O torcedor queria e vivia reclamando. Os ídolos também. Faltava o acerto com o clube para pôr o projeto, até então no papel, em prática. Virou realidade. Agora, quem quiser comprar as miniaturas de Zico e Junior com o uniforme do Flamengo vai encontrá-las nas lojas. Afinal, o Galinho é o maior artilheiro e jogador da história rubro-negra. E o Maestro, além de ter sido o grande condutor do penta brasileiro aos plenos 38 anos, foi o jogador que mais vezes vestiu a camisa chamada por ele de "segunda pele". Os dois, sejam juntos ou separados, participaram de forma decisiva da penca de títulos dos anos 1970 aos 1990.
A partir desta sexta, em lojas oficiais do clube - algumas funcionarão no feriado de Finados -, os rubro-negros poderão comprar ou dar de presente uma boa lembrança dos bons tempos. As miniaturas, que medem 17cm, são feitas de material PVC injetado, no estilo "action figure". No caso das de Zico e Junior, valorizam mais o gestual do que a fisionomia. Zico aparece com o inconfundível jeito de dominar a bola no momento de partir para as jogadas que o consagraram. Junior está representado de forma diferente: os braços erguidos na comemoração do gol de falta no derradeiro empate por 2 a 2 com o Botafogo, no Maracanã, que garantiu o penta brasileiro. Qual torcedor do Fla não se lembra da imagem clássica do Vovô Garoto comemorando aos pulos, em direção à torcida?
Diretor da MDB Brasil, empresa que produziu as miniaturas e intermediou a negociação, Marçal Tatagiba disse que o Flamengo se interessou logo pelo projeto. A demora do projeto para ir às lojas, segundo ele, foi normal, como acontece com todos os clubes. A intenção da empresa é lançar no futuro, já com a aprovação da diretoria rubro-negra, os 11 campeões do mundo de 1981. No caso de Zico e Junior, ainda haverá uma versão de estátua banhada em bronze. E jogadores de outros clubes também serão homenageados.
Os dois ídolos rubro-negros posaram, orgulhosos, com os bonecos. Tanto o Maestro quanto o Galinho de Quintino contaram com a ajuda das esposas para aprovar os produtos, que estarão nas lojas Fla-Boutique e no Espaço Rubro-Negro por R$ 49,90. Zico lembrou as miniaturas feitas quando atuou no futebol italiano e no japonês.
- Já tive boneco do Udinese. No Kashima, eles fizeram trabalho diferenciado com a estátua. Primeiro organizaram uma sessão de duas horas, me fotografando de todos os lados. Meio estranho mesmo. Apareciam uns fios, tinha que fazer as posições. E a gente não sabia para o que era... Lá o marketing é muito forte. Mas aí você vê o resultado... Lá, o cara da estátua sou eu. O bonequinho sou eu. Aqui houve uma dificuldade muito grande. Pediram para eu fazer o movimento. Pedi aquele meu tradicional, que é a logomarca, o chute. E aí não estavam conseguindo... No vai e volta de levar a família para mostrar, chegou a um ponto que ficou assim. É uma lembrança pequena. Acho que está legal para a primeira aparição. A forma de dominar a bola ficou bacana. Estava precisando dessa questão do Flamengo, quase dois anos negociando isso. A gente queria ver logo. Direto com o Flamengo mesmo, não deu certo. Agora, veio separadamente. O filho saiu - afirmou o Galinho, no Bar SporTV Point, na Barra da Tijuca.
Junior lembrou que tanto ele como Zico não gostariam de ter miniaturas sem as suas feições. Daí a demora para os bonecos ficarem prontos.
- A gente colocou uma série de perguntas para os amigos para eles darem palpites e, principalmente, a família... Se a coisa não estivesse legal... Isso não é só para o torcedor, é para a gente também. Faltava na minha biografia.
A escolha do título brasileiro de 1992 para inspirar a feição do boneco marcou o período em que Junior já trocara a cabeleira black power pelos cabelos mais curtos e brancos. Saiu o Capacete para a entrada do Maestro.
- Comigo aconteceu de perguntar que tipo de imagem nós íamos fazer. Por acaso tinha a fotografia de 1992. Por ser mais recente, espelhava mais, dava para identificar mais. Foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira, eu era o último remanescente daquela geração, com 38 anos. Acompanhar esse processo de produção é como ver a coisa nascer. Fazem muitos testes, perguntam onde pode melhorar... Quando você vê pronto, fica feliz em ver como contribuiu para que chegasse o mais próximo do que a gente queria.
Tanto Zico como Junior acham que será muito boa a sensação de verem as miniaturas com os torcedores.
- Muita gente, pelo que representamos e fizemos, vai deixar naquele lugarzinho no escritório, no cantinho da casa. E isso dá um retorno muito grande, boas energias para a gente. Não foram muitos os retratados. Fazer essa homenagem em vida é legal porque você pode dar de presente. O fim de ano vai bombar - disse Junior, às risadas.
Leandro e Adílio
Perguntados sobre quais jogadores daquele time campeão mundial de 1981, em Tóquio, mereceriam a mesma homenagem, ambos concordaram que deveria ser lançada a coleção da equipe inteira. Quanto aos primeiros...
- Um deles seria o Leandro, por tudo o que representou - afirmou Junior.
- Queria ver o boneco do Adílio, do Brown... Pé colado na bola. O do Leandro, a perninha arcada - brincou Zico.
O Galinho lembra que ele e Junior já estiveram do outro lado. Eram torcedores à procura de lembranças de seus ídolos.
- A gente passou por isso. Queria ter lá os bonecos do Dida, figurinha carimbada no bafo-bafo. Outro dia eu estava de manhã lá em casa e me deparei com uma foto da capa da "Manchete Esportiva": "Solich e Dida."
Junior criticou a demora dos clubes brasileiros em aderir ao lançamento de produtos de marketing que despertem a paíxão do torcedor de consumir. E voltou a dar uma sugestão.
- Agora você tem o Corinthians, que pensa nisso. Qualquer produto é vinculado aos jogadores. Estamos atrasados. O que falta para os clubes aqui é a visão... A galera de 81 do Flamengo podia ter o time todo formado, naquele modelo pequeno... Seria bom para dar uma fortalecida nas conquistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário