Vendido no fim de janeiro ao Liverpool pelo Internazionale por R$ 37 milhões, Philippe Coutinho precisou de poucos jogos para encantar os ingleses e entender as diferenças que separam o estilo de jogo do país para o futebol italiano. Nos quase dois meses vestindo a camisa 10 dos Reds, o brasileiro teve como missão ajudar o ataque a fazer mais gols, e vem se saindo muito bem na tarefa, já que o time marcou 13 vezes e conseguiu três vitórias nas últimas cinco rodadas do Campeonato Inglês. Na sua opinião, o sucesso se deve à maior liberdade em campo e ao estilo menos tático dos britânicos, o que vem agradando o jogador.
- Fui muito bem recebido aqui. Todos me acolheram bem e o clube é como uma família, mesmo com grandes ídolos jogando aqui. No campo, o estilo de jogo deles é mais pegado. Isso foi difícil na primeira semana aqui. Lá na Itália tem um respeito tático maior e a marcação é mais bem ajustada, fazendo com que os espaços sejam menores. Aqui é muito mais corrido. Por isso, acho que no Inglês tem espaços para jogar, mas tenho que ser mais veloz. Jogar na Inglaterra é bem melhor - explicou Coutinho por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.
Philippe Coutinho deixou o seu na goleada do Liverpool contra o Swansea (Foto: Agência Getty Images)
A melhora do aproveitamento da equipe pode ser atrelada ao bom desempenho do novo camisa 10, mas também tem grande participação de Luis Suárez. O próprio Coutinho reconhece que, mesmo com os números do ataque crescendo, o Liverpool ainda sofre com a dependência do craque uruguaio, artilheiro da competição e principal nome do time. A disposição para brigar por bolas praticamente perdidas e o faro de gol do camisa 7 dos Reds faz a diferença muitas vezes.
- É um prazer jogar com um cara que representa muito para o clube e para o futebol. Ele é um ídolo. Tem muitas qualidades, briga por todas as bolas e é muito bom. Estou tentando fazer o meu trabalho, crescendo na carreira, tentando ajudar com gols e passes decisivos. Antes de chegar, eu não sei como era e não acompanhava muito o Liverpool. Sei que ele ajuda muito e corre demais. Acho que somos dependentes dele por isso, espero que ele fique aqui – explicou Coutinho.
A possibilidade de perder um dos atacantes mais efetivos do futebol mundial mexeria com qualquer time. Por isso, o ex-vascaíno faz questão de frisar que não existe “plano B” no Liverpool caso Luis Suárez troque de clube no fim da temporada. Na última semana, o uruguaio deixou em aberto uma possível troca dos Reds para um time classificado para a Liga dos Campeões. Coutinho ainda lembra que o companheiro sul-americano é um dos jogadores que mais o ajudaram durante o início de adaptação ao estilo inglês.
Luis Suárez e Philippe Coutinho são as principais
- Eu sempre fico com o Lucas (Leiva), os jogadores espanhóis e os uruguaios, inclusive Suárez. Nunca conversei com ele sobre isso (saída do clube no meio do ano). Acompanho apenas pela imprensa e não sei até que ponto isso é verdade. Para mim, como amigo e companheiro, espero que fique, já que é insubstituível. Porém, a decisão é apenas dele e vou entender – comentou.
Companheiros elogiam primeiros meses
Se por um lado o time sofre com a possibilidade de perder Suárez, por outro comemora até agora a chegada de Coutinho. O brasileiro costuma ser elogiado de maneira contundente por alguns dos principais nomes do clube. Encantado com as cinco primeiras partidas, o capitão da equipe Steven Gerrard, por exemplo, projeta uma temporada 2013-14 ainda melhor para o camisa 10, enquanto o treinador dos Reds Brendam Rodgers afirmou que as expectativas em cima do jovem são grandes. Consciente da responsabilidade, Philippe se sente agradecido e afirma que as palavras de dois ídolos não pesam tanto dentro de campo.
Os elogios a Coutinho
- Esses elogios para mim são importantes. Eles confiam em mim, isso é uma coisa legal para qualquer jogador. Li e ouvi o que eles falaram. O Gerrard é o capitão e é 'muito ídolo', assim como o treinador, o que deixa tudo ainda melhor. Mas, sem pressão, espero seguir fazendo o meu trabalho.
Apesar da reverência e da melhora desde a sua chegada, o Liverpool está longe de viver uma boa fase. Atualmente em sétimo no Campeonato Inglês, eliminados de qualquer disputa por título na temporada, o time concentra suas forças para tentar se aproximar dos primeiros colocados, e beliscar uma vaga nas próximas competições europeias. A tarefa, no entanto, não é das mais fáceis, uma vez que a diferenças de pontos para os que estão dentro da zona de classificação para a Liga Europa e a Liga dos Campeões é de cinco e nove pontos, respectivamente.
- A gente tem como objetivo vencer o maior número de jogos possíveis para tentar chegar nos líderes. O treinador sempre fala que temos que chegar entre os cinco primeiros para chegar em uma das principais competições. Os torcedores daqui são muito fanáticos, apoiam o tempo inteiro e vão a todos os jogos. Eles sempre estão gritando e apoiando o time. Mesmo não disputando títulos neste ano, a torcida está presente.
Coutinho afirma que meta para este ano é vencer o maior número de jogos no Inglês (Foto: Getty Images)
As lesões, problemas recorrentes enquanto defendeu o Inter de Milão – em três anos por lá, foram três problemas musculares e um no pé -, são tratadas com especial atenção por ele e pela comissão técnica dos Reds. Coutinho explica que o clube monitora cada treinamento para que este tipo de problema não volte a acontecer e lembra que para o próximo ano fará uma pré-temporada com o Liverpool, o que deve deixar a situação física ainda mais controlada.
Coutinho sofreu com lesões no Inter (Foto: AP)
- Eles sempre monitoram os treinamentos e sabem quando o atleta forçou demais ou menos. Cada dia tem um nível de esforço que eles pedem para a gente fazer. A prevenção é muito forte aqui. Espero não ter mais problemas físicos. No Inter, tive uma lesão no pé e duas ou três musculares, e eu não quero mais isso. Em julho, vou fazer uma ótima pré-temporada e depois um excelente ano.
Seleção passa por atuações nos Reds
Destaque nas categorias de base da seleção brasileira, ao lado de Neymar, o jogador espera por uma oportunidade para voltar a vestir a amarelinha sob o comando do treinador Luiz Felipe Scolari. Como uma convocação par a Copa das Confederações, em junho, é praticamente impossível, pois ainda não foi chamado pelo novo técnico, o jogador dos Reds afirma que o caminho de retorno passa por bons jogos com a camisa 10 vermelha no fim da atual temporada e no início da próxima.
- Ele está no início do trabalho e tenho visto os jogos. É como eu sempre falo, penso no Liverpool, em crescer e melhorar para ele ver o meu trabalho. Só assim eu vou ter uma chance. Quando chegar a hora, e se chegar, eu vou tentar aproveitar da melhor maneira possível.
* Por Daniel Falcão, sob supervisão de Felipe Barbalho.
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