Filme repetido no Stamford Bridge, e com festa azul. O Chelsea não foi empolgante como tem sido ao longo da temporada. Pelo contrário, foi dominado pelo Shakhtar Donetsk na maior parte do jogo, mas, assim como na campanha do título na temporada passada, foi decisivo quando preciso e venceu os ucranianos por 3 a 2, nesta quarta-feira, pela quarta rodada do Grupo E da Liga dos Campeões da Europa. O nigeriano Victor Moses, ao melhor estilo Drogba na última final contra o Bayern de Munique, surgiu como um raio na primeira trave aos 49 minutos do segundo tempo para escorar de cabeça e garantir a vitória, mandando a bola no ângulo esquerdo do goleiro Pyatov.
O gol dá ao atacante um protagonismo que por alguns minutos foi de Oscar, autor de um golaço, quase do meio-campo – Torres fez o outro dos Blues – e por muito pouco não foi de Willian. Cobiçado pelo Chelsea, o camisa 10 marcou duas vezes para o Shakhtar e ainda salvou um gol de Ivanovic em cima da linha aos 40 da etapa final.
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Com o resultado, o time inglês chegou aos mesmos sete pontos do Shakhtar, mas assumiu a liderança da chave no saldo de gols. O Juventus, que venceu o Nordsjaelland, em casa, por 4 a 0 (gols de Marchisio, Vidal, Giovinco e Quagliarella), chegou aos seis e embolou de vez o grupo. Na próxima rodada, dia 20, ingleses e italianos se enfrentam em Turim, enquanto os ucranianos viajam à Dinamarca para pegar o lanterna, com um ponto, Nordsjaelland.
Shakhtar domina, Chelsea decide, e Oscar faz golaço
Um Chelsea de lampejos, até certo ponto dominado pelo adversário, mas decisivo e mortal. A fórmula que deu certo na reta final da temporada passada e estava guardada na gaveta, voltou a aparecer. Desta vez, há de se deixar claro, com muito mais brilho, fruto da técnica refinada do trio Mata, Hazard e, principalmente, Oscar. Bem arrumado e com uma autoconfiança até certo ponto impressionante, o Shakhtar teve mais posse de bola, controlou o jogo, mas provou do mesmo veneno de Barcelona e Bayern em investidas certeiras dos Blues nos 45 minutos iniciais.
Já na saída de bola, os ucranianos deixaram claro que não se defenderiam ou ficariam satisfeitos com um empate. Abusando da troca de passes, se mandaram para o ataque e deram o primeiro chute da partida, com Mkhitaryan. Ao contrário de Donetsk, porém, desta vez foi o Chelsea quem contou com a sorte para abrir logo o placar.
Pouco após receber a chuteira de ouro de artilheiro da Euro 2012, Fernando Torres desperdiçou boa oportunidade, aos cinco minutos, ao errar cabeçada na pequena área, na frente de Pyatov. A torcida foi a loucura, esperneou, gritou, e, de repente, foi surpreendida. O goleiro optou por sair a bola curto com Rakitsky, que recuou de volta. O próprio Torres partiu em disparada para pressionar o rival, que tentou dar um chutão, acertou o espanhol e viu a bola morrer mansa no fundo das redes, aos seis. Gol do Chelsea, gol típico de um atacante como Torres.
A desvantagem, por sua vez, não assustou o Shakhtar, que seguiu apostando na troca rápida de passes e precisou de apenas três minutos para empatar. Fernandinho invadiu a área pela direita, contou com escorregão de Bretrand e ficou livre para cruzar rasteiro. A bola encontrou Willian na marca do pênalti, e o camisa 10, alvo de tanta cobiça dos Blues, só teve o trabalho de deslocar Cech: 1 a 1.
Com Fernandinho como principal organizador, a equipe de Donetsk ganhou o meio-campo e passou a dominar a partida. Após cobrança de escanteio, Bertrand quase marcou contra, e a torcida inglesa já dava sinais de apreensão. Responsáveis por levar o time ao ataque, Hazard, Mata e Oscar demoravam a entrar no jogo, e Ramires, muito caçado em campo, não dava conta sozinho. Assim, os lances de perigo ficavam restritos a raras e atabalhoadas jogadas de Torres.
Senhor da partida, o Shakhtar ditava o ritmo e parecia que iria marcar a qualquer momento. Aos 31, depois de bela triangulação com Luiz Adriano e Fernandinho, Alex Teixeira chutou firme e tirou tinta da trave. Os ucranianos usavam a mais eficiente das estratégias para se “defender”: mantinham a posse de bola (57% x 43% no primeiro tempo). Eles não contavam, porém, com a genialidade de Mata e Oscar.
Confiante, o time de Lucescu avançava cada vez mais, e deixava espaços no campo defensivo. E foi justamente aí que o Chelsea marcou o segundo gol. Aos 40, Mata aproveitou roubada de bola na intermediária e tentou ligar rapidamente Ivanovic no meio. Desesperado, Pyatov saiu da área e cortou de cabeça. A bola foi parar no peito de Oscar, que dominou e emendou quase do grande círculo com estilo para marcar um golaço, o quarto do brasileiro na competição, e garantir a vantagem azul no intervalo.
Willian, o cobiçado, marca mais uma vez
Na volta para o segundo tempo, o Shakhtar tratou logo de mostrar que não tinha medo dos campeões europeus, fosse na versão nova ou antiga. Com a mesma calma e estilo de jogo da etapa inicial, a equipe trocou passes até Fernandinho encontrar Srna, livre pela direita, em mais um vacilo de Bertrand. O lateral cruzou rasteiro para trás e novamente Willian só teve o trabalho de tocar no canto: 2 a 2, aos dois minutos, em lance idêntico ao primeiro gol do ex-corintiano.
A igualdade fez com que os ucranianos crescessem e partissem em busca da virada, que quase aconteceu com Mkhitaryan, aos oito. Após a zaga afastar cobrança de escanteio, o camisa 22 emendou bonito e acertou a trave esquerda de Cech. Atordoado, o Chelsea não criava nada e entrava na roda.
Dominado, os ingleses assustavam apenas em jogadas de bola parada, como a que Mata cruzou para Obi Mikel marcar de cabeça. O nigeriano, no entanto, teve posição de impedimento bem assinalada. À sombra de Oscar e Mata na primeira etapa, Hazard começou a chamar a responsabilidade e obrigou Pyatov a fazer boa defesa aos 27. Pouco depois, o belga ainda serviu Ramires, que invadiu a área e pediu pênalti em choque com Srna. Nada foi marcado.
Nos minutos finais, o Shakhtar passou a pressionar o Chelsea, mas foi castigado no último minuto, já nos acréscimos: aos 49, Moses (que substituiu Oscar aos 35) subiu bem após escanteio cobrado por Mata e cabeceou no ângulo do goleiro, sem defesa.
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