1 de jun. de 2012

Gislaine Nunes, advogada de R10, é especialista na liberação de astros


Gislaine Nunes advogada (Foto: Reprodução SporTV)A advogada Gislaine Nunes, o 'terror dos clubes'
(Foto: Reprodução SporTV)
Gislaine Nunes já causou estragos no mundo do futebol. Provocou a saída de grandes atletas de clubes centenários em ações com valor de loteria. A advogada paulista, que agora conduz a rescisão unilateral impetrada por Ronaldinho Gaúcho nesta quinta-feira para encerrar seu vínculo com o Flamengo, "joga" com falha recorrente em diversos clubes brasileiros: atrasos nos direitos de imagem e nos depósitos de FGTS e INSS. O atraso de três meses em qualquer uma dessas opções é suficiente, na Justiça do Trabalho, para querer a rescisão contratual. No caso do ex-camisa 10 do Flamengo, foram, segundo os advogados do jogador, 12 meses sem INSS, cinco sem FGTS e o mesmo período sem quitação do contrato de imagem. Gislaine entrou em campo.
A fama veio com o caso Juninho Pernambucano, ídolo que rescindiu com o Vasco em 2001 sem pagar a multa rescisória estipulada em R$ 62 milhões. Na ocasião, a guerra com Eurico Miranda a tornou pouco querida até na CBF. Onze anos depois, ela foi barrada ao aparecer, com mais três membros do seu staff, para protocolar o pedido de rescisão do contrato de Ronaldinho com o Flamengo na tarde desta quinta-feira.
A versão oficial da entidade é de que Gislaine não foi impedida de entrar, apenas foi informada que somente uma pessoa era preciso para protocolar o pedido com base na liminar da Justiça do Trabalho. Um funcionário do prédio, porém, afirmou que de fato houve orientação para que a entrada da advogada não fosse permitida. O protocolo acabou sendo feito por Aldo Giovani Kurle, que também trabalha no caso.
- Eles não gostam muito de mim lá porque levei polícia para a Rua da Alfândega - disse Gislaine, lembrando um dos episódios do caso Juninho Pernambucano, quando a sede da CBF ainda tinha endereço no Centro da cidade.
Além deles, Juninho Paulista, Júnior Baiano, Edmundo e Fábio também deixaram a Colina sob as orientações da advogada. Em seu site, o "Grupo Gislaine Nunes" oferece gerenciamento total para a carreira de atletas. De assessoria de imprensa a auxílio jurídico. A cartela de clientes coleciona nomes famosos. Dois deles estão no Flamengo atualmente: Maldonado e Kléberson. Adriano, que se recupera no clube e pode assinar contrato quando estiver em condições de treinar, também está na lista, bem como outros conhecidos da torcida rubro-negra: Fábio Luciano, Athirson, Leandro Amaral, Marcelinho Carioca e Amoroso. Em destaque, o crivo do Rei: "Ela é a rainha da lei desportiva", diz a afirmativa creditada a Pelé estampada em sua página virtual.
O clube da Gávea já enfrentou a advogada duas vezes. Pagou indenização milionária ao zagueiro Gamarra e ainda paga Romário, que recentemente recusou acordo para pagamento de dívida que gira em torno de R$ 9 milhões. Até clubes de menor porte, como a Portuguesa, sofreram com os argumentos de Gislaine, que liberou Ricardo Oliveira do Canindé, onde foi revelado.
Longe das manchetes por alguns anos, ela foi novamente convocada aos holofotes na manhã desta quarta-feira, quando foi contratada por Ronaldinho Gaúcho para elaborar o pedido da liminar que permitiu a rescisão contratual. Em entrevista na casa do jogador, ela resumiu:
- Fui contactada ontem (quarta) durante a manhã e à noite terminamos o processo, mas (a rescisão) foi basicamente pelo atraso de salário, pela situação que já vinha se arrastando. Já estava insustentável. Promessas feitas e não cumpridas, aquele negócio de vamos honrar os salários, vamos pagar, e isso não acontecia. Então não restou outra alternativa para o atleta e sua assessoria além de entrar na Justiça do Trabalho. São cinco meses de atraso do direito de imagem, que é salário, cinco meses de FGTS, 12 meses de INSS, parte do 13º salário, temos aí várias verbas que seriam direitos do atleta que foram contratadas e não foram honradas pelo clube.
O Flamengo deve tentar cassar a liminar obtida por Gislaine na manhã desta sexta-feira. A advogada, ciente dos movimentos que o "bom adversário", como qualificou o clube, fará, mostrou descrença na possibilidade de a rescisão ser revertida. Disse achar difícil a cassação e, se ela acontecer, crê que poderá ser anulada sem dificuldade. Batendo na mesma tecla, ou na mesma tese, a advogada parece apelar para um dos maiores clichês do futebol: em time que está ganhando, não se mex

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