28 de jun. de 2013

Entrevista de 21 minutos mostra 'novo Neymar' antes da Espanha

Neymar mudou. Está mais sorridente e falante do que no dia 14 de junho, quando deu sua última entrevista coletiva, antes de estrear na Copa das Confederações. Os três gols, os prêmios de melhor jogador em campo e a presença do Brasil na final do torneio mexeram com o atacante. Para o bem. Nesta sexta-feira, ele respondeu a 26 perguntas. Foram 21 minutos apenas de sua fala.
Um discurso que bateu em várias teclas. Neymar repetiu dez vezes a palavra "feliz". Já os termos "campeão" e "vencedor" saíram de sua boca em sete oportunidades.  O respeito ao adversário também ficou claro. "Admiração" foi uma das palavras mais citadas, e o craque também falou por mais de sete vezes que a Espanha é a melhor seleção do mundo.
Neymar entrou no auditório quando o volante Luiz Gustavo ainda concedia entrevista com mais de meia hora de atraso. Ele passou por trás do companheiro e atraiu todos os flashes dos fotógrafos. Cada movimento leve os fazia disparar. Primeiro ao colocar o casaco e arregaçar as mangas. Depois ao colocar o cabelo para dentro do boné, com aba para trás.
Até ao tossir ele foi fotografado. O atacante parecia levemente gripado. Isso, aliás, tem preocupado o técnico Luiz Felipe Scolari. O volante Paulinho e o auxiliar Murtosa são as maiores vítimas até agora.
Neymar brasil coletiva (Foto: Wagner Meier / Globoesporte.com)Caras e bocas: Neymar era fotografado a cada gesto (Foto: Wagner Meier / Globoesporte.com)
Inquieto, ele observou em silêncio as respostas de Luiz Gustavo. Deu um leve sorriso quando o parceiro começou a explicar o que poderia fazer para marcar Xavi e Iniesta. Tirou o boné, mexeu no cabelo, e sinalizou positivamente quando o diretor de comunicações Rodrigo Paiva afirmou que só faltavam duas respostas do volante.
Logo na primeira manifestação, Neymar provou que está muito mais leve do que no dia em que deu respostas aborrecidas, ainda na preparação. Deu boa tarde a todos, e brincou com o vozeirão de Luiz Gustavo.
- Depois da voz grossa do Luiz Gustavo vem essa minha (risos).
Lá pela metade da coletiva, ele também provou o óbvio: estava incomodado antes de o torneio começar, quando sofria com críticas às suas atuações, e vivia um jejum de nove jogos sem marcar. Isso ficou evidente quando disse que o gol na estreia contra o Japão foi seu momento mais importante na Copa das Confederações.
- Foi bom para qualquer acabar com qualquer conversinha.
Sua primeira resposta teve duração de 55 segundos. Logo na terceira, não concordou com a comparação do repórter entre a final do próximo domingo e a decisão do Mundial de Clubes de 2011, quando o Santos foi goleado pelo Barcelona. Mas em vez de dar uma patada, também optou por sorrir, gesto que repetiu durante toda entrevista.
- Acho que nem preciso te responder, mas tá tranquilo - disse antes de falar por 31 segundos que eram situações diferentes.
 Pouco depois, questionado sobre o fato de o Brasil ter iniciado a competição desacreditado por torcida e parte da mídia, e chegar à decisão, Neymar deu sua resposta mais extensa: um minuto e 34 segundos. Disse que o futebol era maravilhoso por proporcionar ao time essa chance de alterar seu patamar.
A cada frase, o atacante do Barcelona parecia realmente estar próximo de um dia inesquecível. Ele até comentou com Thiago Silva que gostaria de entrar logo em campo, e falou com encantamento da possibilidade de enfrentar ídolos de videogame: Casillas, Xavi, Iniesta, Sergio Ramos... Nenhum termo foi mais batido do que "grande partida", acompanhado da expressão "histórica".
Em apenas 14 segundos, ele não quis apontar um palpite em um hipotético bolão, mas disse que cravaria vitória do Brasil. Diante do silêncio total dos jornalistas na sala, Neymar convocou, também com sorrisos:
- Vamos acreditar, gente!
Para entender uma pergunta em inglês, sobre as manifestações que têm ocorrido em todo país, o jogador teve de colocar o fone de ouvido com a tradução. Respondeu que todos são a favor de tudo que busque um país melhor, desde que pacificamente.
Depois da última resposta, de 27 segundos, Neymar se levantou e foi embora deixando uma impressão muito diferente daquele semblante fechado visto em Brasília. E até um elogio de Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF:
- Grande entrevista, muito boa

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