A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal divulgou, na tarde desta quarta-feira, uma portaria impedindo o acesso das torcidas organizadas Gaviões da Fiel, do Corinthians, e Independente, do São Paulo, aos estádios de futebol e demais centros esportivos do Distrito Federal pelos próximos dois anos. O motivo foram as recentes brigas ocorridas no estádio Mané Garricnha nas partidas entre Flamengo e São Paulo, no dia 18 de agosto, e Vasco e Corinthians, no último domingo.
- Tivemos vários espetáculos belos, pacíficos, com famílias no estádio. Houve um jogo entre Vasco e Flamengo, torcidas de grande rivalidade, sem nenhuma violência. Infelizmente, depois de oito jogos de sucesso, tivemos esses dois últimos atos de violência por parte das organizadas. Tomamos então uma medida dura para mostrar que não vamos admitir isso no Distrito Federal - afirmou o secretário de segurança do DF, Sandro Avelar.
A portaria não impede os integrantes das duas torcidas de frequentarem os jogos. No entanto, não poderão fazer isso de forma associada. De acordo com o documento, não será permitido circular em um raio de 5km dos estádios utilizando ou portando qualquer objeto ou material que faça alusão às organizadas proibidas, como instrumentos, faixas, bandeiras, papéis, emblemas, entre outros. O sistema de segurança do DF ficará responsável por garantir o cumprimento da medida.
saiba mais
Apesar do envolvimento de outras organizadas nas brigas, as forças de segurança optaram por punir apenas Independente e Gaviões da Fiel por serem apontadas como responsáveis pelo início dos confrontos. Porém, em caso de novas brigas na cidade, outras torcidas também podem serm incluídas na portaria.
- Estamos procurando cortar o mal pela raiz, fazendo com que essas duas torcidas que cometeram atos de violência sirvão de exemplo para as demais - concluiu o secretário Sandro Avelar.
Outras organizadas serão cadastradas antes de jogos no DF
Além da portaria, a Secretaria de Segurança Pública do DF anunciou também que passará a seguir algumas recomendações passadas pelo Ministério Público após as confusões no Mané Garrincha. A partir dos próximos jogos no estádio, as organizadas terão que entregar às autoridades de segurança um cadastro dos membros com nome completo, fotografia, filiação, RG, CPF, estado civil, profissão, endereço e escolaridade.
Será cobrada também uma lista com a identificação dos integrantes que estarão presentes na partida. Os nomes deverão ser entregues pelo menos cinco dias antes do jogo. Os grupos também serão separados nas arquibancadas por cordões de isolamento feitos por policiais militares.
- Estivemos conversando e chegamos ao consenso de medidas a serem adotadas e acabamos formalizando um docmento de recomendações do Ministério Público Federal e do Ministério Público do DF. Acreditamos que essas inciativas serão suficientes para debelar esses casos de violência que tivemos nos últimos jogos no estádio (Mané Garrincha) - afirmou o procurador da república no DF, Carlos Henrique Martins Lima.
MP pede cumprimento do Estatuto do Torcedor
Com relação aos torcedores já identificados como participantes das brigas no Mané Garrincha, o Ministério Público espera o cumprimento das punições previstas no Estatuto do Torcedor. Leandro Silva de Oliveira, que fez parte do grupo de corintianos presos na Bolívia após a morte do garoto Kevin Espada, e Raimundo César Faustino, vereador da cidade de Francisco Morato, na Grande São Paulo, foram indiciados pela Polícia Civil do DF. Eles foram enquadrados no artigo 41-B do Estatuto e, em caso de condenação, podem ser banidos dos estádios por até três anos.
- Embora previsto em Lei, não temos notícia de que isso vinha sendo aplicado (exclusão de torcedores violentos dos estádios). Mas nossa ideia é tentar aplicar isso aqui no DF na prática. A Secretaria de Segurança Pública deve cobrar que eles se apresentem a uma unidade de segurança pública nos dias de jogos. No caso dos torcedores de fora, poderão ser abordados antes mesmo de chegarem no estádio - explicou o procurador Carlos Henrique Martins Lima.
Outro torcedor já identificado e que deve ser indiciado nos próximos dias é o corintiano Cleuter Barreto Barros, que também esteve entre os 12 detidos na Bolívia e foi reconhecido em fotos publicadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Segundo o delegado responsável pelo caso, Marco Antônio de Almeida, as imagens estão sendo analisadas para a identificação de outros envolvidos.
- No início da próxima semana vamos receber as listas de integrantes das torcidas organizadas de Corinthians e Vasco, o que vai ajudar no processo de identificação - disse o delegado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário