Em uma partida marcada pela tensão do início ao fim, com uma série de lances polêmicos e três expulsões (duas delas fora das quatro linhas), Atlético-MG e Flamengo empataram em 1 a 1, nesta quarta-feira, no Independência, resultado que beneficiou o Fluminense, líder do Campeonato Brasileiro, com oito pontos de vantagem sobre o time mineiro (72 a 64). Para a equipe rubro-negra, que jogou com um a menos desde os 42 minutos do primeiro tempo, quando Wellington Silva foi expulso, o resultado foi muito bom, pois a distanciou mais da zona de rebaixamento. Em 14º lugar, o Fla tem agora 41 pontos, oito a mais que o Sport, time mais bem colocado no Z-4.
O técnico Dorival Júnior, do time carioca, e Carlos Cesar, que estava no banco da equipe mineira, também foram expulsos pelo confuso árbitro Sandro Meira Ricci. Renato Abreu marcou para o Fla, e Leonardo igualou o marcador para o Galo. Na próxima rodada, o Atlético-MG enfrentará o Coritiba, no Couto Pereira, neste domingo, às 19h30m (de Brasília). O Flamengo pega o Figueirense no dia anterior, às 21h, em Volta Redonda (RJ),
O resultado deixou o atacante Jô um pouco descrente no título brasileiro. Para o jogador do time mineiro a meta passou a ser disputar a Libertadores, competição que o clube alvinegro não disputa desde 2000:
- Agora complicou um pouquinho, não era o que a gente queria. Ainda temos alguns jogos pela frente, o primeiro objetivo é a Libertadores, está mais próximo. Depois ainda dá para pensar no título.
Já o ponto conquistado fora de casa foi valorizado por Vagner Love, que não marca há sete jogos. Seu último gol foi justamente contra o Atlético-MG, no Engenhão, em 26 de setembro.
- O time teve raça, determinação. Mesmo com um a menos quase conseguimos uma vitória, o grupo todo está de parabéns pelo que correu no segundo tempo - disse o atacante rubro-negro.
O jogo
Para Ronaldinho Gaúcho, a partida começou antes do apito inicial de Sandro Meira Ricci. De semblante fechado e pilhado, ele deu piques de um lado para o outro assim que entrou em campo, sendo ovacionado pela torcida do Galo e pedindo mais e mais gritos de incentivo. Com vontade excessiva, o camisa 49 do time mineiro acertou Ibson no meio do campo logo no início do jogo e deu sorte de não ter levado o cartão amarelo. O Atlético-MG parecia nervoso e quem teve mais presença no campo ofensivo no início foi o Flamengo, porém sem concluir com perigo.
Bernard tenta passar por Wellington Silva (Foto: Bruno Cantini / Site Oficial do Atlético-MG)
Num campeonato tão cheio de questionamentos à arbitragem, principalmente pelo lado mineiro, mais um ingrediente para alimentar a revolta da torcida do Galo ocorreu aos 10 minutos, quando Ronaldinho caiu na área após choque com Ibson e ficou esbravejando pedindo pênalti. O árbitro ignorou. O domínio da partida logo passou para o lado atleticano e as chances de gol foram aparecendo. Aos 19, Ronaldinho cobrou falta da esquerda, e Felipe defendeu com um soco; um minuto depois, Jô chutou de canhota de fora da área e acertou o travessão.
A opção para a equipe carioca, que ficou acuada, passou a ser os contra-ataques, que não se encaixavam. Foi só acalmar os nervos, segurar um pouco a bola no ataque e chutar de média distância que conseguiu, no seu primeiro lance de real perigo, abrir o marcador, aos 27. Ibson deu passe de carrinho para Renato Abreu, que disparou um petardo que fez Victor só passar pela linha reta descrita pela bola quando ela já estufava a rede: Fla 1 a 0.
Em desvantagem, o Atlético-MG partiu para cima e perdeu ótima chance com Réver, que furou livre na linha da pequena área, aos 32. Logo depois, Felipe torceu o tornozelo esquerdo sozinho, foi atendido, tentou continuar em campo, mas, mancando muito, pediu para sair e foi substituído por Paulo Victor, aos 37. A pressão sobre o árbitro exercida pelos atleticanos, que gritavam "vergonha" desde o pênalti reclamado por Ronaldinho, deu resultado. Após mostrar aos 19 um cartão amarelo para Wellington Silva que os flamenguistas consideraram exagerado, Ricci acabou expulsando o lateral-direito rubro-negro com novo amarelo, aos 42, após falta em Guilherme. O Galo passou a rondar a área adversária, mas sem sucesso até o fim da etapa inicial.
Com um a mais, Galo pressiona, empata, mas não consegue a virada
Na volta para a etapa final, o técnico Dorival Júnior recebeu a notícia de que estava expulso por reclamar da arbitragem no fim do primeiro tempo. O auxiliar Celso de Resende passou a substituí-lo no banco do Flamengo. Antes, o treinador rubro-negro havia feito uma alteração para reforçar sua incompleta defesa: o zagueiro Welinton entrou no lugar do atacante Liedson. Do outro lado, Cuca mexeu no seu ataque, tirando Guilherme e mandando o ex-atacante do Fla Leonardo a campo.
Como era de se esperar, o time da casa voltou a todo vapor em busca do empate, e a equipe carioca pouco conseguia sair de sua defesa. A pressão atleticana foi tanta que o gol não demorou a sair. E veio com o talismã Leonardo, aos 12. Bernard cruzou da esquerda e o centroavante que saiu do banco do Galo subiu completamente livre no meio da área rubro-negra para cabecear e ver a bola tocar na trave esquerda de Paulo Victor e entrar: 1 a 1.
Cleber Santana e Pierre disputam a bola no meio do campo (Foto: Paulo Fonseca / Futura Press)
A blitz mineira continuou, e aos 17 Marcos Rocha recebeu na área, mas diante do goleiro do Fla tentou tocar para Jô e não foi feliz. Logo depois, Carlos César, que se aquecia fora de campo, deve ter falado algo desagradável para Roberto Braatz. O assistente avisou ao árbitro, que expulsou o reserva do Atlético-MG. No gramado, era quase um ataque contra defesa, com a equipe da casa encurralando o Flamengo, que só aparecia na frente em esporádicos contragolpes, quase sempre com poucos jogadores.
Bernard fazia grande partida pela esquerda e infernizava a defesa rubro-negra. Aos 28, o camisa 11 do Atlético-MG penetrou na área pela esquerda, com um drible tirou dois da jogada, mas na hora de concluir foi travado por Amaral e a bola foi a escanteio. Solitário numa ilha cercada de zagueiros atleticanos, Love tentava com todas as suas armas superar os rivais. Mas só dava Galo no ataque: aos 36, Leandro Donizete arriscou de fora da área, e Paulo Victor fez grande defesa a escanteio no seu canto esquerdo.
O grito de gol da torcida alvinegra ficou preso na garganta quando Ronaldinho cobrou uma falta mal marcada pelo árbitro, aos 43. A bola passou por cima da barreira e tocou na junção da trave esquerda e o travessão de Paulo Victor, que nada mais podia fazer para evitar que a bola entrasse. Nos minutos finais, o Galo se mandou todo para fazer o gol da vitória e deixou espaços perigosíssimos para os contra-ataques rubro-negros, mas ninguém conseguiu marcar mais um e o empate foi bem melhor para os times cariocas: Fla e Flu.