Nosso calvário através do pobre ruralito continua. É certo que pra ver o Bacaxá se opor às nossas altíssimas e mais justas aspirações vai pouca gente ao estádio. E quem não for vai ver pela televisão reclamando do preço. Mas o problema não é o preço do ingresso. É a mediocridade dos nossos atuais desafios que melhor explica a ausência do genuíno entusiasmo rubro-negro nas arquibancadas. O Flamengo não nasceu pra preliminar e muito menos pra jogar no sábado.
O time também tem pisado muito no tomate, mas tem muito torcedor fazendo doce. Ainda estamos em março e já tem o maior galerão dizendo que o ano está irremediavelmente perdido pro Flamengo. Atitude esquisitona que é bastante estranha ao nosso tradicional way of life. Mas que atire o primeiro sinalizador o torcedor que não é humano, ridiculo, limitado, que só usa 10% da sua cabeça animal.
É verdade que a dolorosa consciência de que não temos as armas necessárias para disputar um Brasileiro seriamente, estamos bem longe disso, dá uma broxada. Mas o papo agora é Carioca, meus amigos. Temos que ter confiança. Se não no time, pelo menos na mística do Manto e na tradicional incompetência dos nossos clientes municipais, que nunca nos falham na hora do aperto. É a história que nos mostra que se eles ainda não flatularam não vão demorar a fazê-lo.
Estou bastante curioso com o Flamengo sob nova direção que o Jorginho vai mandar ao gramado do Vazião. Durante a semana de treinamentos as notícias não foram muito auspiciosas. Apesar de Jorginho ter chegado dizendo que estava em dia com as prestações do carnê, e que vinha acompanhando o Fuderoso Triturador de Professores, a sua aparente preferencia por Renato Abreu na composição do meio campo contrariou o seu discurso. Essa pequena mancada no starting gate foi o bastante para que sua capacidade profissional fosse desde então fortemente questionada. Na minha opinião um exagero, Jorginho continua zerado.
Nunca fui fã do Renato, mas arrisco levantar a hipótese de que ele esteja sendo perseguido por parte da torcida. Num time de futebol quando as coisas vão mal coletivamente a tendência é que coloquemos a responsabilidade pelos maus resultados sobre aqueles jogadores com os quais não simpatizamos. E Renato, ao lado de Léo Moura e de Alex Silva, com Ibson correndo por fora, lidera a lista dos mais pedidos.
Pedidos para que se dirijam imediatamente ao banco de reservas ou a qualquer outro sítio onde as vulgívagas trouxeram à luz sua descendência ilegítima. Ele não tem jogado porra nenhuma e por isso mesmo nós perseguimos o cara. Não é gratuito, mas não dá pra negar.
Faço aqui o mea culpa porque sou um dos corneteiros que pegam no pé desses caras há anos seguidos. Tenho meus motivos para tal comportamento, mas também tenho consciência de que Jorginho merece desfrutar plenamente do benefício da dúvida. Diferentemente de nós, ele não está vendo esses malas jogarem nada desde 2010 e chegou pra ser o treinador de um clube em pleno processo de reinvenção, um Flamengo que ainda está saindo do ovo. Portanto é justo, e até prudente, que Jorginho dê oportunidades iguais a todos os nossos mulambos para que estes mostrem suas qualidades. Existam elas ou não.
No caso específico de Renato, malgrado sua exasperante lentidão e sua suposta liderança deletéria no vestiário, com Cáceres fora ele pode ser titular contra o Boavista, sim. Talvez até deva. Porque é inegável que possui mais recursos técnicos (bicuda loka) que Amaral e porque ao Boavista, com todo o respeito, falta tudo. Camisa, futebol, nome e tradição. Não é um jogo que vá selar a sorte ou definir a titularidade de ninguém, é só mais um daqueles compromissos de carioqueta mixuruca em que o Flamengo tem obrigação de vencer. Com Renato, sem Renato, seja do jeito que for.
Como se não a estivesse exercendo ininterruptamente desde 2009 a torcida vai ter que ter mais um pouco de paciência, oficialmente o trabalho voltou à estaca zero. Mas já vamos poder conferir se esse Flamengo novo do Jorginho, jogando no 1 – 2 – 3 – 4, 4 – 3 – 2 -1, tem mesmo algo em comum com o pequeno Barcelona.
Não dá pra esperar nenhuma façanha, nenhuma exibição primorosa, mas acho que dá pra exigir 3 pontos. Noves fora a sufocante ausência do supremo futebol arte que não exibimos desde o Fla-Flor de 2 de dezembro de 1989, em Juiz de Fora, se o Flamengo não ganhar do Boavista vai ganhar de quem?
Que haja muito fôlego pra nós e para o novo Flamengo.
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Mengão Sempre
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