30 de ago. de 2013

Sobrinho de Jorge Amado banca que Lionel Messi sofre de autismo e vira polêmica: ‘Se ele quiser me processar que vá provar na Justiça’

Lionel Messi atua pelo Barcelona Foto: AFP /
Sabrina Grimberg
Tamanho do texto A A A
Sobrinho de Jorge Amado e filho de um neuropediatra, Roberto Amado publicou um artigo na última quarta-feira afirmando que Lionel Messi sofre de Síndrome de Asperger, e que este autismo leve foi diagnosticado quando o craque tinha 8 anos. Roberto Amado garante que “existem registros na Internet” sobre o assunto, mas deixa claro que decidiu “correr o risco” e publicar o artigo que vem movimentado (e muito) as redes sociais.
“A Síndrome de Asperger não é comprovada com um exame de sangue ou uma tomografia. É uma análise feita por um terapeuta, com 300 genes envolvidos, baseado num questionário de 120 itens. É uma questão comportamental, que um profissional pode chegar a essa conclusão e outro dizer que não. Sou filho de neuropediatras, convivo a vida inteira com crianças autistas e tive a coragem de publicar o artigo”, explica Amado. “É especulativo e arriscado? Mas tem bases científicas e quem quiser que me copie e corra um risco secundário”, acrescenta ele, referindo-se sobre a dimensão tomada na web.
Jornalista, cineasta e escritor, Roberto Amado afirma que não teme ser processado pelo melhor jogador do mundo da atualidade, e que não deu simplesmente uma opinião: foi atrás de profissionais qualificados.
“Conversei com pessoas envolvidas com o assunto e ninguém sequer contestou o contrário. Se eu cometi uma imprudência é problema meu. Não preciso provar nada para ninguém. Se ele quiser me processar que vá provar na Justiça. Há dois anos que falo isso porque eu conheço o olhar e pessoas envolvidas nessa questão”, defende-se. “Não é demérito nenhum ter autismo. É só uma curiosidade mesmo”, completa.
Roberto Amado também não acha possível que haja uma “prova”. “Se for ligar para um terapeuta provavelmente ele vai dizer que precisa examinar o paciente. E ninguém vai provar porque há uma proteção em cima dele. Nem eu vou encontrar o profissional que fez essa análise lá atrás. Fora isso, ele também não vai querer se expor”.
Leia um trecho do artigo de Roberto Amado que está causando burburinho nas redes sociais
"Messi é autista. Ele foi diagnosticado aos 8 anos de idade, ainda na Argentina, com a síndrome de Asperger, conhecida como uma forma branda de autismo. Ainda que o diagnóstico do atleta tenha sido pouco divulgado e questionado, como uma maneira de protegê-lo, o fato é que seu comportamento dentro e fora de campo são reveladores.
Ter síndrome de Asperger não é nenhum demérito. São pessoas, em geral do sexo masculino, que apresentam dificuldades de socialização, atos motores repetitivos e interesses muito estranhos. Popularmente, a síndrome é conhecida como uma fábrica de gênios. É o caso de Messi.
O escritor Roberto Amado
O escritor Roberto Amado Foto: Divulgação
É possível identificar, pela experiência, como o autismo revela-se no seu comportamento em campo — nas jogadas, nos dribles, na movimentação, no chute. “Autistas estão sempre procurando adotar um padrão e repeti-lo exaustivamente”, diz Nilton Vitulli, pai de um portador da síndrome de Asperger e membro atuante da ong Autismo e Realidade e da rede social Cidadão Saúde, que reúne pais e familiares de “aspergianos”.
“O Messi sempre faz os mesmos movimentos: quase sempre cai pela direita, dribla da mesma forma e frequentemente faz aquele gol de cavadinha, típico dele”, diz Vitulli, que jogou futebol e quase se profissionalizou. E explica que, graças à memória descomunal que os autistas têm, Messi provavelmente deve conhecer todos os movimentos que podem ocorrer, por exemplo, na hora de finalizar em gol.
“É como se ele previsse os movimentos do goleiro. Ele apenas repete um padrão conhecido.Quando ele entra na área, já sabe que vai fazer o gol. E comemora, com aquela sorriso típico de autista, de quem cumpriu sua missão e está aliviado”.
A qualidade do chute, extraordinária em Messi, e a habilidade de manter a bola grudada no pé, mesmo em alta velocidade, são provavelmente, segundo Vitulli, também padrões de repetição, aliados, claro, à grande habilidade do jogador. Ele compara o comportamento de Messi a um célebre surfista havaiano, Clay Marzo, também diagnosticado com a síndrome de Asperger.
“É um surfista extraordinário. E é possível perceber características de autista quando ele está numa onda. Assim, como o Messi, ele é perfeito, como se ele soubesse exatamente o comportamento da onda e apenas repetisse um padrão”. Mas autistas, segundo Vitulli, não são criativos, apenas repetem o que sabem fazer. “Cristiano Ronaldo e Neymar criam muito mais. Mas também erram mais”, diz ele.
Autistas podem ser capazes de feitos impressionantes — e o filme Rain Man, feito em 1988, é um exemplo dessa capacidade. Hoje já se sabe, por exemplo, que os físicos Newton e Einstein tinham alguma forma de autismo, assim como Bill Gates. Nessa lista de gênios, Messi faz parte.
Também fora de campo, seu comportamento é revelador. Quem já não reparou nas dificuldades de comunicação do jogador, denunciadas em entrevistas coletivas e até em comerciais protagonizados por ele? Ou no seu comportamento arredio em relação a eventos sociais? Para Giselle Zambiazzi, presidente da AMA Brusque, (Associação de Pais, Amigos e Profissionais dos Autistas de Brusque e Região, em Santa Catarina), e mãe de um menino de 10 anos diagnosticado com síndrome de Asperger, foi uma revelação observar certas atitudes de Messi.
“A começar pelas entrevistas: é visível o quanto aquele ambiente o incomoda. Aquele ar “perdido”, louco pra fugir dali. A coçadinha na cabeça, as mãos, o olhar que nunca olha de fato. Um autista tem dificuldade em lidar com esse bombardeio de informações do mundo externo”, diz Giselle. Segundo ela, é possível perceber o alto grau de concentração de Messi: “ele sabe exatamente o que quer e tem a mesma objetividade que vejo em meu filho”.
Giselle observou algumas jogadas do argentino e também não teve dúvidas: “o olhar que ‘não olha’ é o mesmo que vejo em todos. Em uma jogada, ele foi levando a bola até estar frente a frente com um adversário. Era o momento de encará-lo. Ele levantou a cabeça, mas, o olhar desviou. Ou seja, não houve comunicação. Ele simplesmente se manteve no seu traçado, no seu objetivo, foi lá e fez o gol. Sem mais”


Leia mais: http://extra.globo.com/famosos/retratos-da-bola/sobrinho-de-jorge-amado-banca-que-lionel-messi-sofre-de-autismo-vira-polemica-se-ele-quiser-me-processar-que-va-provar-na-justica-9741722.html#ixzz2dWPZS7FA

Nenhum comentário: