A carreira de Felipe nunca foi um céu de brigadeiro. Com um medo confesso de avião, o goleiro aprendeu a lidar ainda na base com as turbulências aéreas e não demorou muito para perceber que teria que ter o mesmo controle em solo. Desde o inicio, no Vitória, passando por Corinthians e Portugal, ele viu o destaque em campo ser colocado em xeque pela personalidade fora dele. O histórico o fez chegar ao Flamengo sob a suspeita de ser uma bomba-relógio. Que até está desarmada, mas acostumou-se a viver em um entra e sai de nuvens carregadas por criticas.
Contratado em 2011 para uma posição em que os rubro-negros vinham de uma década de ídolos, com Julio César e Bruno, Felipe deu a resposta imediata ao contrato de risco imposto por Patricia Amorim. Com defesas importantes em pênaltis, foi decisivo na conquista do Carioca invicto, e em dezembro assinou novo vínculo por quatro temporadas. Desde então, o goleiro alternou voos tranquilos e céu fechado, com direito a tempestades, como a barração por Joel Santana e questionamentos sobre sua colaboração para o bem estar do grupo.
- Goleiro não pode errar. Diferente do atacante, que pode perder dez gols, faz um no final e é o cara da partida. Goleiro pode fazer dez defesas difíceis, mas se tomar um gol meio duvidoso, não presta. Estou calejado. A vida toda foi assim (...) Nunca tive problema com nenhum atleta, mas, às vezes, tem mais afinidade com um do que com outro. Nem por isso deixei de falar com alguém, de respeitar, criei problema. Ninguém é obrigado a ir na casa do outro. Num certo momento do ano passado eu me senti assim, mas depois não teve problema - avaliou, sobre questionamentos que sofreu nos quase três anos no clube.
Contratado em 2011 para uma posição em que os rubro-negros vinham de uma década de ídolos, com Julio César e Bruno, Felipe deu a resposta imediata ao contrato de risco imposto por Patricia Amorim. Com defesas importantes em pênaltis, foi decisivo na conquista do Carioca invicto, e em dezembro assinou novo vínculo por quatro temporadas. Desde então, o goleiro alternou voos tranquilos e céu fechado, com direito a tempestades, como a barração por Joel Santana e questionamentos sobre sua colaboração para o bem estar do grupo.
- Goleiro não pode errar. Diferente do atacante, que pode perder dez gols, faz um no final e é o cara da partida. Goleiro pode fazer dez defesas difíceis, mas se tomar um gol meio duvidoso, não presta. Estou calejado. A vida toda foi assim (...) Nunca tive problema com nenhum atleta, mas, às vezes, tem mais afinidade com um do que com outro. Nem por isso deixei de falar com alguém, de respeitar, criei problema. Ninguém é obrigado a ir na casa do outro. Num certo momento do ano passado eu me senti assim, mas depois não teve problema - avaliou, sobre questionamentos que sofreu nos quase três anos no clube.
E 2013 não foge à regra do camisa 1. Após um estadual como coadjuvante, chamou a atenção por falhas em sequência no inicio do Brasileirão e reencontrou o céu azul ao defender pênalti de Jadson diante do São Paulo. Contra o Cruzeiro, foi determinante em boa saída do gol em lance cara a cara com Vinicius Araújo (vídeo acima), e transpareceu o momento de paz com um sorriso de orelha a orelha após a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil.
Neste clima, Felipe recebeu o GLOBOESPORTE.COM para passar a limpo sua trajetória pela Gávea, chutar para longe qualquer relação com redes sociais e relembrar histórias de quando era apenas mais um torcedor rubro-negro em Salvador. Foi Pet, com seu gol de falta em 2001, o responsável pelo primeiro gole de cerveja na vida do goleiro. Sobre o momento atual da equipe, o diagnóstico foi objetivo: falta regularidade.
Confira abaixo o bate-papo:
Neste clima, Felipe recebeu o GLOBOESPORTE.COM para passar a limpo sua trajetória pela Gávea, chutar para longe qualquer relação com redes sociais e relembrar histórias de quando era apenas mais um torcedor rubro-negro em Salvador. Foi Pet, com seu gol de falta em 2001, o responsável pelo primeiro gole de cerveja na vida do goleiro. Sobre o momento atual da equipe, o diagnóstico foi objetivo: falta regularidade.
Confira abaixo o bate-papo:
GLOBOESPORTE.COM: Mais um ano no Flamengo, novos sofrimentos e a vida de goleiro: recentemente você pegou pênalti em um jogo, foi questionado em outros, alternou os momentos. Como está a cabeça do Felipe atualmente?
Felipe: Vida de goleiro é assim. Comecei o ano bem no Carioca. Agora, no Brasileiro, você tem duas ou três falhas, e começam a contestar. E no jogo seguinte já vai bem novamente. O importante é ter a confiança do grupo, do treinador. E se acostumar. Goleiro não pode errar. Diferente do atacante, que pode perder dez gols, faz um no final e é o cara da partida. Goleiro pode fazer dez defesas difíceis, mas se tomar um gol meio duvidoso, não presta. Estou calejado. A vida toda foi assim.
O ano de 2013 tem sido abaixo dos outros, você acha isso?
Não acho que tem sido abaixo. É ruim você falhar, ninguém gosta. Numa equipe grande, quando você erra dois jogos seguidos, é meio... Contra o Bahia foi um erro que acontece, mas que não pode acontecer. Trabalho mais forte para errar o menos possível.
Até que ponto a oscilação do time durante a temporada interfere individualmente em cada jogador?
Não estamos conseguindo manter a regularidade. Temos uma partida boa e, logo em seguida, que é para vencer a segunda e dar uma respirada na tabela, a gente faz um jogo abaixo. Fizemos uma partida muito boa contra o Atlético-MG e, logo em seguida, fomos mal contra a Portuguesa. Oscilamos muito. Podemos destacar o Elias, o André (Santos), como atletas que estão mantendo uma regularidade. Mas isso é muito pouco para o Flamengo. Precisamos de mais atletas que consigam manter certa regularidade para sair dessa fase.
Felipe: Vida de goleiro é assim. Comecei o ano bem no Carioca. Agora, no Brasileiro, você tem duas ou três falhas, e começam a contestar. E no jogo seguinte já vai bem novamente. O importante é ter a confiança do grupo, do treinador. E se acostumar. Goleiro não pode errar. Diferente do atacante, que pode perder dez gols, faz um no final e é o cara da partida. Goleiro pode fazer dez defesas difíceis, mas se tomar um gol meio duvidoso, não presta. Estou calejado. A vida toda foi assim.
O ano de 2013 tem sido abaixo dos outros, você acha isso?
Não acho que tem sido abaixo. É ruim você falhar, ninguém gosta. Numa equipe grande, quando você erra dois jogos seguidos, é meio... Contra o Bahia foi um erro que acontece, mas que não pode acontecer. Trabalho mais forte para errar o menos possível.
Até que ponto a oscilação do time durante a temporada interfere individualmente em cada jogador?
Não estamos conseguindo manter a regularidade. Temos uma partida boa e, logo em seguida, que é para vencer a segunda e dar uma respirada na tabela, a gente faz um jogo abaixo. Fizemos uma partida muito boa contra o Atlético-MG e, logo em seguida, fomos mal contra a Portuguesa. Oscilamos muito. Podemos destacar o Elias, o André (Santos), como atletas que estão mantendo uma regularidade. Mas isso é muito pouco para o Flamengo. Precisamos de mais atletas que consigam manter certa regularidade para sair dessa fase.
Quando a fase é complicada, o time leva até gol de goleiro. Como é para um goleiro levar gol de goleiro? (no empate por 1 a 1 com a Portuguesa, Lauro empatou nos acréscimos ao marcar de cabeça)
Para mim, foi diferente. Como profissional nunca tinha levado gol assim. Sofri na base, mas de pênalti. Quando teve o lance, já olhei logo o Lauro vindo de longe. Goleiro entende que quando o outro vem para área adversária tem a certeza de que vai cabecear a bola. Mandei o pessoal marcar. Não sei se teve falta de atenção...Na hora o defensor deve imaginar: “Ah, esse cara não sabe fazer”. Acabamos sofrendo. Dolorido, ainda mais no último lance. Com esses dois pontinhos poderíamos estar melhor na tabela.
Depois de quase três anos, como você se vê no clube: estabelecido, ainda sofrendo cobranças, sob desconfiança?
Numa equipe grande, a cobrança vai haver sempre. Não pode se acomodar. Cheguei sob a desconfiança de muitos, com contrato de risco: não podia fazer isso, aquilo. Não podia fazer nada. Era um contrato no qual não podia dar um vacilo, empréstimo de um ano. Depois desse tempo, pude renovar por mais quatro anos. Nunca tive problemas no Flamengo, com ninguém. Estou feliz, pretendo cumprir meu contrato, tenho mais dois anos e meio. Quero ganhar títulos importantes.
Para mim, foi diferente. Como profissional nunca tinha levado gol assim. Sofri na base, mas de pênalti. Quando teve o lance, já olhei logo o Lauro vindo de longe. Goleiro entende que quando o outro vem para área adversária tem a certeza de que vai cabecear a bola. Mandei o pessoal marcar. Não sei se teve falta de atenção...Na hora o defensor deve imaginar: “Ah, esse cara não sabe fazer”. Acabamos sofrendo. Dolorido, ainda mais no último lance. Com esses dois pontinhos poderíamos estar melhor na tabela.
Depois de quase três anos, como você se vê no clube: estabelecido, ainda sofrendo cobranças, sob desconfiança?
Numa equipe grande, a cobrança vai haver sempre. Não pode se acomodar. Cheguei sob a desconfiança de muitos, com contrato de risco: não podia fazer isso, aquilo. Não podia fazer nada. Era um contrato no qual não podia dar um vacilo, empréstimo de um ano. Depois desse tempo, pude renovar por mais quatro anos. Nunca tive problemas no Flamengo, com ninguém. Estou feliz, pretendo cumprir meu contrato, tenho mais dois anos e meio. Quero ganhar títulos importantes.
Assumir uma posição que por mais de dez anos teve jogadores como Julio César e Bruno, que viraram ídolos, traz uma pressão é maior? Você sentiu isso?
É diferente. Como foi comigo, poderia ser com qualquer outro goleiro. Ia sentir. Quando cheguei, no início de 2011, falei que seria muito difícil assumir a vaga que era de um ídolo. Meu início foi importante, ainda mais na disputa de pênaltis, já que o Bruno era especialista nisso. Consegui uma quebra, deixei o torcedor mais tranquilo. Mas eu sei: errou, vão lembrar do passado. É uma posição ingrata.
A questão da relação com os companheiros. Você sempre teve que responder sobre se tinha problema com alguém, que o Ronaldinho te chamava de 'mão de pau'. Em algum momento você sentiu que não era querido no grupo?
Falar, ninguém nunca falou, mas você sente. Principalmente no ano passado. Nunca tive problema com nenhum atleta, mas, às vezes, tem mais afinidade com um do que com outro. O Thiago (Neves) e o Willians eram as pessoas que eu convivia mais, até fora do clube, mas eles saíram. Com outros, não é ficar afastado, mas é não ter outro assunto que não seja do trabalho. Nem por isso, deixei de falar com alguém, de respeitar, criei problema. Ninguém é obrigado a ir na casa do outro. Num certo momento do ano passado eu me senti assim, mas depois não teve problema.
É diferente. Como foi comigo, poderia ser com qualquer outro goleiro. Ia sentir. Quando cheguei, no início de 2011, falei que seria muito difícil assumir a vaga que era de um ídolo. Meu início foi importante, ainda mais na disputa de pênaltis, já que o Bruno era especialista nisso. Consegui uma quebra, deixei o torcedor mais tranquilo. Mas eu sei: errou, vão lembrar do passado. É uma posição ingrata.
A questão da relação com os companheiros. Você sempre teve que responder sobre se tinha problema com alguém, que o Ronaldinho te chamava de 'mão de pau'. Em algum momento você sentiu que não era querido no grupo?
Falar, ninguém nunca falou, mas você sente. Principalmente no ano passado. Nunca tive problema com nenhum atleta, mas, às vezes, tem mais afinidade com um do que com outro. O Thiago (Neves) e o Willians eram as pessoas que eu convivia mais, até fora do clube, mas eles saíram. Com outros, não é ficar afastado, mas é não ter outro assunto que não seja do trabalho. Nem por isso, deixei de falar com alguém, de respeitar, criei problema. Ninguém é obrigado a ir na casa do outro. Num certo momento do ano passado eu me senti assim, mas depois não teve problema.
Mas quando você sentiu que não era querido, bateu uma tristeza, não pensou em sair, dar uma volta longe do Flamengo?
Fiquei doente e saí do time, com Joel. O Paulo entrou, jogou bem, e por méritos ficou jogando. Fiquei três meses sem atuar. Fiquei triste, pensei em sair, pois não estava podendo ajudar. Foi bastante complicado, mas depois voltei e acabei o ano tranquilo.
Você é um jogador que se expõe, tem personalidade e fala o que pensa. Acha que isso incomoda ou atrapalha?
No futebol, mesmo você certo, tem coisas que não podem ser ditas. Futebol é aquele mundinho...Às vezes, o cara não é polêmico, mas fala alguma coisa diferente de outras pessoas, e já criam problema. No Corinthians, era bem mais jovem, sofri muito com isso. No calor do jogo, os repórteres já sabiam e largavam o microfone. Eu soltava alguma coisa que, mesmo sendo certa, não era o momento exato. Cresci com esse rótulo de falar, ser polêmico. Mas não é ser polêmico. Não entro em assuntos que não são do futebol. A própria imprensa rotula. Temos que pensar mais e falar menos.
Pela sua história, desde o Vitória, a passagem pelo Corinthians, o rótulo de polêmico é uma coisa difícil de tirar?
Quando cheguei ao Flamengo, pouca gente da imprensa local me conhecia no dia a dia. Antes de chegar, já diziam que eu era uma bomba-relógio. Na primeira entrevista eu disse que no final do ano poderiam falar de mim. Tive uma besteira aqui, um negócio que saiu no Twitter ali...Mas é muito pouco pelo que foi falado de mim. Fiquei rotulado assim. Posso chegar aqui e falar que virei evangélico. Acho que não vai adiantar nada. Qualquer coisa que falar de diferente vão lembrar do meu passado, que foi meio complicado mesmo.
As polêmicas e os problemas te deixaram calejado para encarar o Flamengo e ajudaram no que você é hoje?
Minha vida de Corinthians, Vitória, em Portugal, me ajudou a estar mais tranquilo hoje. Certamente, se estivesse hoje no Flamengo com a cabeça de três anos atrás, eu não estaria no Flamengo (risos). Em um clube grande como o Flamengo não tem espaço para certas coisas. Eu me arrependo de ter feito certas coisas, uma palavra errada que fala, uma entrevista que tenta se explicar e acaba complicando. Hoje, estou mais maduro, com três filhos, chegando uma menina agora. Você passa a refletir mais e falar menos.
Fiquei doente e saí do time, com Joel. O Paulo entrou, jogou bem, e por méritos ficou jogando. Fiquei três meses sem atuar. Fiquei triste, pensei em sair, pois não estava podendo ajudar. Foi bastante complicado, mas depois voltei e acabei o ano tranquilo.
Você é um jogador que se expõe, tem personalidade e fala o que pensa. Acha que isso incomoda ou atrapalha?
No futebol, mesmo você certo, tem coisas que não podem ser ditas. Futebol é aquele mundinho...Às vezes, o cara não é polêmico, mas fala alguma coisa diferente de outras pessoas, e já criam problema. No Corinthians, era bem mais jovem, sofri muito com isso. No calor do jogo, os repórteres já sabiam e largavam o microfone. Eu soltava alguma coisa que, mesmo sendo certa, não era o momento exato. Cresci com esse rótulo de falar, ser polêmico. Mas não é ser polêmico. Não entro em assuntos que não são do futebol. A própria imprensa rotula. Temos que pensar mais e falar menos.
Pela sua história, desde o Vitória, a passagem pelo Corinthians, o rótulo de polêmico é uma coisa difícil de tirar?
Quando cheguei ao Flamengo, pouca gente da imprensa local me conhecia no dia a dia. Antes de chegar, já diziam que eu era uma bomba-relógio. Na primeira entrevista eu disse que no final do ano poderiam falar de mim. Tive uma besteira aqui, um negócio que saiu no Twitter ali...Mas é muito pouco pelo que foi falado de mim. Fiquei rotulado assim. Posso chegar aqui e falar que virei evangélico. Acho que não vai adiantar nada. Qualquer coisa que falar de diferente vão lembrar do meu passado, que foi meio complicado mesmo.
As polêmicas e os problemas te deixaram calejado para encarar o Flamengo e ajudaram no que você é hoje?
Minha vida de Corinthians, Vitória, em Portugal, me ajudou a estar mais tranquilo hoje. Certamente, se estivesse hoje no Flamengo com a cabeça de três anos atrás, eu não estaria no Flamengo (risos). Em um clube grande como o Flamengo não tem espaço para certas coisas. Eu me arrependo de ter feito certas coisas, uma palavra errada que fala, uma entrevista que tenta se explicar e acaba complicando. Hoje, estou mais maduro, com três filhos, chegando uma menina agora. Você passa a refletir mais e falar menos.
Parar de usar a rede social ajudou a evitar polêmicas?
Levei muito puxão de orelha aqui, ó (olha para o assessor de imprensa). Negócio de Twitter, rede social. O pior é o pós-jogo, como se fosse entrevista, não pode falar de cabeça quente. Não tenho mais Twitter, se tiver algum aí...
É do seu primo?
(Risos) Não, parente não tem mais. Pessoas próximas não têm Twitter, nem minha mulher, mãe, pai. Sabem que dá dor de cabeça. Meu momento é zen, tranquilo, focado em trabalhar e ajudar o Flamengo. O ano está sendo complicado, não serei eu que trarei problemas para o clube. Só quero ver notícia minha dentro de campo.
Depois de dois filhos homens, como Felipe se prepara para ser pai de uma menina?
Brincadeira não vai ter. Estou tentando compreender ainda. Tenho três irmãs mais novas que sofriam comigo, pois sou muito ciumento. Menino você vai ao shopping, compra uma camisa e está bom. Você quer ver descalço, boné pra trás. Menina... minha mulher manda escolher uma sainha rosa, laço. Está sendo diferente. Minha mãe e minha sogra dizem que estão com dó antes mesmo de ela nascer. Mas quero ser um pai exemplar, como sou para os meninos.
Com a mudança de diretoria, como é jogar tendo sempre a obrigação de vencer, mas também sabendo que esse é um ano em que o clube tenta arrumar a casa, que não foi montado um time como grande força do campeonato?
Ano de mudança geralmente é complicado. A gente sabia que seria assim. Se o torcedor acha que o elenco é bom ou não, quem está no Flamengo é porque tem condições. Ninguém está aqui por acaso. O meio da tabela não é lugar para o Flamengo. Atletas, comissão e diretoria estão fazendo o possível. Mas, às vezes, mesmo fazendo o possível você não consegue conquistar seus objetivos.
E o Mano Menezes. Você trabalhou com ele no Corinthians, de onde sua saída foi conturbada. Como foi o reencontro? Teve uma história de reunião no vestiário aqui no Flamengo, quando ele falou que seu jeito de reclamar é muito expansivo e ele não curtia muito...
Do Corinthians, eu saí brigado, mas não tive nenhum problema com o Mano. Foi um dos poucos que chegaram para conversar, disse que não seria bom sair naquele momento, mas não tive problema nos três anos em que trabalhamos juntos. Realmente, houve essa reunião aqui na apresentação dele, mas não do jeito que falaram. Ele estava explicando que quando o atleta reclama, ele tem que falar o nome da pessoa. Não abrindo o braço, pois ninguém vai saber para quem está sendo direcionado. Ele explicou isso e citou vários exemplos. Eu fui um deles. Tudo pelo bem do time. Não é abrindo o braço, pois acaba expondo tudo e nada ao mesmo tempo. Quem vazou essa notícia estava com má fé.
Quando olha para o futuro, o que você ainda almeja? Quer ficar no Flamengo?
Não penso em jogar fora do Brasil. Estou numa grande equipe, me vejo bem. Numa cidade boa, no clube que gosto. Quando acabar meu contrato, vou estar com 31 anos. Penso em jogar até 35, 36. Penso em renovar meu contrato, mas tenho que fazer por onde. Tenho apenas um título do Carioca. Nunca fui campeão brasileiro. Quero um. Libertadores... Para quando parar de jogar, lembrarem do time do Flamengo, lembrarem de mim, minha foto lá no clube.
Levei muito puxão de orelha aqui, ó (olha para o assessor de imprensa). Negócio de Twitter, rede social. O pior é o pós-jogo, como se fosse entrevista, não pode falar de cabeça quente. Não tenho mais Twitter, se tiver algum aí...
É do seu primo?
(Risos) Não, parente não tem mais. Pessoas próximas não têm Twitter, nem minha mulher, mãe, pai. Sabem que dá dor de cabeça. Meu momento é zen, tranquilo, focado em trabalhar e ajudar o Flamengo. O ano está sendo complicado, não serei eu que trarei problemas para o clube. Só quero ver notícia minha dentro de campo.
Depois de dois filhos homens, como Felipe se prepara para ser pai de uma menina?
Brincadeira não vai ter. Estou tentando compreender ainda. Tenho três irmãs mais novas que sofriam comigo, pois sou muito ciumento. Menino você vai ao shopping, compra uma camisa e está bom. Você quer ver descalço, boné pra trás. Menina... minha mulher manda escolher uma sainha rosa, laço. Está sendo diferente. Minha mãe e minha sogra dizem que estão com dó antes mesmo de ela nascer. Mas quero ser um pai exemplar, como sou para os meninos.
Com a mudança de diretoria, como é jogar tendo sempre a obrigação de vencer, mas também sabendo que esse é um ano em que o clube tenta arrumar a casa, que não foi montado um time como grande força do campeonato?
Ano de mudança geralmente é complicado. A gente sabia que seria assim. Se o torcedor acha que o elenco é bom ou não, quem está no Flamengo é porque tem condições. Ninguém está aqui por acaso. O meio da tabela não é lugar para o Flamengo. Atletas, comissão e diretoria estão fazendo o possível. Mas, às vezes, mesmo fazendo o possível você não consegue conquistar seus objetivos.
E o Mano Menezes. Você trabalhou com ele no Corinthians, de onde sua saída foi conturbada. Como foi o reencontro? Teve uma história de reunião no vestiário aqui no Flamengo, quando ele falou que seu jeito de reclamar é muito expansivo e ele não curtia muito...
Do Corinthians, eu saí brigado, mas não tive nenhum problema com o Mano. Foi um dos poucos que chegaram para conversar, disse que não seria bom sair naquele momento, mas não tive problema nos três anos em que trabalhamos juntos. Realmente, houve essa reunião aqui na apresentação dele, mas não do jeito que falaram. Ele estava explicando que quando o atleta reclama, ele tem que falar o nome da pessoa. Não abrindo o braço, pois ninguém vai saber para quem está sendo direcionado. Ele explicou isso e citou vários exemplos. Eu fui um deles. Tudo pelo bem do time. Não é abrindo o braço, pois acaba expondo tudo e nada ao mesmo tempo. Quem vazou essa notícia estava com má fé.
Quando olha para o futuro, o que você ainda almeja? Quer ficar no Flamengo?
Não penso em jogar fora do Brasil. Estou numa grande equipe, me vejo bem. Numa cidade boa, no clube que gosto. Quando acabar meu contrato, vou estar com 31 anos. Penso em jogar até 35, 36. Penso em renovar meu contrato, mas tenho que fazer por onde. Tenho apenas um título do Carioca. Nunca fui campeão brasileiro. Quero um. Libertadores... Para quando parar de jogar, lembrarem do time do Flamengo, lembrarem de mim, minha foto lá no clube.
Tem alguma passagem com o Flamengo antes de ser jogador do clube, algo que marcou a relação?
Desde que era do Corinthians nunca escondi de ninguém que torcia para o Flamengo, mas era profissional. Tenho o Corinthians no meu coração, pois foi o clube que me projetou. Lembro do Carioca de 95, o gol de barriga do Renato. Estava em Salvador, assistindo ao compacto logo depois do jogo. Aqui no Rio, o Fluminense já tinha sido campeão, mas lá em Salvador ainda estava vendo o jogo, que estava 2 a 1. O Flamengo empatou, saí na rua gritando “É campeão”, meus amigos gritando também. Um vizinho tricolor virou para mim e disse: “Ô, acabou o jogo e o Fluminense foi campeão”. Eu disse: “Nada, o Flamengo empatou agora”. Ele completou: “Então, daqui a pouco você vai ver o gol. Eu disse: “Ih, o cara tá mamado, falando besteira”. A gente pulando e de repente o gol de barriga. O outro foi o gol do Pet no tricampeonato. Foi quando tomei meu primeiro gole de cerveja, em 2001. Eu não bebia, o Flamengo estava perdendo, e eu disse que se ganhasse eu ia beber. Acabei bebendo uma garrafa inteira. Foram duas coisas que me marcaram.
E sua ligação com a religião? Sempre joga com o terço e é nascido na Bahia, onde o candomblé é forte.
Sou de tudo um pouco, tudo para ajudar é bem-vindo. Sempre gostei de terço. Em Salvador, minha mãe gosta de fazer uns negócios com os amigos dela eu vou lá, nada contra religião nenhuma. O terço uso desde o juvenil. Tenho ritual todo jogo, o roupeiro já sabe onde coloca meu santo, meu terço. Não peço nada, só agradeço por estar naquele momento.
Nesse ano, com o Flamengo jogando fora do Rio, um monte de viagem, o seu conhecido medo de avião está mais latente? Afinal, como começou isso?
Meu pai era controlador de voo e quando fazia churrasco com os amigos eu ouvia algumas coisas, “aquele avião passou assim”, “o ponto cego”. Em 2001, eu estava com a seleção sub-17 nas Ilhas Canárias. Pegamos uma turbulência e a aeromoça mandou colocar o colete salva-vidas, ficar na posição de impacto. Pensei: “Vai cair, não tem jeito”. Fiquei com trauma. Ninguém brinca mais comigo, viajo na saída de emergência, vou sério, suando, não como nem bebo e não converso com ninguém. Vejo a previsão do tempo antes e vou levando. Vou jogar até 35, mas por causa do avião, pode ser menos (risos). Cheguei a começar um tratamento em São Paulo, mas não deu jeito. O cara colocou cadeira, me beliscava e eu não sentia dor nenhuma. Depois de 15 dias ele disse que eu entraria no avião e não sentiria mais nada. Entrei e na primeira a balançada já comecei a gritar.
O que é pior? Turbulência lá em cima ou aqui embaixo, no Flamengo?
Boa pergunta. Mas aqui embaixo é ainda pior. Lá em cima você grita, desespera e está bom. Aqui não pode gritar em desesperar, tem que trabalhar para tentar melhorar a situação.
Desde que era do Corinthians nunca escondi de ninguém que torcia para o Flamengo, mas era profissional. Tenho o Corinthians no meu coração, pois foi o clube que me projetou. Lembro do Carioca de 95, o gol de barriga do Renato. Estava em Salvador, assistindo ao compacto logo depois do jogo. Aqui no Rio, o Fluminense já tinha sido campeão, mas lá em Salvador ainda estava vendo o jogo, que estava 2 a 1. O Flamengo empatou, saí na rua gritando “É campeão”, meus amigos gritando também. Um vizinho tricolor virou para mim e disse: “Ô, acabou o jogo e o Fluminense foi campeão”. Eu disse: “Nada, o Flamengo empatou agora”. Ele completou: “Então, daqui a pouco você vai ver o gol. Eu disse: “Ih, o cara tá mamado, falando besteira”. A gente pulando e de repente o gol de barriga. O outro foi o gol do Pet no tricampeonato. Foi quando tomei meu primeiro gole de cerveja, em 2001. Eu não bebia, o Flamengo estava perdendo, e eu disse que se ganhasse eu ia beber. Acabei bebendo uma garrafa inteira. Foram duas coisas que me marcaram.
E sua ligação com a religião? Sempre joga com o terço e é nascido na Bahia, onde o candomblé é forte.
Sou de tudo um pouco, tudo para ajudar é bem-vindo. Sempre gostei de terço. Em Salvador, minha mãe gosta de fazer uns negócios com os amigos dela eu vou lá, nada contra religião nenhuma. O terço uso desde o juvenil. Tenho ritual todo jogo, o roupeiro já sabe onde coloca meu santo, meu terço. Não peço nada, só agradeço por estar naquele momento.
Nesse ano, com o Flamengo jogando fora do Rio, um monte de viagem, o seu conhecido medo de avião está mais latente? Afinal, como começou isso?
Meu pai era controlador de voo e quando fazia churrasco com os amigos eu ouvia algumas coisas, “aquele avião passou assim”, “o ponto cego”. Em 2001, eu estava com a seleção sub-17 nas Ilhas Canárias. Pegamos uma turbulência e a aeromoça mandou colocar o colete salva-vidas, ficar na posição de impacto. Pensei: “Vai cair, não tem jeito”. Fiquei com trauma. Ninguém brinca mais comigo, viajo na saída de emergência, vou sério, suando, não como nem bebo e não converso com ninguém. Vejo a previsão do tempo antes e vou levando. Vou jogar até 35, mas por causa do avião, pode ser menos (risos). Cheguei a começar um tratamento em São Paulo, mas não deu jeito. O cara colocou cadeira, me beliscava e eu não sentia dor nenhuma. Depois de 15 dias ele disse que eu entraria no avião e não sentiria mais nada. Entrei e na primeira a balançada já comecei a gritar.
O que é pior? Turbulência lá em cima ou aqui embaixo, no Flamengo?
Boa pergunta. Mas aqui embaixo é ainda pior. Lá em cima você grita, desespera e está bom. Aqui não pode gritar em desesperar, tem que trabalhar para tentar melhorar a situação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário