As épocas são distintas. O futebol e os craques também. Pelé foi o maior jogador do século XX. Lionel Messi, pelo menos por enquanto, é candidato a melhor do século XXI. Polêmicas à parte, essa é a impressão que tem pairado no ar desde que o argentino, de 24 anos, se tornou a maior referência do futebol na atualidade ao ser eleito pela terceira vez consecutiva o melhor do mundo. Após o feito, as comparações entre os dois astros estão cada vez mais frequentes. Mas afinal, Messi poderá romper a barreira do milésimo e, quem sabe, alcançar o recorde de Pelé: 1.281 gols? Uma projeção feita pelo GLOBOESPORTE.COM responde à pergunta e mostra quanto tempo o camisa 10 do Barcelona vai precisar para atingir os feitos imortalizados pelo ídolo santista entre 1956 e 1977.
O GLOBOESPORTE.COM estabeleceu como critério inicial de comparação a idade atual do argentino: 24 anos e 11 meses. Além disso, também foi considerada a quantidade de gols marcados por ambos os jogadores em partidas oficiais e não oficiais por seus respectivos clubes e seleções para tentar nivelar a disputa e fazer a projeção do tempo que Messi vai precisar para alcançar os números de Pelé (reconhecidos oficialmente pela Fifa). Contra o jogador do Barcelona, no entanto, pesam os fatos de que Pelé jogava mais vezes por ano – vários amistosos – e incluiu em sua contagem os tentos anotados pela seleção do exército. Mas nada que apague os méritos do “Rei do Futebol”. Afinal, em 1959, 1961 e 1965, o maior jogador da história do Santos rompeu a barreira dos 100 gols em cada uma dessas temporadas.
Desde que Pep Guardiola se tornou o técnico do Barcelona em 2008/2009 - mesmo período em que Messi passou a assumir a condição de protagonista da equipe - foram 223 gols em 231 jogos pelo clube somando os amistosos. E o alto nível é mantido há quase quatro temporadas. Na carreira, contando jogos oficiais e não oficiais pela seleção argentina (Sub-20, Sub-23 e principal) e pelo Barça, o camisa 10 soma um total de 307 tentos e vive atualmente a sua melhor fase artilheira. Em 2011/2012, “La Pulga” fez 80 gols em 68 oportunidades. A média é de 1,17 por confronto. O recorde de Pelé, porém, data de 1959. Foram 126 gols em 103 duelos - média de 1,23. Lionel Messi é sinônimo de espetáculo. São raríssimas as vezes em que ele entra em campo e não dá show. Mesmo que, ainda assim, não consiga repetir com a seleção de seu país as atuações que tem com a camisa blaugrana.
Antes do surgimento de Messi e de sua consolidação como craque, a discussão sobre quem era o melhor jogador de todos os tempos estava quase sempre restrita a Pelé e Maradona. Para muitos, Pelé é rei. Para outros, Maradona é Deus. Mas atualmente “La Pulga” foi incluído nestas categorias. A tietagem da imprensa mundial sobre os constantes recordes assinalados pelo jogador chama a atenção. Os números parecem não resistir a tanta qualidade e seu futebol fala por si. Em março deste ano, Messi se tornou o maior artilheiro da história do Barcelona em partidas oficiais – tem 253 –, superando os 232 gols de César Rodríguez, ex-atleta do clube catalão entre as décadas de 40 e 50. Pela primeira vez na história, surge um jogador cujos feitos tornam possível uma comparação com Pelé.
Aos 24 anos e 11 meses, o jogador do clube catalão, no entanto, não chegou a um resultado tão expressivo quanto o do Rei. Com esta idade, Pelé já era bicampeão mundial e tinha mais conquistas a seu favor. O ídolo santista colecionava 37 títulos, 7 a mais do que o argentino. Além disso, o número de gols era bem superior: 756 contra 307 de Messi. Considerado pela Fifa o melhor jogador de futebol do século, Pelé deslumbrou o mundo com sua técnica, visão de jogo e faro de gol: marcou 1.281 em 1.365 partidas - 1.091 pelo Santos, 95 pela Seleção Brasileira, 65 pelo Cosmos (EUA), 15 pelas Forças Armadas, nove pela seleção paulista e seis num combinado Santos/Vasco. Outro ponto interessante é o fato de que Pelé com 20 anos – em apenas quatro anos como profissional - já somava o mesmo número de gols que Messi tem atualmente com 24.
Aos 29 anos, o “Rei do futebol” anotou seu gol de número 1.000 contra o Vasco no dia 19 de novembro de 1969, no Maracanã . Se “La Pulga” estipular como meta o milésimo, no caso de ter a mesma idade de Pelé para estabelecer o registro, terá que marcar 173 vezes por temporada, mais de dois por partida, nos próximos quatro anos - ainda faltam 693. Algo aparentemente impossível para um atleta atualmente.
Então, considerando esta temporada como seu auge, o jogador precisará manter sua melhor forma - 80 gols - durante oito temporadas e fazer mais 53 na nona para alcançar os quatro dígitos. Ou seja, terá 34 anos, cinco a mais do que Pelé necessitou.
Contra Messi, no entanto, pesam os fatos de que ele dificilmente conseguirá manter seu atual desempenho por muito tempo e a quantidade de gols marcados por ele tende a cair com o passar dos anos. Fato naturalmente compreensível para o grau de exigência física no futebol moderno. Logo, projetando uma queda de rendimento e utilizando a média de gols do jogador por temporada na carreira: 38 gols, Messi precisará jogar até os 43 anos para alcançar o milésimo.
Para alcançar o recorde máximo de 1.281 gols, a situação é ainda mais complicada. O jogador precisará anotar 81 tentos em cada uma das próximas 12 temporadas e, portanto, jogar em alto nível até os 37, mesma idade com que o "Rei" pendurou as chuteiras, e sem lesões graves.
Em 21 anos de carreira, o ex-atleta do Santos conquistou 60 títulos. Entre os mais importantes estão três Copas do Mundo, dois Mundiais de Clubes da Fifa, duas Libertadores, cinco Taças Brasil e dez Campeonatos Paulistas. Desses 60, 48 foram defendendo o clube da Baixada Santista. O que equivale a 52,17% de um total de 92 canecos levantados pelo Peixe ao longo de seu centenário. Para Messi alçancar o número de troféus, a conta é mais fácil: basta erguer três títulos por temporada durante uma década. No entanto, terá o difícil desafio de ser campeão do mundo com a Argentina por três vezes consecutivas para igualar em grau de importância.
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