A entrevista coletiva estava marcada para a sede do Boca Juniors, nesta sexta-feira, mas Juan Román Riquelme já não mais vestia o uniforme xeneize. Era um sinal do que viria nos minutos seguintes, após algum atraso: ao lado do presidente Daniel Angelici e de camisa xadrez, o meia anunciou oficialmente a sua saída do clube, que já estava prevista desde a derrota para o Corinthians na final da Libertadores.
- Estou contente com a decisão que tomei. Sou um torcedor deste clube. Tinha claro que não podia deixar o clube de muletas, tinha que jogar bem. Foi um ano maravilhoso, isso aconteceu. Se diziam que eu deveria voltar à seleção, então quer dizer que joguei bem - disse.
Aos 34 anos, Riquelme ainda não desconfia sobre seu futuro. Citou por várias oportunidades os seus familiares, a quem tem dedicado mais tempo desde seu último jogo pelo Boca, a final da Taça Libertadores contra o Corinthians, no dia 4 de julho. Por conta da suspensão de contrato, segundo Angelici, ele tem permissão para assinar com um time do exterior.
- Agora não sei o que vou fazer. Estou aproveitando muito a minha família, sairei de férias com meus filhos, minha esposa. Eu saí (do Boca) jogando uma final de Libertadores. Para mim é muito, para outros será pouco. Quis ganhar o título, mas não pude. Estou feliz pelo que vivi - afirmou.
O mandatário, no entanto, confirmou que Riquelme não irá para outro clube do futebol argentino.
- Não soubemos nem pudemos convencer o ídolo que tem esse clube. Foi feita uma licença não remunerada que o habilita a jogar em um clube do exterior. Nós iremos fazer uma homenagem - avisou Angelici, sem especificar o local, já que o futebol brasileiro foi alternativa para o jogador até o fechamento da janela de inscrições para atletas vindos do estrangeiro, no fim de julho.
Futuro como treinador ou dirigente
Riquelme confirmou que recebeu propostas do Brasil, mas se esquivou na hora de responder se é um mercado que lhe atrai, ou não. Sobre atuar no Boca Juniors fora das quatro linhas no futuro, o meia garantiu que ainda não havia pensado na hipótese de ser técnico.
Quanto à presidência do clube, o jogador fez uma pausa antes de responder à pergunta, que o fez mudar o semblante. O silêncio foi quebrado com um sorriso e uma polêmica resposta:
- Não me deixariam ser presidente do Boca. A verdade é que não sei o que fazer - disse em entrevista à Rádio Fox Sports logo após a coletiva.
Indiferença a Maradona
Quando Riquelme confirmou que não jogaria mais pelo clube, houve várias manifestações. A torcida se reuniu em volta do estádio La Bombonera para pedir a permanência do ídolo, em um episódio ficou conhecido como "Banderazo".
- Eu chorei quando vi. Posso dizer que foi meu momento mais importante no clube - destacou.
Outra manifestação importante foi a do ex-jogador Diego Maradona, que mostrou-se contrário à decisão, lamentando que o meia não tenha dado uma justificativa convincente.
- O que diz esse rapaz não me interessa - disparou Riquelme.
Há vida após o Boca
A rotina pós-Boca está indo de vento em popa. Riquelme divide o tempo entre familiares e o futebol com os amigos, com quem tem compartilhado momentos de descontração. Antes de tomar qualquer decisão quanto ao retorno aos gramados, o argentino pretende viajar com os filhos.
- Jogo de dois em dois dias. Jogamos futebol, fazemos um churrasco... não tenho posição fixa. Ali cada um joga um pouco em um lugar - relatou.
O Boca Juniors segue fazendo parte da vida do eterno camisa 10. Román diz que acompanha todos os jogos pela televisão, mas ainda não fez tanta questão de voltar à Bombonera mesmo como torcedor e com os pedidos dos filhos, que sempre insistiram em entrar em campo com o pai antes do adeus definitivo
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