24 de nov. de 2013

Marmelada de Banana, Bananada de Marmelo.

Copacabana, essa semana o mar, sou eu.
Meu desprezo pelo Brasileiro 2013 é total e absoluto. Condenada prematuramente ao esquecimento, a emocionalmente nórdica edição do certame por pontos corridos conseguiu ser, além de chata, previsível e repetitiva. Tão chata que para provocar algum interesse do público em sua soporífera fórmula de disputa, que não resistiu sequer ao primeiro round do cotejo com o velho mata-mata, precisou ser constantemente anabolizada por ameaças de rebaixamento, em sua grande maioria matematicamente improváveis, distribuídas indiscriminadamente entre 70% dos participantes.
Os torcedores com mais tempo ocioso compram esse pacote desespero e ficam pelos cantos roendo unhas, escalavrando a mente com continhas, prognósticos, espalhando o pânico e enchendo o saco de quem tem coisas mais importantes com que se preocupar. Provando que a máquina de lavar com duplo enxague tornou mais fácil a vida da dona de casa moderna, mas em compensação liberou uma quantidade extra de tempo para ser usado com o estudo, o lazer e o sexo que acaba não sendo devidamente utilizado. Pra muita gente ainda faz muita falta uma cesta de roupa pra lavar no tanque.
O Flamengo, que já encerrou sua participação no Brasileiro há tempos, não possui a mesma liberdade que nós, seus torcedores, temos para procurar mais coisas úteis ou prazenteiras para fazer no domingo às 5 da tarde. Não, o Flamengo, ao contrário dos mais esclarecidos e ocupados entre nós, não pode simplesmente cagar e andar pro jogo contra os mano pobre da ponta feia da Dutra valendo duas mariolas usadas. Mesmo tendo coisa melhor pra fazer.
O Flamengo tem que ir lá, jogar e, pior, simular alguma seriedade durante o cumprimento desse compromisso puramente protocolar. Só pra manter as aparências diante da sociedade brasileira e colocar a nossa mulambada, que está em viés de alta, em movimento e com a cuca ocupada. O jogo de hoje é muito mais um rachão com uniforme do que qualquer outra coisa. Vale nada.
Soube que Jayme, na intenção de que parem de lhe encher o saco em semana de final de campeonato, vai até deixar os titulares jogarem. Uma espécie de satisfação, ao meu ver indevida, aos muquiranas que ainda não perceberam que o Flamengo vive um momento grandioso jamais sonhado nem pelo mais fanático rubro-negro e que isso não é hora pra miudezas.
Será que não percebem que estamos, finalmente, operando no modo grandes conquistas e, francamente, um joguinho entre o 9º e o 12º colocado na antepenúltima rodada pode ser classificado como tudo, menos como grande conquista. É evidente que é pra cumprir tabela.
E arrisco dizer que, mesmo não chegando nem perto do nosso tamanho, os gambás também não querem nenhum tipo de stress nesse domingo. O esquema de jogo ideal para peladas compulsórias como essas é: 90 minutos rápidos de bolinhas pra lá e pra cá, sem muita palhaçadinha, e estamos conversados. Todo mundo é amigo, todo mundo é irmão, troca a camisa, um abraço e vai todo mundo pra casa, na paz do Senhor. Me deixa, que hoje eu tô de bobeira! Puta campeonato mala, meu!
É melhor encenar uma farsa delicada e discreta do que dar o mole que o Júlio Batista deu ontem no jogo contra a vasquinha. Especialistas e entendidos em leitura labial (ui!) disseram que La Bestia disse alguma coisa que indicaria a existência de uma armação pra salvar o bacalhau da panela. Oh! Estou chocado. Olha, eu não acho que seja o momento ideal pra rubro-negros discutirem qualquer assunto com vascaínos. Se eles ficarem com muito papo peça para remarcarem a conversa pra depois da 2ª.
Mas espero que a suspeita tenha algum fundo de verdade. Digamos que houvesse mesmo uma armação em curso para salvar o couro cansado da nossa multiperfurada baranga. Nem pioneira tal iniciativa seria. Mas, mostraria, ao menos, algum indicio de profissionalismo nessa zona que se tornou o futebol brasileiro masculino adulto.
Entendam, o rebaixamento pra times com grande torcida é uma burrice infernal. É um tiro no pé, perdem todos e não só o rebaixado. É ruim pros negócios. E mesmo sendo nosso freguês mais safado, mesmo tendo a camisa mais feia do país e morando mal, o vice tem uma grande torcida. Se estão roubando mesmo, o que não é nem um pouco impossível, saibam que é em benefício da torcida, que mesmo sublimemente mal vestida é merecedora de respeito. Porque a torcida vascaína é grande e gera receita para todos os outros times, e não apenas pro time xexelento homiziado na pocilga de São Janú.
Um futebol minimamente organizado não abre mão de uma torcida grande de um time ruim em troca de um pequeno time esforçado seguido por meia dúzia de psicopatas. Se para preservar o faturamento e a boa saúde financeira de todos os times grandes for preciso armar aqui e ali para salvar os mais parrudos e sacrificar alguns pequenos tem que armar mesmo. Mas estou falando especificamente de times com grandes torcidas. Não se animem os botafoguenses e os tricolores, porque seus clubes não foram citados sequer elipticamente.
Nessas horas tem que esquecer o clubismo e as lendas da lisura no esporte e tratar de ser pragmático. A maneira mais certa de condenar os pequenos à morte é ficar sacaneando os grandes. Os grandes, que pagam a conta da farra, tem que ser protegidos mesmo. Já viu quem vai subir no ano que vem? Porco, Chapecoense, Sport e a última vaga ficará com Figueirense, Icasa ou Ceará. E aí, você acha que nego que depende do sucesso financeiro da competição pra pagar as contas pode esperar um campeonato bombado e lucrativo contando com a comparecimento aos estádios dessas torcidas?
O Futebol Brasileiro, com maiúsculas, precisa da torcida bacalhau. E nêgo tá é certo de acertar tudo nos bastidores. Futebol virou um assunto muito sério, muito valioso, pra ser decidido por jogadores, brincando com bola na hora do jogo. Isso é amadorismo. Negócios profissionalizados não funcionam assim. É preciso planejar, se antecipar e executar. De preferencia em horário comercial e longe das vistas do público, que agora tá com essa modinha de transparência.
Que mané transparência! Em vez da vasquinha ficar por aí se expondo ao ridículo, como se fosse um Ricardo III dos pobres, feio, manco e de braço seco, clamando aos céus “Uma cocada! Meu reino por uma cocada!” foi logo lá no andar de cima, que é onde as coisas realmente acontecem, falar com o dono do loja. Que não teve nenhum trabalho em chamar o Cruzeiro à colaborar.
trade da cocada não é pra amadores. Tem da branca e tem da preta e só não vale misturar. E o Cruzeiro, nesse mister de entregar a cocada, é insuperável. Os 6 x 2 que precisávamos na última rodada do Brasileiro 2004 são até hoje inesquecíveis. Para nós e para o mercado, que está sempre de olho nos bons fornecedores que não vacilam na hora das entregas.
Bom negócio fez a vasca, bom negócio deve ter feito o Cruzeiro. Mas quem lucrou de verdade foi o Futebol Brasileiro, com maiúsculas sempre, que no ano da Copa do Mundo contará com as maiores torcidas do Brasil, menos a do Santinha, no seu campeonato mais importante. Boa, Marin!
De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto. Isto (a ruybarbosada) posto, cabe a pergunta retórica (que não precisa ser respondida). Faz algum sentido perder nosso tempo assistindo ao Mengão hoje?
Mengão Sempre
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Rubro-negro bem vestido, me ajuda a acabar com os perebas no time do Flamengo. Entra logo no sócio torcedor.

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