A estrela da companhia não brilhou. Nem em campo, nem na ação de marketing do patrocinador principal do Flamengo. Na entrada no gramado do Engenhão para o jogo contra o Figueirense, os jogadores titulares e reservas do Rubro-Negro vestiam duas camisas. Exceto Ronaldinho. Por baixo, a normal de jogo, com a marca Gillette no peito e Duracell às costas. Por cima, um modelo comemorativo. A estrela acima do escudo ganhou uma pequena lâmpada. Ela foi acesa em homenagem aos 30 anos do título mundial rubro-negro. Pilhas em um dos braços dos atletas faziam a estrela brilhar. Pouco antes de a partida começar, o modelo especial fora retirado (assista ao vídeo).
O vice de marketing do clube, Henrique Brandão, não soube explicar o fato de R10 não ter participado e disse que a Procter & Gamble não pagou nenhum valor adicional pela iniciativa.
- É a nossa patrocinadora principal e esta foi uma ação pontual. Está dentro do nosso contrato. Talvez ninguém tenha orientado o Ronaldo a usar a camisa e a acender a estrela. Mas o importante foi que o time usou – disse, após o jogo.
Os executivos da P&G não viram assim. Muito pelo contrário. Vindos de São Paulo num jatinho particular, aguardaram com ansiedade a entrada do time em campo e não gostaram nada de ver o principal jogador do Flamengo sem a camisa especial. Detalhe: eles pretendiam oferecer um contrato pessoal para que Ronaldinho virasse garoto-propaganda da marca Gillette. Inconformados, acabaram desistindo.
O GLOBOESPORTE.COM apurou que o Gaúcho não participou da ação por conta de seus compromissos com patrocinadores pessoais e da relação com a Traffic. O acerto com o anunciante master não passou pela empresa de marketing esportivo, parceira do Flamengo na contratação do atacante. Foi a agência 9ine, que tem Ronaldo Fenômeno como um dos sócios, que intermediou o negócio de R$ 6,6 milhões por quatro meses. Do valor total, 15% ficaram para a empresa do ex-corintiano – o vínculo termina em 31 de dezembro deste ano. No jogo, Ronaldinho não foi bem e saiu vaiado. Nas estatísticas, foi "destaque" apenas nas faltas cometidas: 5 no total.
Tentativa de veto, croquetes e irritação dos parceiros
A ação funcionou, mas gerou polêmica nos bastidores. Ao longo da semana, o gerente de futebol Isaías Tinoco tentou vetar a ideia. Ele alegou que não seria o momento ideal para algo do tipo, já que a equipe entrou em campo pressionada pela necessidade de vitória para voltar à zona de classificação da Libertadores - o jogo contra o Figueira terminou sem gols.
Outro problema: a camisa especial trazia a marca Duracell no peito, mas a mudança no uniforme sequer passou pela avaliação do Conselho Deliberativo do clube.
Além da decisão de Ronaldinho, os parceiros do Flamengo não gostaram do tratamento que receberam no Engenhão. Marcus Buaiz, um dos sócios da 9ine, e Thiago Icassati, diretor de marketing da Duracell, deixaram o estádio contrariados 20 minutos antes do fim da partida. Muito irritados, reclamaram da postura do clube, que só decidiu usar as camisas com a lâmpada momentos antes de a equipe entrar no campo.
A dupla veio ao Rio para assistir ao jogo no camarote da presidente Patricia Amorim, mas ficou, em pé, no mesmo local dos jogadores não relacionados. A convite de alguns funcionários do clube, eles se acomodaram. Enquanto isso, o vice de marketing Henrique Brandão e o coordenador Cláudio Fontenelle comiam croquetes no local sem perceber a insatisfação dos convidados. Segundo relatos de quem circulava por ali, Marcus Buaiz fez uma ligação, desabafou em voz alta e deu a entender que a parceria corre o risco de não se repetir na próxima temporada.
- Acabou, chega. É uma palhaçada. Estamos fora. Ano que vem, estamos fora.
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