A primeira vez que o atacante Hernane pisou no campo de futebol para um jogo profissional foi em 3 de junho de 2007. Com 21 anos, o atleta havia sido descoberto na várzea baiana por um olheiro e, mesmo sem ter atuado em categorias de base, surpreendeu o treinador Eduardo Clara durante a semana de testes que fez no Sport Club Atibaia. A equipe do interior de São Paulo disputava a Segunda Divisão (equivalente à quarta divisão) do Campeonato Paulista. Antes disso ele passou por testes em Palmeiras e Portuguesa, mas foi rejeitado. Chegou a ser aceito pelo Guarulhos, mas sem espaço para jogar optou pelo Atibaia.
Atual artilheiro do clube de maior torcida do Brasil, o Brocador chegou ao Falcão sem nenhum status. Junto com outros três atletas indicados por um olheiro da Bahia, foi chamado para uma semana de testes e, logo de cara, chamou a atenção pelo porte físico. Quando a bola rolou, no entanto, agradou de primeira. Além da boa estatura (tem 1,83m), Eduardo Clara viu em Hernane três coisas que não se ensinam nas categorias de base.
- Talento, sorte e estrela. Ele nunca jogou categoria de base na vida. Chegou da Bahia sem nunca ter jogado partida oficial. Lembro que ele era grandão e vi muito potencial. Era um finalizador nato. A bola procurava ele. Batia na trave e voltava para ele fazer. Foi oferecido para mim por um olheiro junto com outros três meninos. Vieram fazer um teste de uma semana. Só ele ficou - disse.
Eduardo Clara lembra que foi questionado quando pediu a contratação de Hernane. Mas o Brocador fez questão de mostrar o talento logo em seu primeiro jogo. Com a camisa 9 do Falcão, o artilheiro precisou de 72 minutos para balançar as redes pela primeira vez. Estreou contra a Itapirense e marcou o único gol do Atibaia na goleada sofrida por 4 a 1 (veja o gol no vídeo ao lado, gravado pela diretoria do Atibaia na época). Era a nona rodada da competição e, mesmo assim, Hernane brigou pela artilharia, terminando o torneio com 13 gols em 20 jogos.
- Para você ter ideia, ele chegou na metade do campeonato e fez 13 gols. Quando terminou o contrato, o São Paulo já levou ele direto. Não sei por que não teve chances. Na época, ele não tinha apelido. Um menino de grupo, muito trabalhador. É nordestino que veio para se esforçar. Ele soube aproveitar o fator orientação. O companheiro de ataque dele também era muito alto e brigador. Os dois ficavam na frente, brigavam e faziam gols quando a bola sobrava. É o estilo da Segundona - lembra Eduardo Clara.
Nesta quarta-feira o Flamengo recebe o Atlético-PR no segundo duelo da Copa do Brasil. O técnico que ajudou a revelar Hernane afirma que não será nenhuma surpresa se o Brocador decidir o título para o Fla. Estrela, Eduardo Clara garante que Hernane tem. E de sobra.
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