Foram três jogos diferentes, em três cidades diferentes, contra três adversários diferentes. E uma mesma reação: vaias à Espanha e apoio a seu adversário (veja algumas vaias no vídeo ao lado). A passagem da Fúria pelo Brasil vem mostrando que a admiração da torcida verde-amarela pelo time campeão do mundo não é sinônimo de apoio a ele nos 90 minutos. Por mais que a Espanha encante, o povo se mostra contra ela.
Foi assim já no primeiro jogo, no Recife, contra o Uruguai. No primeiro tempo, a torcida gritou o nome do time sul-americano, enquanto os europeus mostravam em campo um futebol de derrubar o queixo. O público chegou a mudar de lado, tamanho o encanto que a Espanha proporcionava. Mas veio o segundo tempo, o Uruguai cresceu, fez um gol e gerou esperanças de que poderia empatar. A torcida foi no embalo. Mas a partida terminou mesmo 2 a 1.
O ponto alto do apoio popular ao adversário espanhol veio no segundo jogo, no Rio de Janeiro. A torcida não teve a menor dúvida sobre quem apoiar entre os campeões do mundo: a seleção mais fraca da Copa das Confederações. O Maracanã se uniu pelo Taiti. Fez a Espanha tomar uma das maiores vaias de sua história. Gritou “olé” a cada troca de passes dos jogadores da Oceania. Quando a goleada começou a ser consumada, a torcida não se constrangeu: “Ôooooo, vamo virá, Taiti”, cantou.
Até aí, nada de anormal. O Taiti teve o apoio brasileiro em todos seus jogos. A vitória de 10 a 0 da Fúria foi apenas mais um caso. Mas o curioso é que nesse jogo nasceu uma cantoria que depois seria repetida em Fortaleza, contra a Nigéria. Em idos do segundo tempo, nas duas partidas, o público passou a avisar:
- Ô, Espanha, pode esperar, a tua hora vai chegar.
A Nigéria também contou com a simpatia dos brasileiros. E os empolgou ao ser a equipe que mais atacou a Espanha nesta Copa das Confederações. A torcida foi no embalo. Gritou o nome do país africano, repetiu o “olé”, se descabelou com os gols perdidos pelos africanos. E vaiou a Espanha.
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Por outro lado, foi sempre visível a admiração pelo talento da Espanha. Nos três jogos, lances vistosos foram aplaudidos pela torcida brasileira. Gols, idem. Iniesta parece ser o atleta que mais satisfaz os torcedores. É bastante aplaudido.
Para Vicente del Bosque, técnico da Espanha, a reação é compreensível. Ele vê duas explicações para isso: a natural simpatia da torcida pelo time mais fraco e o fato de a Espanha concorrer com o Brasil pelo título da Copa das Confederações.
- Não me surpreende. Temos que entender que normalmente a torcida se posiciona a favor do mais fraco. Tem também o fato de ser uma ameaça ao título – opinou.
Justiça seja feita: a antipatia é demonstrada à Espanha apenas em campo. Fora dali, os atletas são cercados de admiração, tratados com muito carinho. Os hotéis onde a Roja ficou estiveram sempre com torcedores à espera dos ídolos. Mesmo nos jogos, chama a atenção a quantidade de camisas da seleção bicampeã europeia.
- No caminho entre estádio e hotel e nos treinamentos, temos sempre o carinho de todos – comentou Del Bosque.
O próximo episódio na relação entre a Espanha e o público brasileiro será nesta quinta-feira, novamente em Fortaleza, contra a Itália. A torcida tende a ficar mais dividida, dada a tradição da Azzurra. O vencedor pegará Brasil ou Uruguai na final da Copa das Confederações.
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