Kleber acha que não errou em prosseguir uma jogada na qual poderia ter praticado o fair play. Ele rompeu um acordo tácito do futebol. Mas como isso não está na regra do futebol, fica a dúvida. Foi ou não falta de respeito.
- Acho que tem muita hipocrisia. Acho que o fair play é bom só para a sua equipe, para a equipe dos outros não é boa. O Felipão tem falado com a gente o seguinte: quando a bola sair para gente jogar no mesmo lugar que ela sai - afirmou Kleber.
Por outro lado, jogadores de outros clubes criticaram a postura do atacante do Palmeiras.
- O esporte conquistou muita gente com respeito e respeito foi o que faltou da parte dele - declarou Renato, meia do Flamengo.
Na verdade, ele não causou indignação apenas nos jogadores do Flamengo. Reinaldo, atacante do Bahia, também condenou a postura do camisa 30.
- Um ídolo do clube, ídolo do Palmeiras. Um ato lamentável, eu reprovo - afirmou.
O zagueiro Dedé, do Vasco, achou que o atacante poderia ter agido de outra forma.
- Ninguém gostou, está todo mundo contra o Kleber. Nada contra o jogador, mas ninguém gostou do que ele fez. Foi ridículo mesmo - disse.
O meia Diego Torres, do Sport, foi além. Ele levantou a polêmica de que o lance poderia ter sido ainda mais polêmico.
- Queria ver se tivesse feito o gol, no que ia dar - lembrou.
Fair play, ou na tradução, jogo limpo, é frequente em Copa do Mundo. Há até campanha da Fifa incentivando os bons modos.
Mas Kleber insistiu em dizer que não considera sua atitude errada.
- A bola, em minha opinião, era nossa. Falei para o cara chutar para fora que a bola era nossa. Ele não quis chutar para fora. Então, eu não vi fair play do Flamengo em momento algum.
No lance mais comum de fair play, o jogador se machuca e outro time põe a bola para fora.
Em seguida, o adversário devolve a bola por gratidão. Bem diferente da atitude do Kleber.
Já quando um time está perdendo, o fair play não costuma ser respeitado. Em 2007, o goleiro do Ceará se machucou numa partida contra o Criciúma e a bola não foi devolvida. Aconteceu até o gol de empate.
Em 1998, na final da Copa do Mundo de 1998, a França vencia o Brasil por 2 a 0 e o craque Zidane caiu no gramado. Rivaldo, num ato educado, colocou a bola para fora.
As gentilezas não param por aí. O romeno Kastin Lazer, por exemplo, foi sincero até demais. Ele avisou o juiz que não houve pênalti depois de o árbitro ter marcado a penalidade. Situação parecida ocorreu com o juiz Robbie Fowler. Ele foi avisado por um jogador, que poderia ter sido favorecido, que não havia acontecido a infração dentro da área.
Na Inglaterra, o goleiro do Everton saiu mal da área e se machucou. O mais curioso é que Di Canio ignorou a chance de gol e pegou a bola com as mãos, interrompendo o ataque do West Ham.
Mais inacreditável ainda aconteceu na Holanda. Um jogador foi devolver a bola e... acertou o ângulo do gol adversário. Golaço para delírio da torcida, mas que deixou o autor da façanha meio sem graça. Na saída de bola, o time todo do Ajax ficou parado. Sem acreditar em tanta bondade, um jogador do Denhaag deu um chutão, a bola ia saindo, mas teve um atleta que correu, pegou a bola e empatou a partida.
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