No frio inverno argentino, com a temperatura muitas vezes chegando perto de zero grau durante os jogos e a sensação térmica bem abaixo disso, o que se vê nas arquibancadas nesta Copa América são torcedores encasacados, com luvas, rostos cobertos, gorros e cachecóis. Em vez de refrigerante, os vendedores circulam com garrafas térmicas de café. Cada copo custa nove pesos, cerca de R$ 4. Mas algumas mulheres destoam. Parecem estar em outro clima. Buscando seguir o exemplo de Larissa Riquelme, elas abusam dos decotes e da sensualidade em busca de fama instantânea. Além disso, algumas empresas já utilizam o fenômeno como uma oportunidade de mídia espontânea a um baixo custo.
A 43ª edição da Copa América está sendo transmitida pela primeira vez integralmente em HD para um número recorde de 196 países. Fotógrafos de agências de notícias internacionais distribuem imagens das partidas para todo o mundo. Rapidamente modelos de vários países da América do Sul perceberam que poderiam usar o prestígio da competição para ter seus rostos e corpos circulando pelos quatro cantos do planeta. E passaram a tentar explorar isso atrás de vantagens financeiras no futuro.
São modelos que, na maioria das vezes, são conhecidas em seus países, mas que buscam cruzar fronteiras e, após o sucesso de Larissa Riquelme, passaram a enxergar no futebol uma grande oportunidade para conquistar em novos mercados.
- Há espaço para todas. Não quero tomar o lugar de ninguém. Nos últimos tempos as mulheres paraguaias têm mostrado que são belas e tem paixão pelo futebol - garante Patty Orue, modelo paraguaia de 23 anos, que até foi quem mais conseguiu aproveitar a Copa América e fazer frente a Larissa Riquelme.
Se nos gramados, os favoritos Brasil e Argentina se despediram antes da hora, fora de campo a disputa é grande. Tem sido uma Copa América cruel para Larissa Riquelme. Dezenas de modelos surgiram atrás dos holofotes e querendo roubar o posto de musa da paraguaia.
- Dou minha benção a elas porque criei um ícone. Também apareceram algumas paraguaias tentando me imitar aqui nos estádios. Isso é bom, mas eu sou única - responde Larissa.
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A estratégia das beldades é clara. Elas muitas vezes nem entendem nada de futebol, mas vão aos estádios para chamarem a atenção, expor a beleza e serem focalizadas pelas câmeras ou clicadas pelos fotógrafos. Depois, com seus rostos sendo exibidos na TV, na Internet ou nos jornais, elas passam a fazer auto propaganda nas redes sociais para aumentar o interesse do público.
- Se a Venezuela passar para a final eu prometo possar nua para os meus fãs - escreveu a modelo venezuelana Diosa Canales no Twitter ao mesmo tempo em que postava uma foto sensual após a vitória do país sobre o Chile nas quartas de final da Copa América.
Tática das musas
Roupa sensual
Decote a la Larissa Riquelme
Não importa o frio que esteja fazendo no inverno argentino. Para chamar a atenção e ser focalizada, é preciso deixar os casacos em casa e aparecer nos estádios com uma roupa bem provocativa. Os decotes são quase obrigatórios para valorizar bem o corpo. Calças bem justas também...
Primeiro plano
Posicionamento estratégico
Para ser facilmente vista e localizada pelas lentes de câmeras de TV e máquinas fotográficas, as 'candidatas' se posicionam na primeira fileira dos estádios, sempre atrás dos gols (onde ficam os fotógrafos) e longe da multidão. Estão sempre em pé e fazendo muito barulho para chamar a atenção.
Zum zum zum
É preciso chamar a atenção
Diante de cerca de 40 mil pessoas, elas precisam ser logo notadas. Então, são simpáticas e estão sempre disponíveis para fotos com os torcedores. Quando mais tumulto, melhor... já que gera curiosidade dos fotógrafos. Quando as câmeras se viram para elas, vem o pedido de tempo para os fãs.
Larissa Riquelme, um outdoor na Copa América
Tudo começou há um ano, com fotos da modelo Larissa Riquelme viajando pelo mundo durante os jogos do Paraguai na Copa do Mundo. Clicada por fotógrafos de agências internacionais comemorando os gols na Praça da Democracia em Assunção, ela tornou-se um fenômeno na Internet ao torcer com um avantajado decote e prometer ficar nua se o país fosse campeão. O celular preso entre os seios virou uma marca registrada. Então desconhecida dos olhares do mundo, Larissa já era a modelo mais bem paga do Paraguai. Entre contratos de publicidade e participações em programas de TV, ela chegava a ganhar cerca de US$ 60 mil por ano.
Com a fama nos cinco continentes, a carreira de Larissa Riquelme deslanchou. E o faturamento explodiu. Segundo alguns jornalistas paraguaios, a musa ganhou cerca de oito vezes mais do que estava acostumada no último ano. Ela fechou um contrato com uma multinacional de telefonia e recebeu diversos convites para ações publicitárias. Propostas “indecentes” também choveram e vindas de todo o mundo. Para posar nua para a Playboy brasileira, por exemplo, ela cobrou cerca de R$ 150 mil de cachê. E a revista vendeu quase 300 mil exemplares, mais do que a edição com a atriz brasileira Flávia Alessandra. Foi apenas um dos ensaios feitos por Larissa pelo mundo afora.
A modelo paraguaia passou a ter uma agenda cheia de compromissos e virou celebridade. Na Copa América, o decote permanece apesar do frio. Mas o nome da empresa de celular que passou a patrocinar a musa aparece em quase todas as fotos estampado na camisa. Pelo contrato, ela precisa estar em todos os jogos do Paraguai na competição. Larissa virou quase um outdoor ambulante. No jogo contra o Brasil pelas quartas de final, o casaco e o boné usados pela paraguaia traziam a marca de uma cervejaria brasileira. Por entrevistas exclusivas antes da Copa América, a musa chegava a cobrar US$ 2 mil (cerca de R$ 3,1 mil) dos jornalistas.
Na semifinal entre Paraguai e Venezuela, em uma das noites mais frias do ano na Argentina, com a temperatura na casa dos 2ºC em Mendoza, enquanto os jogadores se aqueciam com cobertores nos bancos de reservas, Larissa Riquelme estava na arquibancada com o famoso decote e o celular entre os seios. O resultado não poderia ser outro. A musa ficou doente. Em seu twitter, a modelo admitiu na noite de quinta-feira estar com febre e gripada e pediu o carinho dos fãs.
- Buenas noches!! A todos mis amores estoy con fiebre y engripadita!! Quien me mima!!?? ☹ los quiero! - escreveu Larissa.
Patty Orue, a grande rival! Egny Eckert, a musa da concorrência
Patty Orue tenta seguir os passos da rival Larissa Riquelme. Modelo de grande sucesso no Paraguai, ela foi descoberta pelo mundo nesta Copa América ao aparecer toda sensual nos jogos do Paraguai contra o Brasil e a Venezuela. As duas beldades sempre disputaram contratos publicitários e convites para trabalhos fotográficos. Mas com a Copa do Mundo de 2010, Larissa ganhou o planeta enquanto Patty seguiu limitada à fronteira paraguaia. Na Copa América, ela viu a chance de reacender a antiga rivalidade. A estratégia deu certo. Com Larissa Riquelme com uns quilinhos a mais, Patty logo ganhou os holofotes. E recebeu um convite para ir até a Bolívia realizar um trabalho. Por causa do compromisso, ela não foi assistir a semifinal contra a Venezuela. E ficou apenas torcendo pelas redes sociais. Mas já prometeu estar na decisão de domingo contra o Uruguai.
- Depois que as minhas fotos nas partidas circularam pela Internet o meu telefone não parou mais de tocar. Foi incrível a repercussão que elas tiveram - disse Patty, que garante ser torcedora do Cerro Porteño, mesmo time de Larissa Riquelme.
Larissa e Patty dividem as atenções no Paraguai desde 2008, quando chegaram a fazer vários trabalhos juntas. Depois, cada uma tomou um rumo e a disputa, mesmo que não declarada entre as duas, cresceu. Elas foram concorrentes no programa de TV "Baila Comigo" no ano passado. Nos estádios argentinos nesta Copa América, cada uma procura ficar de um lado da arquibancada e nem se cruzaram.
- Não tento copiá-la. Cada uma tem o seu estilo - garante Patty Orue.
Outra que fez muito sucesso foi a modelo paraguaia Egny Eckert. Mas com ela foi diferente. Egny foi contratada por uma empresa de telefonia celular concorrente à que patrocina Larissa Riquelme. Aos 23 anos, a modelo estava em alta no Paraguai por ter representado o país no concurso de Miss Universo 2010 e ter ficado entre as finalistas. A jogada de marketing deu certo. E ela roubou a cena na partida entre Paraguai e Venezuela, na primeira fase, deixando em segundo plano a musa da última Copa. Em vez do decote, Egny conquistou o mundo vestindo uma mini-saia azul. E o logo da empresa de telefonia circulou pelo planeta estampado na camisa paraguaia usada pela beldade. Coincidência ou não, logo após a aparição mundial, Egny Eckert foi confirmada no programa “Baila Comigo 2011”, de grande sucesso na televisão do Paraguai. E também fechou contrato para estrelar campanha de uma marca de shampoo.
Uma série de beldades atrás dos holofotes
Quem não vai aos estádios também tenta tirar uma casquinha. A boa fase da Venezuela chamou a atenção das modelos do país. Inspiradas, elas logo arrumaram um jeito de ganhar espaço no noticiário internacional usando as redes sociais para se promover.
A modelo Brenda Perez foi a mais ousada. Após a inédita classificação da Venezuela para a semifinal da Copa América, ela resolveu premiar os fãs com uma twittcam bem provocativa. Completamente nua, Brenda teve um biquini com a bandeira do país pintado no seu corpo. Tudo acompanhado ao vivo por milhares de internautas durante 26 minutos. O momento foi parar nos assuntos mais comentados da microblog. Brenda Perez, que já posou duas vezes para revistas masculinas venezuelanas, ganhou destaque internacional.
Já a modelo e cantora Diosa Canales procurou um lugar público para chamar a atenção. De olho em atrair a mídia e divulgar o primeiro CD, lançado este mês, a venezuelana prometeu fazer topless se o país se classificasse para a final da Copa América. E levou à loucura os já extasiados torcedores que acompanhavam a partida na Plaza Alfredo Sadel de Las Mercedes, em Caracas. Com a derrota para o Paraguai nos pênaltis, ela não precisou tirar a blusa. Mas conseguiu fama instantânea na América do Sul. E rapidamente recebeu uma proposta para fazer o primeiro ensaio nu. Na noite desta quinta-feira, ela anunciou que aceitou ser fotografada na primeira semana de agosto como um "presente para os fãs" e para retribuir o sucesso da seleção. Mas nem mencionou o vultoso cachê que vai receber.
Atrás de uma casquinha
No início da Copa América, as peruanas Irina Grández e Daisy Araujo centralizaram as atenções dos torcedores. Durante a partida entre Peru e Uruguai, elas fizeram um rápido topless enquanto eram filmadas e fotografadas. Logo, foram parar nos jornais e nos programas de rádio e de TV da Argentina.
Daisy, a ruiva, é dançarina e participa de programas de espetáculos no Peru. Irina, a morena de 23 anos é menos conhecida, mas espera ter a carreira impulsionada após a competição. Na semana passada, ela já gravou um ensaio sensual para um canal de TV peruano.
A ideia de aparecer no estádio de San Juan com roupas bem provocativas foi de Daisy. Humildade é algo que parece não fazer parte da cabeça do dupla. Sem meias palavras, elas provocaram a musa paraguaia Larissa Riquelme.
- O tempo de Larissa Riquelme já foi. Se ela foi a namorada do Mundial, nós somos as esposas da Copa América - garante Irina.
Em alguns momentos, as torcedoras atrás de poucos minutos de fama extrapolam. Na semifinal entre Uruguai e Peru, em La Plata, três peruanas resolveram aparecer no estádio sem camisa e com as cores do país pintadas no corpo. Debora Salas, Vanina Montsera e Pamela Macedo conseguiram a atenção de quem estava no estádio, mas nada além disso. Apesar dos cliques dos fotógrafos, o trio não conseguiu ganhar manchetes.
- Nós gostamos de futebol e da festa dos torcedores - disse Débora Sales, de 23 anos, que porém não sabia o nome de três jogadores da seleção peruana que estava em campo lutando por uma vaga na final da Copa América e garantia não estar com frio apesar dos termômetros marcarem seis graus durante a partida.
- O calor dos torcedores me aquece.
A tentativa de virar celebridade, porém, foi em vão. E o trio voltou para o anonimato assim que deixou o estádio. Provavelmente com uma gripe pela frente...
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