O Barcelona certamente levou o jogo contra o Milan com o peso que a Liga dos Campeões merece. Não foi um show de bola daqueles que o torcedor está acostumado a assistir. O placar, inclusive, foi apertado – até porque o adversário não era o Osasuna, e sim um time que carrega sete títulos desta que é a maior competição do continente. Mas em campo, ali no gigante e histórico San Siro, com 80 mil torcedores presentes, Messi & Cia. pareciam estar brincando. Ao seu estilo predileto, os catalães envolveram e derrotaram os italianos, por 3 a 2, nesta quarta-feira, pela quinta rodada do Grupo H, e garantiram o primeiro lugar rumo às oitavas de final.
O triunfo, é claro, teve participação de Lionel Messi. Após uma paradinha anulada, o craque argentino anotou o seu primeiro gol contra os italianos, de pênalti, e ainda deu a assistência para Xavi marcar o gol decisivo. Van Bommel, contra, completou para os visitantes, enquanto Ibrahimovic e Boateng, em um golaço, descontaram.
O resultado levou a equipe do técnico Josep Guardiola aos 13 pontos, contra oito dos italianos, que também têm a segunda vaga assegurada apesar da perda da invencibilidade. No outro confronto da chave, o Viktoria Plzen derrotou o BATE Borisov, fora de casa, e pintou como grande candidato à vaga na Liga Europa. Os tchecos somam quatro pontos, contra dois dos bielorrussos.
A sexta e última rodada, praticamente para cumprir tabela, será disputada no dia 6 de dezembro, uma terça-feira. O Barcelona recebe o BATE no Camp Nou. Já o Milan vai até a República Tcheca enfrentar o Viktoria Plzen.
Primeiro tempo de muitas emoções
O primeiro tempo no San Siro foi movimentado demais para ser resumido em apenas um lance. Nem mesmo quando Lionel Messi conseguiu escapar num piscar dos olhos de um carrinho de Thiago Silva, sendo derrubado na intermediária, por volta dos 14 minutos, pouco depois de Van Bommel desviar contra o próprio patrimônio e abrir o placar para os catalães. Ou quando Robinho, dono de uma atuação abaixo da média, perdeu chance incrível aos 18, na pequena área. O craque argentino quis imitá-lo aos 22 ao acertar o travessão, mas teve a seu favor o gol marcado após pênalti duvidoso e paradinha que lhe rendeu um cartão amarelo, aos 30. Fato é que a etapa inicial cumpriu com todas as promessas de um jogaço.
O Barcelona, como se sabe, se deu melhor. Foi superior em boa parte do tempo, sempre ao seu melhor estilo. Passes curtos, posse de bola e jogo envolvente. E dava a sensação de que chegava à área adversária quando quisesse. Aos 4, no primeiro contra-ataque, David Villa isolou. O primeiro gol saiu aos 13. Messi deu bom passe para Keita, que chutou cruzado. Van Bommel cortou mal e fez o gol contra, mas é bem provável que Xavi, logo atrás, completaria.
Surpresa na escalação de Guardiola, Thiago Alcântara viu Fàbregas solto na área aos 16. Abbiati salvou na até então melhor aparição dos donos da casa. A primeira grande resposta do Milan veio aos 18: Ibrahimovic cruzou rasteiro da esquerda, Boateng emendou e Robinho, livre, chutou por cima. O gol, para sorte do brasileiro, saiu logo depois. Aos 20, Seedorf deu linda enfiada para o centroavante sueco, que só tocou na saída de Valdés.
Messi, enfim, marca contra italianos
Mesmo sem Daniel Alves, suspenso, e Iniesta, lesionado, o Barcelona chegava com perigo também pela direita. Aos 22, outra grande jogada coletiva, com Xavi rolando para o meia, que cruzou para Messi carimbar o travessão. Ele se lamentou, mas teria oportunidade ainda melhor aos 28, após Aquilani puxar levemente Xavi na grande área. O camisa 8 desabou no chão e convenceu o árbitro alemão Wolfgang Stark.
O atual duas vezes melhor do mundo abusou da paradinha na primeira vez, levou o amarelo e se convenceu de que o jeito convencional era mais fácil. No canto-esquerdo de Abbiati, ele colocou o Barça na frente e ainda alcançou duas importantes marcas: fazer um gol contra um time italiano após seis jogos oficiais e empatar com o peruano Claudio Pizarro como o sul-americano com mais gols em competições europeias (44).
Os visitantes ainda tiveram a oportunidade de praticamente selarem o primeiro lugar na chave nos minutos seguintes. Em novo contragolpe, Messi enfiou para Villa, que preferiu o chute cruzado ao passe para Fàbregas. Abbiati impediu o terceiro com linda defesa e deu novo gás ao Milan, que ameaçou o gol adversário nos minutos finais, principalmente em bolas aéreas ou em finalizações de Boateng.
Boateng iguala com golaço; Xavi desempata
Massimiliano Allegri resolveu não esperar e promoveu logo no intervalo a entrada de Alexandre Pato no lugar de Robinho. O Milan ganhava em velocidade contra um time que tinha dois defensores com cartões amarelos (Puyol e Abidal). Mas ao menos nos primeiros minutos da etapa final, foi o Barcelona quem jogou.
Adiantando a marcação, os espanhóis chegaram a duas boas chances, com Messi e Villa, aos cinco e sete minutos. Faltou a pontaria que sobrou a Boateng. Aos oito, ele tirou um coelho da cartola para empatar o jogo. Mascherano afastou mal a bola e o ganês dominou já driblando Abidal. O chute rasteiro saiu tão eficiente quanto a finta: 2 a 2.
O Milan era suficiente melhor para fazer sua torcida explodir nas arquibancadas. Só que não combinou com o Barcelona. Se o time de Guardiola é apontado o melhor do planeta, é justamente por conseguir surpreender os adversários em instantes. Marcado, Messi se desdobrou para avançar e dar um lindo passe para Xavi na grande área. O meia concluiu como se fosse um centroavante e recolocou o Barça na frente, aos 17 minutos. Os papéis se invertem com frequência, mas o fim é quase sempre o mesmo.
Sem poder contar com Cassano, afastado por uma operação no coração, o Milan não tinha alguém no banco que pudesse mudar a figura do jogo. Nocerino substituiu Van Bommel, mas não deu a qualidade necessária aos italianos. Àquela altura, só a virada bastava para que o time assumisse a liderança. Terá, agora, de se contentar com o segundo lugar e torcer por um sorteio amigável para não repetir o fiasco dos últimos anos de ser eliminado nas oitavas de final.
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