Trinta minutos de um pouco de tudo. Meia hora de um Daniel Alves supersincero e de muito bom humor. Titular da seleção brasileira, titular do Barcelona, amigo e companheiro de clube de quase metade do time da Espanha, adversária na decisão da Copa das Confederações, o lateral-direito vê o Brasil pronto para enfrentar e derrotar a Roja. Daniel disse que é impossível prever o que será do jogo deste domingo, no Maracanã, às 19h, mas foi enfático: será um confronto das duas melhores seleções do mundo. Durante entrevista coletiva no início da tarde deste sábado, na concentração, o camisa 2 procurou valorizar o time de Luiz Felipe Scolari.
- Acho que uma final você nunca pode decifrá-la. Você imagina como pode ser pelo conhecimento que tem dos jogadores do outro lado, pode mais ou menos imaginar que vai ser um jogo superdifícil, duas seleções muito bem conceituadas, a seleção brasileira um pouco mais que eles. Esperamos que o grupo esteja à altura dessa ocasião, uma ocasião especial. Sabemos que estamos diante da melhor seleção do mundo, mas você também defende a melhor seleção do mundo. Começamos de menos, fomos dando um passinho, agora falta o passo final para apresentar nossa condidatura ao Mundial de 2014. Do outro lado há respeito também. Não troco nenhum jogador do lado de cá pelos do lado de lá.
O contato com alguns companheiros de Barcelona tem sido constante durante a Copa das Confederações. Daniel Alves revelou que chegou a trocar mensagens com Iniesta, principal jogador da Espanha, antes das semifinais.
- Falamos que estaríamos juntos na final. Deus quis assim, vamos ter que nos enfrentar. Futebol tem dessas coisas peculiares. Hoje é companheiro, amigo, amanhã é rival. Cada um vai tratar de defender seu país, suas cores, depois a amizade continua. A partir do momento que a bola rola, deixa um pouco de lado a amizade.
Na tarde de sexta-feira, durante treino da Seleção em São Januário, Daniel Alves conversou com Felipão por quase 20 minutos. O lateral disse que o treinador e todos companheiros já foram informados sobre os pontos fortes e fracos do rival.
- Nenhum jogador me perguntou como pode frear algum jogador deles. As perguntas que foram feitas foram num contexto geral, qualidades e defeitos de algum adversário, convivo com a grande maioria. Elas já foram dadas, não vou expor. Todo mundo já está superinformado sobre os rivais que terão, dos duelos que terão. Sempre penso que para ser um grande campeão você tem que pensar que é o melhor. E se você não for o melhor, faz de conta que é o melhor. Se entrar achando que o rival é melhor, já está 2 a 0 para eles. Assim tem que ser nosso conceito, nossa personalidade. Futebol é jogado, e lambari é pescado.
Gol ‘roubado’ para o pai e espada ‘contra’ a imprensa
A entrevista de Daniel foi marcada por momentos de descontração, frases de efeito, algumas ironias e uma crítica ao comportamento da imprensa brasileira que, na visão dele, é pessimista demais com a Seleção. Na coletiva, também fez uma promessa aos torcedores: esforço máximo do time para conquistar o título da Copa das Confederações. Mas há uma promessa que ele praticamente abandonou. O gol para o pai, Domingos Alves, não saiu nos quatro primeiros jogos da competição. O jeito vai ser “roubá-lo”.
- Espero que outro marque, porque está difícil marcar. Se alguém marcar, vou na câmera dizer que é para ele, é para o senhor, pai (risos). Vou guardar para o clube, no clube eu acho que marco mais.
O jogador do Barça não vê a Espanha como invencível e chegou a citar seu próprio clube, que acabou superado pelo Bayern de Munique, da Alemanha, na semifinal da Liga dos Campeões da Europa.
- Todos os times têm pontos fortes e fracos. Eles também têm. Os números estão aí. Às vezes, jogam a favor. Às vezes, contra. Tanto que não ganhamos a Champions porque enfrentamos uma outra filosofia que superou a nossa. A gente tem a nossa, a gente não quer se comparar a eles, temos outras qualidades de jogadores, outras qualidades táticas. A gente tem sempre que defender nossos argumentos com as nossas armas. Se fixar muito no rival, esquece de usar a sua. De repente, seu poder maior está com você e não no rival. Temos de colocar o nosso melhor em campo, do outro lado vão botar o que têm de melhor e um pouco mais. A gente tem 180 milhões de pessoas, tirando algumas que não torcem, temos muitos torcedores e muita energia positiva chegando. Com esse poder, a gente iguala essa força. Vamos saber o que acontece no jogo.
Contra o toque de bola espanhol, Daniel Alves confia no futebol imprevisível do brasileiros.
- A grande diferença do Brasil para o resto do mundo é a capacidade de improvisação. Quando acham que sabem tudo, somos capazes de surpreender. Acho que não conhece muito bem a gente, não. Lá, eu jogo de um jeito, aqui jogo de outro. É um dia especial. Tem que fazer coisas especiais se quiser ser campeão. Beleza, é a Espanha. Mas é a nossa casa, temos de nos impor e mostrar que isso aqui é Brasil. Brasil é muito Brasil.
Daniel quer o título da Copa das Confederações, mas não nega que pensa em Copa do Mundo. Para ele, a conquista vai impulsionar a Seleção para o Mundial.
- Aprendi na minha vida que os objetivos você tem que lutar, alcançá-los, virar as costas para eles e pensar no seguinte. Temos de tentar conseguir esse titulo, vai dar confiança, deixar na galeria e pensar na Copa do Mundo. É uma competição muito importante, mas a mais importante está na frente, é o grande objetivo. Fizemos três jogos muito bons (contra Japão, Méximo e Itália), tivemos um mais ou menos (contra o Uruguai), conseguimos vencer, e está faltando o extraordinário. Temos a chance de fazer aparecer. Vamos rezar que ele apareça (risos).
Em uma das respostas finais, Daniel fez um desabafo contra a imprensa brasileira, comparando-a com a espanhola.
- Acho que a Seleção sempre vai ser difícil ser candidata a alguma coisa. O tempo passa, algumas pessoas crescem, evoluem, mas a imprensa do Brasil continua igual e pessimista, deveria ser mais otimista com a Seleção, parar de criticar tanto. Já que se fixam na Espanha como exemplo, vocês não se fixam nos jornalistas espanhóis. É incrível o amor que eles têm pela seleção espanhola. Tenho seis anos com a Seleção, nunca vi a Seleção entrar e ser, junto a outras duas ou três, candidata ao título. Mas nós somos brasileiros, lutadores até o fim. É pegar a espada (leva a mão às costas como se retirasse uma espada), levantar e vamos para frente. É igual burro, sem olhar para o lado (sorridente, coloca as mãos no rosto). Fé e foco, vamos brigar até a morte.
- Acho que a Seleção sempre vai ser difícil ser candidata a alguma coisa. O tempo passa, algumas pessoas crescem, evoluem, mas a imprensa do Brasil continua igual e pessimista, deveria ser mais otimista com a Seleção, parar de criticar tanto. Já que se fixam na Espanha como exemplo, vocês não se fixam nos jornalistas espanhóis. É incrível o amor que eles têm pela seleção espanhola. Tenho seis anos com a Seleção, nunca vi a Seleção entrar e ser, junto a outras duas ou três, candidata ao título. Mas nós somos brasileiros, lutadores até o fim. É pegar a espada (leva a mão às costas como se retirasse uma espada), levantar e vamos para frente. É igual burro, sem olhar para o lado (sorridente, coloca as mãos no rosto). Fé e foco, vamos brigar até a morte.
A TV Globo, o SporTV e o GLOBOESPORTE.COM transmitem o jogo. O site detalha todos os lances em Tempo Real.
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