18 de set. de 2012

Em jogaço de bola, Real Madrid vira sobre o City e dá um tempo na crise


Pode parecer clichê, mas os Deuses do Futebol não deixaram o Real Madrid sair do Santiago Bernabeu sem vitória. Se todo o ambiente pré-jogo conspirava por uma crise, em campo os merengues deram um show de bola e derrotaram o Manchester City por 3 a 2, de virada, nesta terça-feira, abrindo o Grupo D da Liga dos Campeões de forma emocionante. O lateralMarcelo, com um belo gol, e Cristiano Ronaldo, que definiu o triunfo para delírio de José Mourinho, foram os destaques. Benzema ainda completou para os donos da casa, enquantoDzeko e Kolarov descontaram para os visitantes.
Cristiano Ronaldo e MArcelo, Real MAdrid e MAnchester City (Foto: Agência Reuters)Cristiano Ronaldo e Marcelo comemoram gol do português: destaques na vitória sobre o City (Foto: Reuters)
Por muito pouco os Citizens não saíram de campo felizes e ampliaram um princípio de crise merengue. Duas vezes na frente do placar, a equipe comandada por Roberto Mancini não jogou bem e sofreu um massacre em número de oportunidades criadas. Mas vencia até os 40 minutos da etapa final, quando permitiu a virada de um Real, sem dúvidas, mais confiante do que o visto até então no Espanhol.
Em outro jogo da chave, o Borussia Dortmund também precisou de boa dose de emoção para garantir a vitória sobre o Ajax, por 1 a 0, na Alemanha. O polonês Robert Lewandowski marcou o gol salvador aos 42 minutos do segundo tempo e deixou a equipe empatada em pontos com o Real Madrid.
Os ingleses agora voltam a se concentrar no Campeonato Inglês. A caminhada rumo ao possível bicampeonato terá o Arsenal, domingo, às 12h (de Brasília), no City of Manchester. Já os espanhóis tentam se recuperar contra o Rayo Vallecano, no mesmo dia, às 17h, fora de casa. Pela Champions, o "Grupo da Morte" terá novo capítulo no dia 3 de outubro. Os Citizens receberão o Borussia Dortmund, enquanto os merengues viajarão até a Holanda para enfrentar o Ajax.
Lewandowski, Borussia Dortmund x Ajax (Foto: Agência AP)Robert Lewandowski salvou o Borussia de tropeço contra o Ajax aos 42 do segundo tempo (Foto: Agência AP)
Crise? Que crise?
Esqueça a crise (ou princípio de), as más atuações no Campeonato Espanhol, as declarações polêmicas de José Mourinho no último fim de semana. O primeiro tempo no Santiago Bernabéu provou que o Real Madrid tem, sim, um grande time capaz de dominar até mesmo adversários do nível do Manchester City, campeão inglês na última temporada. Mesmo sem Özil, sacado por opção tática para a entrada de Essien, os merengues abusaram das chances criadas - foram 16 finalizações contra apenas uma dos ingleses. A posse de bola chegou a atingir os 70% a favor dos espanhóis. Só faltou Joe Hart ser superado.
A atuação merengue no primeiro tempo lembrou a de 29 de agosto, quando no mesmo estádio o time de José Mourinho atropelou o Barcelona pela decisão da Supercopa da Espanha. Na ocasião, os erros de conclusão se repetiram e o Real venceu apenas por 2 a 1 - o suficiente para ficar com o título. Desta vez,  apesar de todo o esforço, o placar nos primeiros 45 minutos ficou no zero.
Mario Balotelli na partida do Manchester CIty contra o Real Madrid (Foto: Reuters)Balotelli viu das tribunas a derrota do City (Reuters)
Talvez a melhor oportunidade tenha sido a primeira. Aos oito minutos, Cristiano Ronaldo recebeu em contra-ataque, gingou diante da marcação de Kompany e colocou rasteiro, no canto esquerdo de Hart. O goleiro caiu e fez linda defesa. Motivo de grande polêmica nas últimas semanas, o português voltou a incomodar aos 11, quando cortou para o meio e soltou a bomba. Higuaín ainda desviou levemente até Hart afastar.
Casillas, um mero espectador
Titular pela primeira vez com a camisa do City, o lateral brasileiro Maicon sofria com as investidas em seu setor. Mas o Real também atacava do outro lado, como aos 17, com Arbeloa, em chute cruzado. Três minutos depois, Di María descolou lançamento na medida para Higuaín entre os zagueiros. O argentino dominou mal e perdeu ângulo, deixando como opção o passe para Cristiano, que deu um lindo lençol na marcação e soltou o canudo. Khedira não conseguiu completar como queria.
Se a situação do City já era ruim, Roberto Mancini ainda foi obrigado a sacar Nasri, com dores musculares. Por falta de opção no banco para a ponta, o escolhido foi o lateral Kolarov - Agüero e Dzeko seguiam sentados à espera de uma oportunidade. O sérvio pouco agregou ao time, que sentiu a falta do meia francês em um contra-ataque aos 37. David Silva recebeu de Yaya Touré em boas condições de chute, mas não confiou na direita e acabou carimbando Pepe. Casillas era, sem exageros, um mero espectador - assim como o italiano Mario Balotelli, que assistiu ao jogo das tribunas.
tevez varane real madrid x manchester city (Foto: AFP)Titular no Real, jovem Varane divide com o 'solitário' Carlitos Tevez: primeiro tempo só do Real (Foto: AFP)
Com liberdade, Di María seguia como principal organizador merengue. O argentino levantou bola para o compatriota Higuaín aos 39, mas o centroavante novamente não aproveitou. Ele, então, tentou resolver sozinho aos 41, em bela finalização de fora da área. Não seria exagero dizer que o susto foi tão grande quanto o domínio dos donos da casa na primeira etapa.
Real segue melhor, mas City é quem marca
Cristiano Ronaldo e Kompany, Real Madrid x Manchester City (Foto: Agência Reuters)CR7 e Kompany travaram bons duelos (Reuters)
O panorama não seguiu lá muito diferente na metade inicial do segundo tempo. Sem mexer no time, o Real marcava avançado como forma de pressão contra a defesa inglesa. O menos experiente do setor, Nastasic, quase entregou o ouro aos dez minutos, em recuo mal feito. Hart precisou correr mais do que Higuaín para salvar.
Marcelo, que já não encontrava muitas dificuldades no duelo com Maicon, resolveu aparecer com perigo por duas vezes seguidas. E em lances parecidíssimos, diga-se. Aos 15, a bomba saiu à esquerda, perto do ângulo. O chute aos 20 saiu por cima.
Foi aí que o futebol resolveu pregar mais uma de suas peças. Depois de Roberto Mancini sacar o seu último armador (David Silva) e colocar um centroavante (Dzeko), o Manchester City chegou ao gol que tão pouco procurava. Aos 23, Yaya Touré, sempre ele, escapou em contra-ataque e deixou o bósnio em ótimas condições somente para deslocar Casillas: 1 a 0 e um Bernabéu atônito.
Dzeko, Real Madrid x Manchester City (Foto: Agência Reuters)Edin Dzeko abriu o placar para o Manchester City em contra-ataque (Foto: Agência Reuters)
Àquela altura a crise ganharia proporções ainda maiores, mas Marcelo resolveu aparecer e esfriar os ânimos. Aos 30, o lateral avançou, cortou para o meio e, de direita, colocou sem chances para Hart. A bola ainda desviou levemente em Javi García até estufar as redes.
Gol lá, gols cá
Marcelo, Real Madrid x Manchester City (Foto: Agência Reuters)Marcelo igualou para o Real (Foto: Agência Reuters)
Já com Benzema, Özil e Modric em campo, o Real se dispôs a procurar a virada num misto de paciência e pressão. As chances seguiram aparecendo, mas a solidez defensiva já não existia. E o Manchester City estava convencido de que poderia sair com a vitória, ainda que na frieza do futebol não merecesse. Aos 39, em cobrança de falta lateral, Kolarov cruzou e viu a bola passar por toda a área, inclusive por Casillas: 2 a 1.
Parecia que estava definido. Era apenas impressão. Rápido na ligação entre defesa e ataque, o Real chegou à virada em minutos. Aos 40, numa resposta instantânea, Benzema recebeu de costas, girou e colocou no canto esquerdo de Hart. O gol inflamou novamente a torcida e trouxe o Real para todo o campo de ataque. Aos 42, Cristiano Ronaldo tentou em chute forte, obrigando o arqueiro inglês a espalmar.
Mas Hart, traído por um corta-luz de Maicon, que se abaixou e saiu da direção da bola, não conseguiu parar novamente o craque português, aos 44. E aí nem José Mourinho se segurou em cena que certamente ficará marcada por algum tempo.
Mourinho, Comemoração, Real Madrid (Foto: Agência AFP)Com Cristiano e Marcelo ao fundo, Mourinho desliza sobre o gramado liso do Bernabéu (Foto: Agência AFP

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