Depois de passar por grandes clubes como Corinthians, Vasco, Flamengo, Cruzeiro e até defender a Seleção, Marco Antônio Boiadeiro, hoje com 47 anos, largou a aposentadoria, que já durava 13 anos, para voltar a treinar e jogar profissionalmente pela Segunda Divisão do Campeonato Paulista (equivalente ao quarto nível do futebol estadual). Ele é o novo reforço do Tanabi e terá como companheiro de time o atacante Viola, 44 anos.
Boiadeiro atualmente vive no interior de São Paulo, na cidade de Poloni, e recebeu o convite para voltar a jogar através do presidente do Tanabi, Irineu Alves. O ex-meia – ou melhor, o meia – estava parado desde 2000, quando encerrou a carreira pelo Sãocarlense. De volta à ativa, já treina fisicamente para retornar aos campos.
– Eu às vezes brincava com o time de veteranos do Corinthians, mas muito pouco. Agora estou fortalecendo a musculatura para chegar bem aos jogos. Tenho um nome a zelar e quero ajudar o clube, por isso vim me preparar fisicamente. O pouco que jogar tem de ter qualidade. Por isso assinei o contrato, mas só vou jogar se estiver bem e o tempo que for. Não adianta passar vergonha.
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Ao contrário de Viola, que fará os treinos individualmente e irá para Tanabi apenas para os jogos em casa, Marco Antônio Boiadeiro já treina com o elenco, mesmo que de forma separada, para melhorar a musculatura até estar em forma, o que espera acontecer em dez dias.
– Cheguei a jogar showbol com o Viola, com o Rincón. Não sabia que o Viola acertaria. Depois da vinda dele, o presidente me chamou. Nossa parceria foi muito boa, a gente se dava bem. Já dei alguns passes para ele fazer gols. Sempre nos respeitamos muito e ele é gente boa, sempre brincando. Da minha época é difícil ter gente que não é amigo, era uma corrente só, de querer vencer, coisa que hoje não acho que tenha muito.
O jogador afirma que não voltou a treinar por dinheiro, até porque, segundo ele, ainda nem acertou salários com o presidente. Para Boiadeiro, o importante será poder passar experiência para os garotos, já que todos os atletas do Tanabi são da categoria sub-23. Cada clube, nesta quarta divisão do Paulista, pode inscrever apenas três atletas com idade acima dos 23 anos.
– É um desafio pessoal também porque brinco nas peladas, mas agora é diferente, são jogos valendo. Vai ser um desafio complicado para mim e tem de ter paciência. Quero passar experiência para estes jovens, mostrar que o futebol é bom, mas é preciso ter cabeça. Só torço para não ter nenhuma contusão e por isso preciso fortalecer a musculatura.
A carreira
Marco Antônio Boiadeiro foi revelado no Botafogo de Ribeirão Preto em 1985, quando jogou ao lado de Raí, ídolo do São Paulo no início dos anos 90. Aliás, Boiadeiro afirma que o irmão de Sócrates foi um dos primeiros amigos que fez na carreira do futebol.
– Eu e o Raí jogamos de 1981 a 1985 no Botafogo, começamos juntos, e até fomos emprestados juntos. Eu fui para o Guarani e ele, para a Ponte Preta. Ele é meu irmão e eu o chamava de Bocudo, porque vivia dando risada. É uma pessoa especial.
Depois do Guarani, clube que defendeu de 1986 a 1988, Boiadeiro foi para o Vasco da Gama, onde ganhou o Campeonato Brasileiro de 1989, e a Taça Guanabara de 1990. No Cruzeiro, conquistou a Copa do Brasil de 1993 e o bicampeonato da Supercopa de 1991 e 1992. Foi quando chamou a atenção e acabou convocado para a seleção brasileira, na qual disputou a Copa América de 1993.
– Em todo time que cheguei, disputei títulos. Em alguns não ganhei, como no Guarani, onde disputei três finais. Até brincava com meus amigos falando que achava que tinha um sapo enterrado no estádio. O período da Seleção foi a minha melhor fase realmente. Disputamos um torneio nos Estados Unidos e depois fomos à Copa América, mas acabei perdendo o pênalti na disputa contra a Argentina. Se tivéssemos vencido, teríamos ido para a final.
Na ocasião, o Brasil perdeu para a Argentina nas quartas, nos pênaltis, por 6 a 5, após empatar no tempo normal por 1 a 1 – os argentinos terminaram como campeões.
Boiadeiro teve uma rápida passagem pelo Flamengo em 1994 depois de ter ido para o Corinthians, clube onde teve a maior identificação. Já em fim de carreira, ainda jogou pelo Atlético-MG, Rio Branco de Americana (SP) e América-MG, antes de se aposentar no Sãocarlense.
– Tive muitos amigos no futebol, como o Neto, o Branco, que foi meu companheiro de concentração na época do Corinthians. Com o Tite, por exemplo, cheguei a jogar no Guarani por três anos e ele era um volante muito bom, perfeccionista e estudioso. Sempre brincava com ele, falando que seria um filósofo de tanto livro que lia em pouco tempo. E ele virou um cara inteligente, hoje cobra muito dos jogadores e sabe muito.
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