Léo Moura sonha levantar a taça como capitão (Foto: Gustavo Miranda / Agência o Globo)
Um time obcecado pela decisão da Copa do Brasil. Assim pode ser definido o momento do Flamengo nas horas que antecedem o confronto com o Atlético-PR, quarta-feira, às 21h50m (de Brasília), no Maracanã. Nesta terça-feira, o Rubro-Negro fez um descontraído e superlotado treinamento no Ninho do Urubu. A ordem que proíbe a entrada de torcedores ou visitantes no centro de treinamento segue valendo, mas a presença de jornalistas foi intensa. Atmosfera que Léo Moura já se acostumou a viver, mas que nem por isso é capaz de deixá-lo relaxado. Há oito anos na Gávea, o lateral-direito já venceu a própria Copa do Brasil, o Brasileirão, quatro estaduais, e ainda tem a ansiedade como característica mais marcante em semanas como a atual.
Se a possibilidade do título por si só é capaz de mexer com os sentimentos de qualquer jogador, Léo Moura não esconde que esta final é especial. Aos 35 anos, tem o contrato próximo do fim - em 31 de dezembro - e será o responsável por erguer o troféu caso os cariocas fiquem com o título. Mistura de emoções que engrandecem uma história de sucesso em 459 jogos, e que o camisa 2 garante: ainda está longe do fim.
- Tenho pensado 24 horas neste jogo, e a imagem que vem à cabeça é do final. Poder abraçar meus companheiros, minha família... Muita gente não acreditava não só em mim, mas no grupo. Pude mostrar que tenho muito a dar ao Flamengo, a jogar, a buscar títulos. No início do ano, quando fui perguntado sobre meu contrato, disse que a história desse livro ainda tinha alguns capítulos para serem escritos. Disse que queria disputar mais uma Libertadores e posso ter essa chance. Quero provar que posso ajudar muito o Flamengo. Fico pensando sempre no jogo, vou dar o melhor de mim. Vai ser muito importante.
Após um primeiro semestre de muita dúvida a respeito do futuro, Léo Moura tem sido um dos destaques do time que subiu de produção sob o comando de Jayme de Almeida e já iniciou as conversas para renovação do contrato. O desejo é de dois anos, para completar uma década no clube de coração e encerrar a carreira. Antes disso, porém, há mais uma decisão no caminho. E não foram poucos os assuntos abordados pelo capitão na véspera do confronto com o Atlético-PR. Confira abaixo a entrevista coletiva na íntegra:
Volta por cima na temporada
Estávamos conversando depois do rachão que do início (do ano) pouca gente vai lembrar, mas o final é inesquecível. Vamos para a decisão fortes psicologicamente, fortes como grupo, por tudo que passamos ao longo do ano. Não foi fácil, os jogadores foram sempre questionados. Com humildade, demos a volta por cima, e agora temos confiança para colocarmos em campo e decidir da melhor forma.
Comparação com o clima na decisão de 2006
É parecido. Vou disputar mais uma final e, mesmo com 35 anos, dá ansiedade. O pensamento vem na cabeça de como vai ser o término do jogo. Pensamos de forma positiva. Vai ser duro ali dentro, contra uma equipe de muita qualidade. Temos que ter consciência de que vamos jogar com o torcedor e com pensamento em levantar mais uma taça. Agora, é esperar a hora do jogo. A vontade de jogar é grande. Chega a quinta, mas não chega a quarta-feira.
Primeiro título de um clube no Maracanã
Graças a Deus, pelo meus títulos, fiquei marcado na história do Flamengo. Fui campeão da Copa do Brasil, brasileiro... Agora, tenho mais uma oportunidade na primeira decisão de clubes no Maracanã. Vou fazer tudo para esse dia ficar marcado. Não só para mim, mas para todos os companheiros. Com o apoio do torcedor, vamos ser muito fortes.
Confiança da torcida
O torcedor pode fazer a festa que for. Acho que tem todo direito. Sabemos que não tem nada ganho. A pequena vantagem que temos, podemos aproveitar em certo momento do jogo, mas nunca ganhar sem jogar. Não vai ser fácil conquistar esse título. Vamos buscar com nosso esforço, apoio do torcedor... Nos últimos dias, ouvimos muito incentivo. Isso nos ajuda bastante mentalmente. O torcedor hoje acredita muito na nossa equipe, ficamos felizes. Esperamos dar esse retorno e uma noite especial.
Vantagem do 0 a 0
Temos que administrar a vantagem com inteligência. Temos que ser inteligentes o suficiente para pressionarmos um pouco o Atlético-PR. Conseguimos o empate lá (em Curitiba) podendo vencer. Acredito muito no apoio do torcedor no Maracanã, a equipe fica mais forte. Agora, é decisão, e temos que fazer o que sempre fizemos, que é crescer em decisões. Estamos muito preparados em relação a isso.
Possibilidade de título neste ano é surpreendente
Se falar que esperávamos decidir uma final quando tudo começou, pelo que vínhamos passando, seria um pouco injusto. Mas com o decorrer dos jogos, das fases, vimos que essa Copa do Brasil poderia ser diferente. Os jogos começaram a se tornar fáceis porque fizemos com que ficassem. Chegamos na final com muita dificuldade, mas o grupo ficou muito forte, muito unido. Essa é a diferença para chegarmos a essa final.
Leo Moura comemora o gol contra o Botafogo (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Diferencial do torcedor do Flamengo
- O apoio. Não cansam de apoiar, incentivam o tempo todo com músicas, vibrando, e isso quando joga em casa dá uma confiança tremenda. Temos tido sucesso jogando no Maracanã, o torcedor apoia, e é um torcedor diferenciado. O estádio vai estar cheio e muitos querem ter uma noite especial.
Clima tranquilo para evitar tragédia
Temos tranquilidade para trabalhar aqui (no Ninho do Urubu), e agradecemos por isso. O oba-oba tem que ficar do lado de fora. O grupo, mesmo com tanto moleque novo, é maduro o suficiente para saber que não se ganha nada antes de entrar em campo, sem jogar. Aqui não tem estrela. O grupo todo é uma estrela. Se um caminha para um lado e outros para o outro, as coisas não dão certo. O grupo começou a ser forte quando todos começaram a remar para o mesmo lado. Por isso, chegamos na final. Fomos humildades. O atacante viu que tem que marcar também, fazer gol. Lá atrás, todo mundo tem que ser operário, defender, criar...
Ansiedade por título como capitão
- Tenho pensado 24 horas neste jogo, e a imagem que vem à cabeça é do final. Poder abraçar meus companheiros, minha família... Muita gente não acreditava não só em mim, mas no grupo. Pude mostrar que tenho muito a dar ao Flamengo, a jogar, a buscar títulos. No início do ano, quando fui perguntado sobre meu contrato, disse que a história desse livro ainda tinha alguns capítulos para serem escritos. Disse que queria disputar mais uma Libertadores e posso ter essa chance. Quero provar que posso ajudar muito o Flamengo. Fico pensando sempre no jogo, vou dar o melhor de mim. Vai ser muito importante.
Perigos do Atlético-PR
A maior arma deles é o contra-ataque. É um time rápido, que joga com bola longa, e temos que marcar o principal jogador que faz essa bola chegar no ataque, que é o Paulo Baier. Temos que ter atenção redobrada. Vamos ser muito inteligentes, jogaremos em casa e não podemos nos apavorar. Assim foi contra o Goiás. Em campo, comentei com o Chicão e o Wallace, quando sofremos o gol, que ainda estávamos em vantagem. Temos que ter calma e inteligência para sabermos o momento certo de atacar.
União do elenco
Não podemos esquecer dos companheiros que aqui estavam ao longo da campanha, como é o caso do Ramon, que faz parte disso. Além disso, outros jogadores. Viramos uma família.
Expectativa para o jogo começar
Tentamos controlar a ansiedade, mas o frio na barriga sempre existe. Acontece com todos, desde o mais novo até o mais experiente. Temos que ter frieza dentro de campo. Mesmo com a torcida, temos que ter a frieza para jogar com uma pequena vantagem. Procuramos sempre conversar com os mais jovens.
Título para salvar a temporada
Precisamos completar essa missão. Em Curitiba, foi só uma parte. Vai ser duro, árduo, não vai ser mole, mas nossa equipe está muito preparada. Psicológica e mentalmente, estamos com uma força muito grande. Dentro de campo, temos apresentado um bom futebol. Isso nos dá confiança.
Júnior em 1992 é uma inspiração?
São momentos parecidos. Por ser o mais velho, o que está há mais tempo no clube, vou procurar da minha contribuição como o Júnior deu naquele jogo (decisão do Brasileiro de 1992). Eu estava no Maracanã. Hoje, sou grato pela oportunidade de jogar essa decisão. Meus companheiros despertaram em mim a possibilidade de terminar o ano desta maneira. Como aconteceu em 92, espero que aconteça amanhã (quarta-feira).
* Com colaboração de Thiago Benevenutte, estagiário
Nenhum comentário:
Postar um comentário