26 de jun. de 2014

Fred vê exagero na punição a Suárez: "Pode acabar com a vida do atleta"

Colega de ofício do uruguaio Luiz Suárez, o centroavante Fred lamentou a punição de nove jogos e quatro meses sem poder participar de nenhuma atividade ligada ao futebol, imposta pela Fifa ao camisa 9 da Celeste pela mordida no ombro do zagueiro italiano Chiellini. O brasileiro reconheceu o erro do jogador, mas enxergou como “severa demais” a decisão da entidade. 
Além de estar impedido de atuar, Suárez nem sequer poderá ficar com os companheiros na concentração ou ir aos estádios assistir às partidas. Sua credencial foi retirada pela Fifa.
- Não tem como negar que ele cometeu um erro, mas como ser humano, jogador que às vezes tem os nervos à flor da pele, achei severa demais. Debati com algumas pessoas, a maioria achou justa, mas é uma punição que pode acabar com a vida do atleta. Acho que ele tem que ser punido, mas eu gostaria muito de ainda vê-lo jogar essa Copa do Mundo no Brasil - disse Fred em entrevista coletiva nesta quinta-feira, na Granja Comary, em Teresópolis.
Mais leve com o gol marcado sobre Camarões, na última partida, o goleador já sabe até como vai comemorar caso faça mais um diante do Chile, neste sábado, pelas oitavas de final. Durante a entrevista, uma repórter surda que se comunica pela língua brasileira de sinais ensinou ao jogador o gesto que o identifica(confira aqui todos os sinais da Seleção).
Fred achou que o dedo sobre o bigode se devesse ao novo visual, mas ela explicou que se trata de uma referência à sua expressão facial.
- Então eu vou fazer o gol com o sinal do bigode, com fé em Deus - disse o camisa 9, repetindo o gesto com a mão.
Fred Brasil coletiva (Foto: Alexandre Lozetti)Fred se mostrou confiante para o duelo decisivo contra o Chile, no próximo sábado (Foto: Alexandre Lozetti)

Fred também rasgou elogios a seu companheiro de ataque. Para ele, Neymar, artilheiro com quatro gols, ao lado do argentino Messi e do alemão Müller, é o melhor jogador do Mundial até o momento.
- Neymar e Messi são dois gênios, craques. Estou acompanhando o Neymar de perto, ele tem feito grandes jogadas, de efeito, é o nome da Copa até agora. Vamos tentar continuar a dar suporte a ele para passarmos de fase e conquistarmos o título.
Confira a íntegra da entrevista do atacante:
MESSI X NEYMAR

- Messi e Neymar são dois gênios, dois craques. Estou acompanhando o Neymar de perto na Copa. Além de fazer grandes jogadas, jogadas de efeito, está sendo o nome do Mundial até agora. Vamos dar suporte a ele para continuar ajudando a Seleção a passar de fase e conquistar o título esperado por todos nós.

MINEIRÃO
- Sempre é uma energia diferente quando jogo no Mineirão. Já fiz grandes jogos, já marquei muitos gols. Para mim é diferente quando jogo lá, me dá mais confiança, conheço os atalhos do campo e ali me sinto em casa.
GOL
- Foi muito bom, eu estava me cobrando. Estava procurando muito a área e não participava muito dos jogos. Foi minha autocrítica. Aconteceu isso comigo na Copa das Confederações. Tenho convicção de que vai dar tudo certo (...) Estamos na Copa do Mundo. Se eu saísse da Copa sem nenhum gol e com a taça, eu estaria feliz. Vou ajudar correndo, marcando. Procuro fazer tabela, abrir espaço sem a bola.

MOMENTO MARCANTE DA COPA

- Foi a estreia, na hora do hino. Já esperava, mas me surpreendeu muito. Momento mágico para mim, deu para pensar tudo que passei na minha vida, tudo que tive que passar para chegar até ali. Momento de muito nervosismo, mesmo com 30 anos, com a experiência que eu já tenho, fiquei bem contente.

TORCEDORES/TORCEDORAS

- Faço o possível para tentar retribuir o reconhecimento dos fãs. Cada jogador olha de uma forma, tem um carinho especial. Mas eu não me iludo muito. Quando me chamam de lindo, sei que estão vendo o Fred jogador. Gosto do carinho da torcida.

CHILE

- Eles são muito bons de cabeça, são jogadores não tão altos, mas bons de cabeça. A grande qualidade do Chile é a aplicação tática, a entrega nos jogos. E eles têm jogadores na frente que podem fazer a diferença. Vimos alguns jogos do Chile, os vídeos de quando os enfrentamos no Canadá (vitória por 2 a 1). Não sei como vai ser o jogo, mas pelo que estão apresentando na Copa, acho que vão tentar atacar o Brasil também.
CATIMBA CHILENA

- No alto nível que a gente está, a Fifa está de olho para punir mesmo que o árbitro não veja. Não vai ter deslealdade. E se tiver, vai ser punido. Na Libertadores é diferente. Eu tive costela fraturada, mas não foi por maldade, o goleiro saiu para proteger a bola com o joelho. A Fifa mandou a comissão de arbitragem aqui falando que vai punir, que vai dar falta, pênalti.

CRÍTICAS

- Tenho certa maturidade e tenho que manter a calma, tentar explorar ao máximo minhas características e o que posso fazer. Não adianta eu querer sair muito da área e driblar três porque não vai adiantar. A gente também lê, ouve o que acontece fora, e fica essa briga: "O Fred não pega na bola". E eu tenho que procurar participar mais. Contra equipes muito fechadas não tem como eu sair muito. Se eu sair para devolver para o Luiz Gustavo, não vai adiantar. É um jogo psicológico, tenho que entender. E o grupo todo, Felipão, Parreira, eles têm me ajudado muito. No último jogo teve evolução, foi melhor para mim, consegui chutar mais, foi legal.

ENTRADA DE FERNANDINHO

- São todos jogadores de muita qualidade, com as mesmas características. E para mim é importante, porque eu posso tabelar. No sistema tático da nossa equipe não vai mudar muita coisa, não. Jogador de muita força, muito rápido. O Paulinho chega mais na área sem a bola. O Fernandinho carrega mais. Mas eles são parecidos.
SCOLARI

- Felipão compra a briga de todo mundo. Trata todo mundo igual. Ele tem feito a diferença para mim, porque sofri muitas críticas na Copa das Confederações e agora na Copa do Mundo também. O final da história eu sei qual é, vai dar tudo certo. Eu tinha que reagir também. Eu procurei fazer alguma coisa diferente, pedi a ajuda de todos, e o grupo me abraçou. Mesmo quando eu estava marcado, tocavam a bola em mim, e aí consegui participar mais. Todos os jogadores conseguem lidar bem com a pressão, mas não é fácil representar 200 milhões, representar essa camisa, e não decepcionar família, amigos, as pessoas que te amam. E você acaba sentindo pelas pessoas que estão sofrendo. Isso te dá força. E as coisas estão melhorando.
COPA “AMÉRICA” DO MUNDO

- Eu acho que o clima, o campo, pode fazer um pouco de diferença, porque já estamos mais adaptados. A grande diferença mesmo está sendo no aspecto tático das equipes. A gente vê Colômbia, Equador, Uruguai, o Chile, todas jogando futebol bem técnico e com pegada muito grande. O clima muito quente, eles estão habituados, pode acabar ajudando um pouco.

DESCONFIANÇA

- Sabíamos que sofreríamos um pouco na Copa. Agora se tiver mais erros do que acerto, tem risco de ser eliminado. Tem que ter evolução, sim. Mas ruim não está. E o crescimento na competição é bom. Melhor do que começar voando e cair.

LIDERANÇA

- Destacar o espírito de equipe, um ajudar o outro, um colocar o outro para cima. E lá dentro de campo é correr primeiro e pensar depois o que vai fazer. Vamos correr primeiro e pensar depois. Temos vários líderes no nosso grupo, cada um de uma forma. Grupo bem para cima e bem positivo.

CHILE COM TRÊS ZAGUEIROS?
- Com três zagueiros, eu jogo em cima do jogador que fica na sobra. Jogo mais enfiado porque sei que Neymar ou Hulk vai driblar. Eu procuro sempre deixar os dois no mano a mano. É mais difícil para marcar a saída de bola, desgasta mais na marcação, mas a gente treinou essa saída. Quanto a eles jogarem sem centroavante, é a característica deles, jogadores que se movimentam muito. São jogadores rápidos

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