Eles ainda fingem que pagam?
Ronaldinho já era um ex-jogador há pelo menos 3 anos. Não foi convocado para a Seleção de Dunga em 2010 porque não queria nada com a hora do Brasil, nem com a de Milão.
O Flamengo o contratou não porque queria ajudá-lo a voltar à Seleção, mas porque se convenceu de um plano de marketing que a Traffic traçou, em que o meio-atacante (sic) atrairia patrocinadores. Ou seja: não havia a menor condição de pagar o salário dele. Tudo dependeria de um hipotético contrato de patrocínio salvador, que nunca veio.
Ronaldinho fez o que era melhor para si. Se alguém quisesse pagar R$ 1 milhão por mês por sua apatia, ele tinha o direito de aceitar. Você, leitor, faria o mesmo. E depois de ter assinado um contrato, ficaria enfurecido a cada centavo que atrasasse.
Com razão. Seu contrato não diria que você tem que levar nota 9,5 todo jogo. Nem diria que você teria que amar a camisa como um torcedor em caso de salários atrasados. Seu contrato garante o quanto você vai receber.
O clube tem que pagar em dia para permitir que o técnico possa deixar o milionário no banco, caso sua apatia se mostre incontornável. O Flamengo não permitiu isso a Vanderlei Luxemburgo e só agora parecia abrir a brecha para Joel Santana.
Em clube que cumpre suas obrigações, vadiagem se pune com banco e afastamento do elenco. Clube que não arca com os acordos salariais que fecha se submete a ficar piano e tratar o craque com papá na boquinha para evitar um processo trabalhista. O Flamengo ficou miudinho na mão de Ronaldinho. E o processo veio sem perdão.
Que o clube se inferioriza aos seus jogadores, não é de hoje. A política da diretoria desde Kleber Leite e Romário (1995) é a de fazer loucuras para trazer craques renomados e apaziguar a sede de ídolos da exigente e impaciente torcida, em vez de esmerilhar no trabalho de base, que é mais demorado e que demanda mais pulso diante das adversidades.
E aí fica difícil evitar o comportamento sintetizado no Postulado de Vampeta, que diz “eles fingem que pagam, eu finjo que jogo”. Ronaldinho foi só mais uma reprise. A próxima, pelo visto, será Adriano.
Já falta criatividade
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