovens no Flamengo.
- Como o próprio slogan do Flamengo diz, “craque, o Flamengo faz em casa”. Se formos convocados, espero que possamos voltar com esse título, e que o Flamengo não só revele, mas também coloque para jogar. Seria muito importante para a gente e para o clube.
Reinício com Emerson Ávila
Na seleção sub-20, Mattheus vem sendo o destaque na Granja Comary. O meia marcou quatro gols nos jogos-treino contra Madureira e Boavista. Talento ele tem. Desde novo, sempre esteve nas seleções de base da CBF. Ficou fora apenas no ano passado da sub-17. Período que perdeu competições importantes, como o Sul-Americano e o Mundial da categoria. Coincidentemente, o treinador que não o convocou foi Emerson Ávila – atual técnico da sub-20.
- Quem manda é o treinador. Eu não tenho que falar por que fiquei fora ou por que fui convocado. Tenho que chegar e jogar, independentemente das coisas que aconteceram. Tenho é que mostrar o meu futebol. Estou aqui para agradá-lo e aproveitar essa oportunidade para estar na lista final do Sul-Americano.
Emerson Ávila, que vem gostando de Mattheus nesse período de preparação na Granja Comary, explicou por que deixou o meia de fora das competições, no ano passado.
- Na época, entendi que o Mattheus precisava melhorar em alguns quesitos. Mas tenho que continuar acompanhando o jogador. Não posso me desfazer dele porque naquele momento não atendia nossas necessidades. Venho acompanhando o trabalho do Mattheus no Flamengo. Ele evoluiu. Melhorou bastante na dinâmica do jogo, na marcação, que era uma de suas deficiências, e espero que ele continue crescendo. Aqui, conosco, ele está indo bem. O Mattheus é um menino tecnicamente de muita qualidade. Tem um biótipo muito bom para o futebol. Esteve bem no amistosos. Conseguiu fazer gols. Procuro pedir a ele que seja sempre um jogador muito dinâmico, bastante participativo. É um jogador que vem evoluindo bastante. É mais um grande atleta que nós temos em mãos.
Numa coisa, Mattheus concorda com Emerson Ávila. Ele sabe que evoluiu neste ano. A convivência com os profissionais e até a temporada conturbada pela qual passa o Flamengo estão lhe dando “bagagem”, garante o meia.
- Essa experiência com jogadores que eram meus ídolos está sendo muito boa. Infelizmente, o Flamengo está passando por essa situação. Mas tenho certeza que em breve voltará a seu devido lugar, que é no topo da tabela brigando por título e vaga na Libertadores. Tenho certeza que as coisas vão melhorar.
Aos 18, Mattheus faz questão de exaltar, a cada entrevista, os conselhos de Bebeto, apesar de não gostar de comparações com o pai. Até porque são características diferentes. Bebeto era artilheiro, rápido e oportunista. Mattheus é meia, joga atrás dos atacantes e se destaca pela qualidade nos passes, visão de jogo e chutes de fora da área.
- Meu pai me aconselha muito. Quando ele tem tempo, vem aqui (na Granja Comary). Sempre me liga, me orienta. Ele também já passou por isso tudo. Ele sabe que é importante, o que é bom, porque ele também já esteve aqui. Esse tem sido um período muito importante para mim, e com meu pai me ajudando a tendência é melhorar cada vez mai
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